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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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Descrição de chapéu Campeonato Brasileiro 2020

Dirigentes que se detestam são obstáculo para futebol brasileiro crescer

Discussões mesquinhas entre cartolas tiram a energia do debate mais amplo

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O livro “A Liga”, de Joshua Robinson e Jonathan Clegg, conta a história da formação da Premier League e a consequente transformação do Campeonato Inglês no maior torneio nacional do planeta. Virou o livro de cabeceira de muitos presidentes de clubes do Brasil, entre os quais Rodolfo Landim, do Flamengo.

“Desde 1992, as receitas combinadas da Premier League aumentaram 2.500%. Nada mal para um grupo de caras que, em sua maioria, se detestam.”

A informação está no prólogo de “A Liga”.

A parte dos dirigentes que se detestam serve para explicar por que o Campeonato Brasileiro patina há mais de três décadas e não sai do lugar na tentativa de aumentar sua relevância técnica e econômica.

As discussões mesquinhas tiram a energia do debate mais amplo.

A controvérsia da semana pareceu partir da expulsão de Gabigol, contra o Bahia. Mas, há mais de um mês, o Flamengo já levantava suspeitas sobre as razões de as escalas dos clássicos de São Paulo serem paulistas e de não haver juízes cariocas nos dérbis do Rio.

Na segunda-feira, 14 de dezembro, data da divulgação da escala da 26ª rodada, o Flamengo discutiu a presença de Flávio Rodrigues de Souza (SP) na arbitragem de campo e de Igor Junio Benevenuto (MG) no vídeo, contra o Bahia. Como se o fato de disputar o título com São Paulo e Atlético exigisse gente de outros estados.

Presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, sentado durante cerimônia de posse do ministro das comunicações de Bolsonaro, Fábio Faria, no Palácio do Planalto
Presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, durante cerimônia de posse do ministro das comunicações de Bolsonaro, Fábio Faria, no Palácio do Planalto - Pedro Ladeira - 17.jun.2020/Folhapress

Árbitro só tem de dois tipos: bom e ruim.

Há dois meses, repete-se a informação equivocada de que o São Paulo pressionou a CBF e conseguiu mudanças de árbitros de seus jogos.

Não é verdade.

O líder do Brasileiro pediu a saída de Rafael Traci da escala contra o Grêmio. A CBF rejeitou o pedido. Porém, tirou Rodolfo Toski Marques do VAR, na mesma partida, por um erro do sistema que permitiu sua escalação em dois jogos seguidos do mesmo clube.

Toski Marques tinha apitado Fortaleza x São Paulo pela Copa do Brasil, na quarta-feira, 14 de outubro. Foi retirado do VAR de São Paulo x Grêmio, pelo Brasileiro, em 17 de outubro.

Mudou pelo protocolo, não pela pressão.

Em teoria, o sistema deveria cruzar jogos de todas as competições, mas não juntou Copa do Brasil com o Brasileiro.

Ninguém dirá que a CBF é santa. Mas, neste caso, quis parecer honesta, como cabe à mulher de César. Foi acusada de ser banana.

Pode apostar que será publicado o escândalo de manipulação de resultados, assim que alguém o descobrir. Até lá, é de se julgar mesquinhas as desconfianças sobre os (inúmeros) erros de arbitragem.

Em 2019, o Flamengo ganhou o campeonato com todos os méritos, disputou diretamente com Palmeiras e Santos e teve nove árbitros paulistas escalados em seus 38 jogos (23%).

Neste ano, o São Paulo é líder e disputou seis de suas 26 partidas com arbitragem carioca (23%).

Em 2010, o Cruzeiro reclamou de perder o título por um pênalti marcado a favor do Corinthians. Em 2015, o Corinthians foi campeão e o técnico Levir Culpi, segundo colocado pelo Atlético-MG, disse que o campeonato estava manchado.

Há 33 anos, o Brasil esteve perto de criar sua liga. Cinco anos antes da ruptura inglesa permitir que a Premier League transformasse um torneio decadente no maior campeonato nacional do planeta, o Brasil fez a Copa União, que pretendia ser a transformação.

O fracasso foi muito mais político do que técnico, ou econômico, mas resultou numa das mais estúpidas brigas clubistas da história do futebol mundial. Quem foi campeão de 1987? Flamengo ou Sport? Tente responder sem criar ebulição no ambiente.

Faz 33 anos que o Brasil esbarra em caras que, em sua maioria, se detestam.

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