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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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Descrição de chapéu Campeonato Brasileiro 2020

Brasileiro pode ter muito mais do que só a imprevisibilidade da pandemia

Quando todo esse pesadelo terminar, será preciso trabalhar no que for possível aprimorar

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O Campeonato Brasileiro começou em agosto, com adiamento de Goiás x São Paulo, por dez casos positivos para Covid-19 no time goiano. O São Paulo viajou, entrou em campo, teve a partida cancelada e retornou para casa.

Na semana seguinte, um representante da CBF afirmou informalmente que a comissão médica imaginava que os casos durariam até a quinta ou sexta rodada. Nunca pararam.

Na manhã desta quarta-feira (24), Marinho, do Santos, teve teste positivo.

Só não é um milagre o Brasileiro ter chegado ao fim porque o futebol seguiu também na Europa. O Brasil não é uma bolha, nem o futebol. Tenta-se manter a atividade.

Vista geral do Maracanã com gramado e arquibancadas vazias
Maracanã sem público antes de Flamengo x Corinthians pelo Brasileiro - Sergio Moraes - 14.fev.21/Reuters

Nesta semana, o Borussia Mönchengladbach, da Alemanha, perdeu para o Manchester City, da Inglaterra, na Hungria. Exceção provocada pelos protocolos anticoronavírus.

O Brasileiro da pandemia foi também do equilíbrio e tornou a disputa ainda mais imprevisível do que é costume. Lembre-se de que o campeonato do Brasil não tem a qualidade da Premier League, da Bundesliga, ou da liga espanhola, mas aqui é mais difícil imaginar o campeão.

Ainda que a maioria dos analistas imaginasse o Flamengo favorito, assumiu a liderança na 37ª rodada apenas.

Não se previa o São Paulo brigando pela taça e mesmo o Internacional, forte desde o início, não foi visto como favorito pela maior parte dos analistas.

Muita gente cravou que a ausência de público faria o mando de campo não ter nenhuma importância. Não foi bem assim. Houve 28% de vitórias dos visitantes, 3% a mais do que no ano passado e o mesmo índice de 2017. Não mudou tanto assim.

Mas a ausência de público pode ter sido um dos fatores para que o Flamengo tivesse mais dificuldade do que fazia supor seu vasto investimento. É possível.

Mas não dá para ter certeza se o Flamengo demorou para deslanchar por causa da pandemia, da falta de torcida ou simplesmente porque perdeu seu mentor, Jorge Jesus.

Há questões que seguem sendo prioritárias para nossa histórica imprevisibilidade. Como a previsível troca de 28 técnicos por temporada.

Ou a novidade de oito treinadores estrangeiros terem trabalhado em times da Série A e apenas três terminado a campanha. Lembre-se de Jesualdo Ferreira, Sá Pinto, Ramón Díaz, Domènec Torrent... Desses, só Jesualdo chegou para o Estadual e caiu antes do início do Brasileiro. Os demais foram contratados e rifados durante o campeonato.

A nova temporada estadual começará neste final de semana e já se sabe que o Paulista terá três treinadores do exterior: Abel Ferreira, do Palmeiras, Hernán Crespo, do São Paulo, e Ariel Holan, do Santos.

Desde 1978, não havia três clubes paulistas dirigidos por estrangeiros. Naquele ano, Ramos Delgado foi técnico do Santos, Armando Renganeschi passou pelo Corinthians, e Filpo Nuñez, pelo Palmeiras.

Que diferença faz o técnico ter nascido em Portugal, Argentina ou Campina Grande se durará o tempo de três derrotas seguidas?

Imprevisível mesmo não foi o equilíbrio ou as trocas de treinador, mas a subida da média de gols: 2,49 por partida. O melhor índice desde 2011, quando houve 2,68 por jogo. Em 2019, antes da pandemia, o Brasil registrou a melhor média de público em 36 anos. Agora, o maior índice de gols em uma década. É preciso cuidar para que não sejam casos esporádicos.

Quando todo esse pesadelo da pandemia terminar, será preciso olhar para trás, ver o que funciona e trabalhar para dar vigor. Ao gol, ao público, ao que for possível aprimorar.

O Brasileiro pode ser muito melhor do que tem sido. Pode ter muito mais do que apenas a previsível imprevisibilidade do ano da pandemia.

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