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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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Veto da Premier League coloca Copa do Mundo em risco

Nas próximas datas Fifa haverá mais dirigentes recusando-se a ceder jogadores a seleções

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Dos 17 convocados para as Eliminatórias sul-americanas que atuam na Inglaterra, 5 foram liberados por seus clubes e 12 cumpriram as determinações de evitar viagens, para não terem de passar pela quarentena no retorno.

Os nove brasileiros chamados por Tite ficaram na Europa, pelo risco de ausência na estreia da Champions League, além da próxima rodada do Campeonato Inglês.

Também não foram cedidos o zagueiro chileno Sierralta, do Watford, o atacante venezuelano Rondón, do Everton, e o meia paraguaio Almirón, do Newcastle.

Richarlison está entre brasileiros que atuam em clubes da Premier League - Raul Martinez/AFP

Em síntese, dois times aceitaram desafiar o consenso da Premier League. O Tottenham liberou o colombiano Davinson Sánchez e os argentinos Romero e Lo Celso. O Aston Villa permitiu a viagem do goleiro Emiliano Martínez e do meia Buendía, para se juntarem a Lionel Messi, em Buenos Aires.

A cada recusa inglesa, um problema brasileiro. A Venezuela convocou Jan Hurtado, do Bragantino, para suprir a ausência de Rondón. Santa contradição, Batman!

As Eliminatórias da América do Sul terão estádios com público, como na final da Eurocopa, em Londres, evento que ajudou a disseminar a variante delta. Depois de desafiar o vírus, a Inglaterra desafia a Fifa.

A revolta de agosto amplia o debate sobre o número de partidas de seleções por temporada. Por outro lado, ameaça a existência dos times nacionais, que têm importância para espalhar popularidade do futebol por países onde o nível do jogo já não é equivalente ao da Europa

Cada dia mais a economia do futebol é dos clubes, mas há quem só se apaixone e se transforme em consumidor dos maiores times do planeta ao perceber mobilizações nos torneios de seleções. Filhos de famílias sem cultura esportiva também descobrem o esporte nos grandes eventos, como Olimpíadas e Copas do Mundo.

É tão claro que os clubes têm o direito de preservar os atletas, porque pagam seus salários, quanto o fato de a pandemia ter pouco a ver com as não liberações.

O Zenit mora em São Petersburgo, mal combateu o coronavírus, e mandou mensagens pedindo o retorno imediato de Claudinho e Malcom, que nem sequer viajaram para o Chile com a seleção de Tite.

A Fifa tem um estatuto, que prevê obrigatoriedade de liberação nas datas de seleções. O presidente Gianni Infantino clamou pela solidariedade, mas não esboçou multa ou suspensão. Significa que nas próximas datas Fifa haverá novos dirigentes recusando-se a ceder jogadores.

Ou seja, a Copa do Mundo está sob risco.

Para quem gosta do evento e aprendeu a amar futebol tendo o Mundial como um momento especial, já é difícil acreditar no equilíbrio do passado, num tempo em que o calendário da Europa inibe o intercâmbio. O Brasil passará todo o ciclo para a Copa do Qatar tendo enfrentado apenas um rival europeu, a República Tcheca, em 2019.

A última viagem da seleção para uma Copa, sem ter jogado nenhuma vez contra europeus, aconteceu em 1954. Não é acaso ter vencido pela primeira vez em 1958, depois de excursão ao velho continente dois anos antes.

Já não há intercâmbio nem equilíbrio. Desde o início da pandemia, os europeus mais fortes disputaram 21 partidas e o Brasil entrou em campo pela 14ª vez, na quinta-feira (2), contra o Chile, em Santiago.

As seleções são o único resquício de futebol de alto nível do lado de baixo do Equador. Ou essas seleções têm condições de se preparar ou será melhor assumir que os clubes são a única atração.

Neste caso, a Champions League será o equivalente do futebol à NBA no basquete e as Copas do Mundo se tornarão um retrato na parede, ou por não ser disputada ou por se tornar inexpressiva.

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