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Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

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Análise que vai além dos campeonatos estaduais

O futebol continua, com muita emoção, com partidas boas e ruins, com agressões, alegrias e tristezas

Fabio Carille posa para foto após conceder entrevista à Folha no Centro de Treinamento do Corinthians
Fabio Carille posa para foto após conceder entrevista à Folha no Centro de Treinamento do Corinthians - Karime Xavier - 15.mar.18/Folhapress
 
 

Independentemente das atuações das equipes e dos resultados dos estaduais, Palmeiras, Grêmio, Corinthians, Cruzeiro e Flamengo, não necessariamente nessa ordem, continuam sendo os melhores times e elencos do Brasil. Corinthians, Cruzeiro e Botafogo estavam em desvantagem, mas não foi surpresa conquistarem os títulos, já que a qualidade técnica nos confrontos era próxima.

Independentemente dos estaduais, Botafogo, Vasco, Fluminense e Inter terão enormes dificuldades no Brasileiro, se não se reforçarem, embora sempre possa haver surpresas. Santos, São Paulo e Atlético-MG podem evoluir durante a competição e fazer ótimas campanhas.

Independentemente dos estaduais, o Corinthians mostrou, novamente, uma grande capacidade defensiva, ao executar muito bem a marcação com duas linhas de quatro, usada durante décadas na Europa, desprezada pelo futebol brasileiro até 2008, quando começou a ser feita no Corinthians, com Mano Menezes e Tite. A diretoria do Corinthians deveria agradecer a Carille e presenteá-lo com um bom atacante. Vários times têm bons jovens treinadores, mas só o Corinthians tem Carille.

Independentemente dos estaduais, o Palmeiras possui o melhor elenco do país, mas o time titular é inferior ao do Grêmio e está no nível de outras equipes. O Palmeiras tem dinheiro para contratar bons jogadores, como Lucas Lima, mas não tem para contratar um Philippe Coutinho ou um Willian, o que faria a diferença. O Palmeiras é forte candidato a todos os títulos nacionais e sul-americanos, mas, em todos eles, corre muitos riscos de não ganhar. Quando perde, com prepotência, coloca a culpa no árbitro —claramente, não foi pênalti para o Palmeiras contra o Corinthians—, no técnico ou na falta de vibração dos jogadores.

Independentemente dos estaduais, o Cruzeiro mostrou, contra o Atlético-MG, sua força individual e coletiva, reforçada com Dedé e Edílson. O passe milimétrico de Robinho e a tacada perfeita de Thiago Neves foram belíssimos. Thiago Neves está, no mínimo, no mesmo nível de outros meias brasileiros convocados por Tite. Por outro lado, mesmo com um jogador a mais, o Cruzeiro, no segundo tempo, não conseguiu trocar passes e ficar com a bola. Se o Atlético-MG estivesse com 11, poderia pressionar e criar chances de gol.

Independentemente dos estaduais, o Atlético-MG precisa de reforços. O jovem e bom técnico Thiago Larghi deveria explicar por que tirou, no meio do segundo tempo, Ricardo Oliveira, para colocar um atacante inexpressivo. A diretoria confirmou a manutenção do técnico como interino. Parece uma jogada comercial, pois o interino, geralmente, ganha menos que um jovem treinador efetivado.

Independentemente dos estaduais, o Grêmio é o melhor time brasileiro porque tem um ótimo técnico e, principalmente, por ter quatro jogadores cotados para o Mundial (Marcelo Grohe, Geromel, Arthur e Luan), embora não será surpresa se nenhum dos quatro for convocado. Tenho a óbvia convicção de que, com algumas exceções, os melhores times, os que ganham campeonatos, são os que possuem os melhores jogadores.

Como, no futebol e na sociedade do espetáculo, existe a necessidade de se iludir e de construir heróis, profissionais competentes são transformados em gênios, mitos, consumidos e descartados. É a banalização dos heróis. Pior, muitos, até os medíocres, acreditam nisso.

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