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Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

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Torcedor deve ter esperança e saber que técnicos precisam de bons elencos

Nem sempre existe relação direta entre boas administrações e conquistas importantes

Flamengo foi vice em 2018
Flamengo foi vice em 2018 - Ricardo Moraes/Reuters

No futebol, nem sempre existe relação direta entre boas administrações financeiras e conquistas importantes, ainda mais quando costuma haver outros fortes candidatos ao título. Apenas um clube vence o campeonato.

Mesmo assim, penso que, a médio prazo, os clubes brasileiros bem administrados terão nítida superioridade sobre os demais que, geralmente, são desorganizados e gastam mais do que podem. Esses times correm o risco de se tornar, com o tempo, saudosas lembranças.

A tendência é que o Flamengo, com a nova diretoria —ou mesmo se continuasse a anterior—, seja um time vencedor, desde que os novos dirigentes não destruam a boa situação atual do clube. Segundo vários comentaristas competentes, tem faltado ao Flamengo um eficiente comando do futebol, técnicos mais experientes e jogadores com mais ambição e comprometimento com a vitória.

Por causa disso, o novo presidente contratou Abel Braga, um bom e rodado treinador, e tentou trazer, equivocadamente, Felipe Melo, para ser o líder raivoso, que faria os jogadores terem mais garra. 
Triste do futebol, que precisa de um pitbull violento e que, às vezes, prejudica o time com expulsões.

Além disso, Felipe Melo é um bom volante, que joga na mesma posição de Cuellar, destaque do Flamengo. O time tem atuado apenas com um volante e um meio-campista de cada lado, em vez de dois volantes e um meia de ligação. Abel vai manter a atual formação tática?

O centroavante Pablo, pretendido pelo Flamengo, deve ir para o São Paulo

O Athletico perde um bom jogador, mas mantém a seriedade profissional de crescer aos poucos e sempre, sem perder a razão e sem arruinar as finanças.

Outra contratação polêmica e caríssima é a do técnico Sampaoli pelo Santos. 

Os dirigentes acham que ele, rapidamente e com um elenco modesto, vai formar um grande time. Na avaliação de Sampaoli, o mais lógico é dizer que ele foi brilhante na Universidad de Chile e na seleção chilena, que foi bem no Sevilla e que, no Mundial, não teve tempo para trabalhar, além de ser vítima de uma seleção bagunçada.

Por outro lado, mesmo com ótimos atenuantes, houve, em todo o mundo, uma enorme decepção com o treinador na Copa, por seus graves erros técnicos e táticos e pelo comportamento confuso, agressivo, descontrolado. 

Além disso, como existe muito preconceito no futebol, muitos criticaram as tatuagens nos braços de Sampaoli, que são homenagens a roqueiros argentinos.

O Corinthians contratou bons reforços, especialmente o técnico Carille e o armador Ramiro, ex-Grêmio, mas não é suficiente. 

O time brilhou e ganhou o Brasileiro de 2017 porque teve um técnico eficiente (Carille) e porque tinha muitos bons jogadores, como Balbuena, Pablo, Arana, Maycon, Rodriguinho e Jô.

Os torcedores, de todos os clubes, deveriam se iludir, no sentido de ter esperança, de acreditar no time, mesmo com problemas individuais, e, ao mesmo tempo, se desiludir, saber que nenhum bom treinador, seja Carille, Abel, Sampaoli ou qualquer outro, vai formar um ótimo time sem ter um ótimo elenco, ainda mais em um campeonato por pontos corridos.

As análises de que um técnico, em uma ação genial, dá um nó no adversário e ganha a partida são, com raras exceções, construções literárias, devaneios, exageros, às vezes, bem-vindos, de exaltados comentaristas e colunistas.

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