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Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

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Pandemia gerou uma invasão de garotos bons de bola no Brasil e na Europa

Dirigentes e treinadores descobriram o óbvio: escalar os meninos é melhor tecnicamente e mais rentável

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Com o aumento das medidas restritivas em todo o país, o que é necessário, todos os campeonatos de futebol precisam também parar.

Existe, no Brasil e em todo o mundo, uma invasão dos garotos bons de bola. A razão principal é a pandemia, que agravou as finanças dos clubes. Os dirigentes e os treinadores descobriram também o óbvio, escalar os garotos, pois é melhor tecnicamente e mais rentável do que gastar fortunas com atletas medianos.

Os garotos atuais amadurecem e aprendem mais rápido com o desenvolvimento científico, pois têm acesso, precocemente, a todos os recursos tecnológicos, tanto na parte física, técnica ou mental. Deduzo que acontece o mesmo em todas as outras atuais atividades humanas.

Danilo e Gabriel Menino celebram a conquista da Copa do Brasil com o Palmeiras
Danilo e Gabriel Menino celebram a conquista da Copa do Brasil com o Palmeiras - Carla Carniel - 7.mar.2021/Reuters

Isso tem ocorrido em muitos clubes, especialmente no Palmeiras, no Santos, no Grêmio e no Flamengo. Os clubes que não têm essa formação ficam para trás. Se o Cruzeiro tivesse formado vários excelentes jogadores, provavelmente não teria sido rebaixado para a Série B, além de poder negociar alguns deles por grandes quantias. As condições financeiras estariam melhores, mesmo considerando a roubalheira que houve com a diretoria anterior.

Na Europa, tem surgido também muitos excelentes jovens, destaques nas principais equipes, formados no clube ou contratados de outros países. Brilham em times europeus muito superiores aos brasileiros. Portugal, com tantos jovens se destacando, poderá ter uma grande seleção no Mundial de 2022, ainda mais se Cristiano Ronaldo estiver em forma.

O Brasil continua formando um número enorme de bons e ótimos jogadores. É o país que tem mais atletas na Liga dos Campeões da Europa. Por outro lado, com exceção de Neymar, não há, do meio para frente, outro jogador que esteja na lista dos melhores do mundo em suas posições e funções.

O Brasil tem bons e ótimos centroavantes, como Firmino, Richarlison, Gabriel Jesus, Gabigol e outros, mas não possui um centroavante no nível de Harry Kane, de Lewandowski, de Benzema e de Suárez, além da jovem sensação europeia, o norueguês Haaland, do Borussia. Não há também no Brasil um meio-campista para atuar próximo a Casemiro, com a qualidade de um De Bruyne, de um Kimmich, de um Kroos ou de outros. Essa carência é a principal razão de o Brasil ter sido eliminado nas últimas Copas, ainda mais que Neymar se contundiu durante o Mundial de 2014 e não estava em boas condições físicas em 2018.

Os garotos bons de bola precisam de mais ajuda, dentro e fora de campo, para evoluírem e se tornarem melhores jogadores e cidadãos, sem a preocupação de rotulá-los rapidamente de craques ou de defensores da humanidade. Os grandes talentos, em todas as áreas, são especiais, com poucas exceções, pelo que fazem em suas atividades. São pessoas comuns, com defeitos e virtudes.

Os atletas contestadores, que se posicionam contra os preconceitos e contra as mazelas da sociedade, são bem-vindos e merecem os aplausos, desde que suas posturas sejam espontâneas e verdadeiras e não frutos de condutas de marketing, como às vezes ocorre.

Não ficarei surpreso se o irresponsável Gabigol, flagrado em lugares de aglomeração e contravenção, faça, brevemente, um gesto marcante e um discurso bonito contra os preconceitos e as injustiças. Será bastante elogiado e rotulado de revolucionário, de contestador. Isso sempre existiu com muitos famosos. De vilões passam a heróis.

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