Escrevo esta coluna sobre as seleções brasileira e argentina antes da conclusão da final de sábado (10) à noite, da Copa América. Não vou fazer previsões. Longe disso. É um risco, um perigo, pois a história da partida pode ter sido surpreendente, com improváveis heróis e vilões.
Porém, seja qual tenha sido o resultado e as atuações das duas equipes, os conceitos não mudam, com raras exceções, por causa de um jogo. Se o Brasil tiver perdido, continuará sendo um pouco melhor que a Argentina, pois, fora as comparações entre Messi e Neymar, que vivem momentos espetaculares, o time brasileiro tem mais virtudes individuais, com jogadores mais prontos. Mas a diferença não é grande. Não seria surpresa uma vitória da Argentina.
Se os dois times trocassem de zagueiros, a Argentina passaria a ser um pouco melhor. Isso não significa que os zagueiros da Argentina são fracos. Os do Brasil é que são excepcionais.
Independentemente do que tenha ocorrido no sábado, Messi continuará sendo o melhor jogador do mundo de todos os tempos, depois de Pelé. Por outro lado, se o Brasil tiver perdido e Neymar atuado mal, ele continuará sendo um dos melhores da história do futebol brasileiro.
Messi, normalmente, teria muito mais dificuldades contra a marcação de Casemiro, Fred, Thiago Silva e Marquinhos do que Neymar contra o sistema defensivo da Argentina.
A maioria dos torcedores, como eu, deseja a vitória do Brasil. Se a Argentina tiver sido campeã, não ficaremos tristes, já que o principal objetivo do Brasil é o Mundial,e todos os brasileiros têm grande admiração por Messi, pelo talento e seriedade profissional, além de merecer muito um título pela seleção.
Pulo para a Eurocopa. Fica mais fácil escrever, já que a final entre Itália e Inglaterra ainda não aconteceu. Seja qual for o resultado e as atuações das seleções, a França, eliminada nos pênaltis pela Suíça, continuará sendo a mais forte da Europa. A Inglaterra leva vantagem de decidir em casa, com torcida.
Nem eu nem o comentarista de arbitragem do Sportv marcaríamos o pênalti que deu a vitória da Inglaterra sobre a Dinamarca. Na Inglaterra e em todo o mundo, foi um lance de dúvida, de interpretação, e os árbitros costumam, em uma fração de segundo, sem racionalizar e sem querer ajudar uma equipe, decidir a favor dos times grandes e que jogam em casa, com torcida.
A Inglaterra se destaca mais pelo equilíbrio entre a defesa e o ataque, entre a ousadia e a prudência, além de ter um bom conjunto e alguns ótimos jogadores. O mais decisivo tem sido Sterling, mas o craque da equipe é Harry Kane, excepcional centroavante, que finaliza muito bem, além de se movimentar muito e de ser extremamente lúcido e inteligente. Não digam que ele é um falso 9. Ele é um 9 completo.
A Itália, contra a Espanha, me surpreendeu ao jogar mais recuada e no contra-ataque, como no passado. Nos últimos anos, a equipe mudou, passou a pressionar, a ter mais o domínio da bola e a chegar à frente com vários atacantes. Penso que jogou dessa forma porque a Espanha tomou a iniciativa, pressionou e não deu chance à Itália de ser mais ousada.
Apesar da catástrofe da saúde, da presença de um presidente negacionista e despreparado para o cargo, dos graves problemas econômicos e sociais, da radicalização e da diminuição do combate à corrupção, a vida continua, com bom futebol, na América do Sul e na Europa, além da esperança de que o amanhã será melhor.
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