Tostão

Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

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Tostão

Resolvi um dia ser Di Stéfano, mas desisti e contentei-me em ser apenas Tostão

Tentei me tornar um meio-campista que joga de uma área à outra, como grandes meias da atualidade

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Quando o Cruzeiro, nos anos 1960, estava no auge, meu pai me disse que o melhor jogador do mundo de todos os tempos era Pelé, mas que Di Stéfano era o único que brilhava de uma área à outra. Pelé era ponta de lança. Jogava da intermediária para o gol.

Eu era um meia de ligação. Na época, era um meia ofensivo de ligação, que atuava somente no campo do adversário. Resolvi jogar como Di Stéfano. Vinha receber a bola no campo do Cruzeiro, trocava passes e avançava. Quando chegava próximo à área adversária, estava morto e errava os lances. Desisti de ser Di Stéfano e contentei-me em ser apenas Tostão.

Di Stéfano conquistou cinco Ligas dos Campeões da Europa pelo Real Madrid
Di Stéfano conquistou cinco Ligas dos Campeões da Europa pelo Real Madrid - 12.jun.1956/AFP

O tempo passa. Hoje, os jogadores são mais bem treinados fisicamente, e muitos costumam atuar em grandes espaços, pelas laterais e pelo meio, evidentemente, com talentos diferentes. Há meio-campistas que brilham de uma área à outra, como Pogba, De Bruyne (Guardiola o tem escalado mais à frente), Kimmich, Modric, De Paul e outros. Há também no Brasil bons jogadores com essas características, como Diego, do Flamengo, Edenílson, do Inter, e Renato Augusto, que retornou ao Corinthians.

Renato Augusto, no Corinthians de 2015 e na seleção, nas Eliminatórias para a Copa de 2018, se destacava pela técnica, pela leveza com que transitava de um lado a outro no meio-campo e, principalmente, pela lucidez individual e coletiva. Jogava e via o jogo, por dentro e por fora. Antes do Mundial, contundiu-se e jogou pouco na Copa. Fez falta.

Na Rússia, Tite escalou Coutinho para fazer a função de Renato Augusto. Coutinho não tinha força física nem mobilidade para defender e atacar. Não fez bem uma coisa nem outra. Ele, que está contundido, é um ótimo meia-atacante, que faz falta à seleção, pois é superior a Paquetá, Éverton Ribeiro, Raphinha e Claudinho, que foram convocados.

Não sei quais são as condições atuais, físicas e técnicas, de Renato Augusto, mas ele e Giuliano podem melhorar a qualidade do Corinthians.

Renato Augusto anotou um gol em sua reestreia pelo Corinthians, diante do Ceará
Renato Augusto anotou um gol em sua reestreia pelo Corinthians, diante do Ceará - Rubens Cavallari - 15.ago.2021/Folhapress

Na derrota para o São Paulo, vi o Grêmio jogar com dois volantes apenas marcadores, em linha, recuados, com um imenso campo à frente para apenas um armador, Jean Pyerre. Ele, com sua técnica e passadas largas, teria boas chances de se adaptar a uma função diferente, a de jogar de uma intermediária à outra. Chegaria de frente ao ataque, e não de costas para o gol, com o volante colado a ele.

Enquanto o mundo e o futebol evoluem e os técnicos europeus procuram, obsessivamente, formar meio-campistas que atuam bem de uma área à outra, a maioria das equipes brasileiras continua refém dos dois volantes em linha e do meia de ligação, único responsável pela armação das jogadas.

Há exceções, como Flamengo e Atlético-MG, comandados por dois técnicos experientes, próximos de se tornarem sessentões. São inventivos e racionais, sonhadores e práticos. Talento é tornar simples o que é complexo. Não é o contrário.

A idade não é fator determinante para se avaliar um profissional, de qualquer área, se são antiquados ou atualizados.

Galo forte

Hoje, o Atlético-MG terá um jogo dificílimo, ainda mais sem Nacho, contra o River Plate, no Mineirão, pela Libertadores, com público de quase 18 mil pessoas. Penso que não seria o momento. O time, que cresceu muito com a chegada de Hulk e Nacho Fernández, ficou ainda mais forte, com os retornos de Keno e de Arana, excepcional nos cruzamentos fortes e de curva. Esses lances são importantes e decisivos. Diego Costa será mais uma boa opção para o ataque.

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