Mesmo considerando que é início de temporada, que os treinadores aproveitam os estaduais para fazer experiências e que os novos contratados necessitam de tempo para se adaptar aos novos times e clubes, não espero que o São Paulo forme uma equipe, com os jogadores que chegaram, muito superior à do ano passado.

Os contratados são bons, mas nem tanto. A excessiva expetativa é muito maior do que a realidade. Nenhum é excepcional. No Brasil, é quase sempre assim, cria-se um oba-oba faraônico por muito pouco, por qualquer bom momento, por um lance bonito, por um gol. A ilusão acaba, às vezes rapidamente, e os que exaltaram passam a exigir atuações deturpadas, não de acordo com o real.

Gosto muito de Nikão, mas receio que aconteça com ele o mesmo que ocorreu com Pablo. Os dois brilharam no Athletico, um clube surpreendente, dentro e fora de campo. Patrick, ex-Inter, alternava bons e maus momentos. Destaca-se mais pela força física e agressividade pela esquerda, não como armador, como jogou contra o Ituano.

Alisson sempre foi um coadjuvante no Cruzeiro e no Grêmio. Com frequência, entrava e saía do time. Bastou o novo goleiro Jandrei pegar um pênalti para os apressados pedirem sua titularidade. Volpi é um bom goleiro, do mesmo nível de Jandrei. O São Paulo não contratou um reforço para o gol, um Weverton.

Repito, o São Paulo fez boas contratações, mas não trouxe nenhum jogador especial, diferentemente do Corinthians, que, com os novos atletas, melhorou muito a qualidade técnica, como já demonstrou no fim do ano passado. Porém falta um ótimo centroavante. Falta trocar passes com mais velocidade e intensidade de uma intermediária à outra, falta pressão para recuperar a bola e falta mais movimentação dos três jogadores de frente.

Nesta quarta (2), o Corinthians, em casa, enfrenta o Santos, um time modesto, mas com uma expectativa próxima da realidade, mesmo com a contratação de Ricardo Goulart, um bom reforço. Na Vila Belmiro, o Santos quase sempre cresce, porque os fantasmas dos craques do passado renascem no gramado para inspirar o time na busca pelas vitórias.

Na partida contra o Botafogo de Ribeirão Preto, o comentarista Richarlyson, do SporTV, chamou a atenção, mais de uma vez, para o fato de que o meio-campo do Santos avançava e que os zagueiros continuavam encostados à grande área, deixando enormes espaços entre os setores para os contra-ataques do outro time. Essa é uma dificuldade frequente de quase todas as equipes brasileiras.

Os defensores não precisam marcar na linha de meio-campo, como fazem, com sucesso, grandes equipes europeias, treinadas para isso, mas poderiam se posicionar em uma zona intermediária, entre a área e o centro do gramado. Com isso, evitariam grandes espaços nas costas dos zagueiros e entre eles e o meio-campo. Para isso, é necessário também ter defensores e goleiros atentos e rápidos, para chegar às bolas lançadas antes dos adversários.

Todos precisamos, em todas as atividades, aprender, evoluir e modernizar. Porém, na atual sociedade polarizada, incluindo o mundo do futebol, aumenta, cada vez mais, o número de pessoas incapazes de enxergar, de entender, de aceitar o que é diferente. A diversidade é fundamental no futebol e na vida. Pior ainda são os que deturpam os fatos para que suas preferências sejam atendidas. Existe uma ditadura, uma imposição de ideias, que aniquila o pensamento.