Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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China fica com 37% das exportações do agro e diversifica importações

Soja se mantém líder disparada, mas milho entra na lista e café dobra as vendas

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A China aumentou a participação nas exportações brasileiras de produtos relacionados à agropecuária no primeiro semestre deste ano. Dos US$ 83 bilhões de receitas arrecadadas pelos brasileiros, 37% vieram dos chineses. No mesmo período do passado, haviam sido 35,5%.

Uma das novidades nesse aumento é que está havendo uma diversificação de importações, embora em proporções muito pequenas em relação à líder soja.

A China abriu as portas para o milho do Brasil e, no primeiro semestre deste ano, adquiriu 1,34 milhão de toneladas, no valor de US$ 374 milhões. No primeiro semestre de 2022, o país asiático ainda não efetuava compras do produto brasileiro

Vista aérea do porto Lianyungang, no leste da China - AFP

Os chineses aumentaram também as importações de amendoim e de óleo de amendoim e dobraram as compras de café verde, segundo os dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior). A China levou 19,3 mil toneladas de café não torrado do Brasil de janeiro a junho deste ano.

No caso do óleo de soja, embora os chineses tenham a preferência pela importação da soja em grão, as compras do país asiático subiram para 133 mil toneladas no semestre, 57% a mais.

O destaque continua sendo as compras de soja em grão, que aumentaram para 43,5 milhões de toneladas no ano. A queda dos preços da oleaginosa no mercado internacional abriu ainda mais o apetite dos chineses.

Com as compras deste ano, deixaram US$ 23,1 bilhões no Brasil, apenas com soja em grão. No ano passado, o valor havia sido de US$ 20,3 bilhões no mesmo período. O Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) prevê que os chineses deverão importar próximo de 100 milhões de toneladas do produto na safra 2022/23, um volume que deverá se repetir na seguinte.

A soja passa a cooperar cada vez mais pelo avanço da balança comercial do agronegócio. Neste ano, a Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais) estima que as receitas com o complexo soja (grãos, farelo e óleo) possam atingir US$ 67 bilhões.

Esse volume de divisas ocorre devido às exportações recordes de 94 milhões de toneladas de grãos e de 21 milhões de toneladas de farelo de soja, conforme estimativas da associação.

O Brasil tem a seu favor neste ano a safra recorde de 156 milhões de toneladas que obteve. Estados Unidos e Argentina, concorrentes diretos, amargaram quebra de safra. Em 2023/24, os argentinos poderão voltar à produção normal de 48 milhões de toneladas —neste ano foram apenas 25 milhões—, enquanto os norte-americanos deverão permanecer no mesmo patamar.

A China aumentou também as compras de carnes do Brasil, principalmente as de frango e suína. Com a queda nos preços médios internacionais, as despesas chinesas neste ano recuaram para US$ 4,1 bilhões com proteínas animal, abaixo dos US$ 4,7 bilhões do ano passado.

Os gastos chineses no Brasil cresceram mais com as compras de alimentos do que com as de outros produtos relacionados ao agronegócio, como madeira. No caso dos alimentos, a evolução foi de 9% no primeiro semestre, bem cima dos 4% dos demais produtos do setor.

Considerando os principais blocos econômicos de relacionamento comercial com o Brasil, os asiáticos elevaram as compras de alimentos, mas diminuíram as de produtos relacionados à agropecuária. O mesmo ocorreu com a América do Norte, outro importante parceiro comercial do Brasil.

Já os europeus reduziram tanto as importações de alimentos como as de outros produtos do agronegócio.

No setor de alimentos, os países da América do Sul elevaram as compras, com os gastos subindo para US$ 4,7 bilhões. Já os africanos mantiveram as importações estáveis em US$ 4,3 bilhões no período.

O algodão é uma das principais reduções brasileiras de vendas para a China neste ano. As exportações caíram para 48 mil toneladas, o menor volume em cinco anos. Com isso, a China ocupou apenas o quarto lugar no ranking das importações da fibra brasileira. Em 2021, ocupava o topo da lista, e, em 2022, a segunda posição.

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