Maior fenômeno da literatura brasileira dos últimos anos, o romance "Torto Arado", de Itamar Vieira Junior, está sendo adaptado para as telas —não como filme, mas uma série de múltiplas temporadas no serviço de streaming HBO Max.
Quem está por trás do projeto é o cineasta Heitor Dhalia, de "O Cheiro do Ralo", que idealizou a empreitada e detém os direitos de adaptação do livro, lido por ele com fervor na virada de 2019 para 2020.
A decisão de transformar um romance que não é particularmente extenso —bate em 264 páginas— em uma série de longo formato é explicada por Dhalia em dois pontos.
Primeiro, vivemos na "era de ouro" das séries. "É o formato contemporâneo, o que o espectador atual está querendo consumir", diz ele. Segundo, é um romance "de muita densidade". "O Itamar não constrói só uma narrativa, mas um universo. A história se passa em cem anos, e cada frase tem o poder de abrir uma verticalidade de novas proposições."
A expansão desse universo está a cargo de uma equipe de cinco roteiristas, todas mulheres negras, entre elas Luh Maza, Maria Shu e Viviane Ferreira.
Dhalia estima que a trama renderá três temporadas —afinal, a história de Bibiana e Belonísia é cortada em três atos—, mas não dá para cravar nada num estágio tão inicial de desenvolvimento. As filmagens começam só em 2023, ainda sem previsão de estreia.
Vale dizer que a série faz parte de um esforço massivo da HBO Max de investir em conteúdo brasileiro, que começou a dar frutos no ano passado e deve gerar 40 produções até 2023. Nada mais justo nesse investimento, então, que favorecer o que há de melhor na literatura brasileira.
"Enquanto estávamos fechando o contrato, o tamanho de ‘Torto Arado’ mudou", comenta Dhalia. "Conquistou corações e mentes de uma geração. E, de repente, aquela nossa adaptação virou uma grande responsabilidade."
ALIÁS a editora Todavia, dona de "Torto Arado", vai publicar mais um livro de Djaimilia Pereira de Almeida após a recente reedição de "Esse Cabelo". Será uma reunião de artigos, crônicas e ensaios escritos nos últimos anos sobre temas como raça, literatura e história.
VERDADE... Está para sair pela curitibana Arte e Letra o livro "A Vida Curta de um Fato", que conta o fascinante processo de "making of" de uma reportagem sobre um suicida que foi recusada pela revista americana Harper’s por imprecisões jornalísticas e, durante sete anos, foi alvo de embates entre seu autor e um checador.
...E CONSEQUÊNCIA A semente da publicação brasileira da obra está num artigo publicado em 2019 na Ilustríssima por Irinêo Baptista Netto, que foi convidado pela editora a fazer a primeira tradução do livro. Segundo ele, a obra permite acompanhar "uma disputa que, ao falar sobre os limites de um texto literário baseado em fatos, analisa também a relação que escritores e leitores têm com a literatura".
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