Chefs criam bolos que têm andar secreto e reprodução de renda de vestido de noiva

Confeiteira já recorreu a alpinistas para pendurar no teto peça em formato de lustre

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Belo Horizonte

Atração principal de festas de casamento e aniversários, os bolos estão ganhando versões luxuosas que, para além do sabor, querem surpreender.

A chef confeiteira Beca Milano, jurada e apresentadora de programas de televisão, conta que seu maior desafio foi fazer o seu próprio bolo de casamento.

Beca Milano é uma mulher branca e loira, usa um vestido preto e aparece na imagem ao lado de um bolo de casamento branco
A chef confeiteira Beca Milano, que faz bolos de luxo e também é jurada e apresentadora de programas de confeitaria na televisão - Gabriel Cardoso/ SBT

O noivo queria ser surpreendido. A confeiteira fez um bolo de oito andares, com pinturas feitas a mão de lugares importantes na história do casal e, também, um retrato dos dois.

"A nossa imagem estava em um andar oculto. Quando nos aproximamos do bolo, ele se levantou com um mecanismo interno. Essa foi a grande surpresa. No meio de tantos retratos, não poderia faltar o nosso", lembra Beca.

O bolo também tinha um mecanismo interno que guardava brigadeiros de cappuccino, representando o interesse do noivo por café e da noiva por doces. Na decoração, foram feitos arabescos em forma de brigadeiros e xícaras.

Os sabores do bolo também foram escolhidos de acordo com o gosto do noivo, segundo a chef. A massa foi de chocolate com amêndoas e o recheio era de brigadeiro com morango.

Outro trabalho feito por ela foi o bolo em comemoração aos 30 anos do Shopping Pátio Paulista, em São Paulo. O doce reproduzia de forma realista a fachada do local e tinha cerca de 4 metros de comprimento, 2 metros de largura e 1,70 metro de altura.

O bolo, que tinha massa de chocolate e recheio de ganache de chocolate ao leite e doce de leite trufado, foi repartido na celebração realizada no local.

Ana Elisa Salinas, que trabalha há 26 anos na área, fez um bolo de casamento em formato de lustre. Com cinco andares, ficou pendurado no teto e só foi abaixado na hora de ser cortado.

"Era um bolo pesado. Ficou suspenso de cabeça para baixo, para dar aquela sensação do lustre afinando de cima para baixo. Esse foi sem dúvida nenhuma o trabalho mais desafiador de todos", diz ela.

Ana Elisa usou os conhecimentos adquiridos em sua formação original na área de desenho industrial. Ela também teve ajuda de uma equipe, que contou até com alpinistas, para planejar a estrutura de cabos e roldanas que manteve a peça no teto.

A confeiteira também é conhecida por criações realistas. Entre outras coisas, Ana já reproduziu câmeras fotográficas, sapatos e sandálias. Já fez uma réplica da famosa Catedral de São Basílio, na Rússia.

Chef de cozinha há quase 30 anos e confeiteira há mais de 20, Carole Crema diz que um dos bolos mais desafiadores que já fez tinha dez andares, todos comestíveis.

"Tive que levar todo desmontado e juntar as partes na festa. Usamos uma escada para conseguir montar a parte de cima", diz.

Outro trabalho feito pela chef envolvia ingredientes como pipoca e algodão-doce. Para manter a qualidade dos componentes, eles foram preparados no momento da montagem, no local da festa, quase na hora do parabéns.

Nelson Pantano, proprietário da confeitaria The King Cake, fez seu primeiro curso de bolos aos 11 anos, em Fernandópolis (SP), mas só foi se profissionalizar quase dez anos depois, quando já morava em São Paulo e trabalhou como assistente de outra confeiteira.

Para ele, uma maneira de se destacar no cenário é utilizar técnicas dominadas por poucas pessoas. Ele conta que ganhou fama na confeitaria por dominar a produção de flores de açúcar.

Nelson diz que já fez um bolo de três metros de altura, decorado inteiramente com elas. "Levou quase quatro meses para ser executado", diz ele.

Segundo o confeiteiro, as massas feitas de açúcar podem durar até dois anos. Isso possibilita que a decoração seja planejada e feita com antecedência.

A confeiteira Isabella Suplicy é conhecida por fazer bolos para famosos. Entre seus clientes estão as atrizes Marina Ruy Barbosa, Claudia Raia e Maria Fernanda Cândido e os apresentadores Faustão, Adriane Galisteu e Xuxa.

Ela começou a atuar na área aos 23 anos, após estudar confeitaria nos Estados Unidos. Hoje, sua especialidade são bolos de casamento, mas ela também faz encomendas para aniversários e batizados.

Segundo Isabella, bolos que replicam a renda utilizada nos vestidos das noivas costumam ter bastante destaque. Ela diz que essa técnica exige precisão nos detalhes e demanda muito trabalho manual.

Para ela, todos os trabalhos são desafiadores. "Quem me inspira são realmente as noivas ou as aniversariantes. Então é sempre um desafio, porque são os sonhos das pessoas. Eu amo quando cai no colo um pedido que você não está imaginando e se surpreende."

Esse tipo de bolo também chama a atenção pelo preço.

O chef Salvador Latieri, que é coordenador da equipe de pâtisserie do Instituto Le Condon Bleu, em São Paulo, afirma já ter visto exemplares com cerca de dez quilos sendo vendidos a mais de R$ 40 mil. Para ele, um bolo de luxo se destaca pela complexidade de sua produção e pelo profissional que o faz.

"O profissional precisa ter conhecimento das técnicas, uma boa trajetória e um bom portfólio", afirma o chef argentino, que tem mais de 30 anos de experiência em confeitaria e panificação.

Segundo ele, o uso de ingredientes especiais também encarece os bolos. Alguns exemplos são a fava de baunilha natural, que custa mais de R$ 5.000 o quilo, e as folhas de ouro comestíveis.

Carole não considera seus produtos como os mais caros do mercado, mas disse já ter visto produções sendo vendidas por outros confeiteiros por mais de R$ 8.000.

Já Ana Elisa afirma já ter vendido um bolo para a festa de uma celebridade por R$ 15 mil. Ele tinha dez andares e foi todo decorado à mão, com um bico de confeitar.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.