Polícia Federal indicia ex-chefe da Polícia Civil do Rio
O ex-chefe da Polícia Civil do Rio, Allan Turnowski, foi indiciado pela Polícia Federal na noite desta quinta-feira sob suspeita de violação de sigilo funcional. Ele nega.
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De acordo com o artigo 325 do Código Penal, o crime consiste em "revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e que deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelação".
A PF acusa Turnowski de vazar informações sobre operações policiais em andamento. Turnowski prestou depoimento por três horas hoje. Na saída, ele negou as acusações.
"Sou inocente, não recebi propina nem vazei informação. Não sabia da operação [Guilhotina]", afirmou o ex-chefe.
De acordo com Turnowski, no meio do depoimento, ele ligou para o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, e perguntou se ele havia sido informado sobre a Operação Guilhotina --que prendeu 38 pessoas, incluindo 30 policiais, na última sexta (11).
Turnowski afirmou que Beltrame respondeu que ele não havia sido informado sobre a ação da Polícia Federal. "Como eu ia vazar o que não sabia?", disse.
Em nota, a Secretaria de Estado de Segurança informou que Beltrame ligou para Turnowski ao ser informado pela Polícia Federal que policiais civis estavam extorquindo um traficante durante a operação de ocupação do complexo do Alemão.
"Como autoridade máxima da segurança do Estado, cobrou a Allan providências. Em nenhum momento, o secretário Beltrame mencionou a Operação Guilhotina", diz a nota.
A polícia considerou que o ex-chefe da Polícia Civil causou dano à administração pública. Nesses casos, de acordo com a lei, a pena varia de dois a seis anos de reclusão, mais pagamento de multa a ser definida pela Justiça.
Em depoimento prestado na segunda-feira (14) à Corregedoria da Polícia Civil, o delegado Cláudio Ferraz, titular da Draco (Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas), acusou Turnowski de ter tentado inúmeras vezes afastá-lo da função e de esvaziar investigações sobre o envolvimento de policiais com milícias.
Na quarta-feira (16) pela manhã, em entrevista à rádio Bandnews, o delegado negou ter alertado o inspetor a respeito da operação.
Em seu depoimento à corregedoria, o delegado Claudio Ferraz disse que começou a sofrer perseguições após o lançamento do livro "Elite da Tropa 2" no fim do ano passado --Ferraz é um dos autores do livro.
"Algumas histórias contadas na obra em tom de ficção deram origem, na vida real, ao desencadeamento da Operação Guilhotina", disse o delegado. Segundo ele, após a publicação começaram "ondas de boatarias" de que ele estaria envolvido com corrupção.
Vanor Correia/Divulgação | ||
Allan Turnowski, deixou o cargo na terça-feira (15), após operação que prendeu policiais |
CRISE
A saída de Turnowski foi definida na terça-feira (15) em reunião com o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, após quatro dias de crise na instituição. Segundo nota emitida pela secretaria, os dois concluíram que a saída de Turnowski era a mais adequada para "preservar o bom funcionamento das instituições".
A posição de Turnowski à frente da Polícia Civil ficou desgastada após a operação Guilhotina, desencadeada pela PF (Polícia Federal), e que prendeu dezenas de policiais ligados a traficantes e milícias. O principal preso na operação, o delegado Carlos Oliveira, foi, até agosto do ano passado, subchefe de Polícia Civil. Há anos, é apontado como braço-direito de Turnowski.
Na segunda-feira (14), Turnowski decidiu fechar a Draco (Delegacia de Combate ao Crime Organizado), alegando ter recebido carta anônima com denúncias de corrupção, e que investigaria a delegacia.
A Draco é chefiada pelo delegado Cláudio Ferraz, ligado a Beltrame e desafeto de Turnowski. Ferraz admitiu que contribuiu com a PF durante a Operação Guilhotina.
Em nota, Turnowski agradeceu ao governador Sérgio Cabral (PMDB) e a Beltrame pelo tempo em que comandou a Polícia Civil. "Tenho certeza que esta é a melhor decisão para o momento", afirmou ele.
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