Defesa diz que vai recorrer e volta a afirmar que Mizael é inocente
O advogado Samir Haddad Jr. afirmou na noite desta quinta-feira que vai recorrer da sentença que condenou Mizael Bispo de Souza a 20 anos de prisão pela morte de sua ex-namorada, Mércia Nakashima. O defensor voltou a afirmar após a sentença que, apesar de condenado, seu cliente é inocente.
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"Ele [Mizael] é inocente, mas nós vamos recorrer. Ele [o juiz] aumentou a pena baseado em mentiras, o que não pode ocorrer. Essa pena vai cair no mínimo dois anos", afirmou o advogado.
Na sentença, o juiz Leandro Bittencourt Cano havia dito que Mizael mentiu durante o julgamento, o que, segundo ele, tinha a "intenção de enganar o julgador". "Se ele [Mizael] não estivesse apto a dizer a verdade, estava cristalino que não precisava mentir", disse.
A defesa afirmou ainda, após o júri, que não se excedeu durante o julgamento. A afirmação responde a acusação do promotor Rodrigo Merli Antunes, que havia dito que poderá pedir uma investigação da defesa devido às acusações feitas no plenário de que a polícia teria "forjado provas" contra o réu.
SENTENÇA
O julgamento de Mizael durou quatro dias no Fórum de Guarulhos (na Grande São Paulo). Ao todo, nove pessoas foram ouvidas, sendo cinco de acusação, três de defesa e um perito arrolado pelo juiz Leandro Bittencourt Cano.
O juiz afirmou na sentença que Mizael "sabia da licitude da conduta, mas mostrou insensibilidade com a vida humana". Ele acrescentou ainda que o crime corresponde a uma "conduta desprezível, que supera o limite do tolerável".
O juiz disse ainda que Mércia foi "atraída ardilosamente a uma cilada" e que o crime causou "danos psicológicos e incomensurável aos familiares da jovem". Após a leitura da sentença, a irmã de Mércia, Claudia Nakashima, gritou: "Assassino, maldito!".
JULGAMENTO
Neste último dia de júri, defesa e acusação argumentaram por cerca de 1 hora e meia. As partes, porém, não usaram a réplica e a tréplica a que teriam direito.
Na sua fala, a acusação tentou mostrar que Mizael mentiu no interrogatório e mostrou fotos e e-mails para tentar apontar as contradições dos depoimentos do réu e a real situação do relacionamento dele com a advogada antes de seu assassinato.
O assistente da acusação, Alexandre de Sá Domingues, mostrou aos jurados que, ao contrário do que o ex-policial afirmou, ele perseguia Mércia, que chegou a trocar os telefones para não ter que falar com o réu. Mizael havia dito ontem que eles tinham um relacionamento aberto na época do crime.
Além das cartas apresentadas, a acusação leu trecho de depoimento de uma amiga da vítima a quem a advogada confidenciou que o ex-policial tinha muito ciúmes e que não desgrudava dela em momento algum.
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CRONOLOGIA DO CASO MÉRCIA
Divulgação |
Mércia Nakashima, encontrada morta na represa de SP |
23 de maio de 2010
A advogada Mércia Nakashima desaparece após almoçar com a família
10 e 11 de junho
O carro da advogada é encontrado na represa de Nazaré Paulista (64 km de SP) no dia 10 de junho, e seu corpo no dia seguinte
25 de junho
A Justiça de São Paulo decreta a prisão preventiva do vigia Evandro Bezerra Silva, depois de ele não aparecer para prestar depoimento no DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa)
9 de julho
O vigia Evandro Bezerra Silva é preso na cidade de Canindé do São Francisco, em Sergipe
10 de julho
Justiça decreta a prisão temporária de Mizael Bispo de Souza, 40, ex-namorado da advogada Mércia Nakashima, suspeito de ter participado do crime
Andre Vicente/ Folhapress |
Carro de Mércia é retirado da represa em Nazaré Paulista (SP) |
14 de julho
Justiça suspende pedido de prisão de Mizael, que não chegou a ser preso
2 de agosto
O Ministério Público oferece denúncia (acusação formal) contra Mizael e Evandro por homicídio qualificado e ocultação de cadáver
3 de agosto
A Justiça de Guarulhos aceita a denúncia e decreta a prisão preventiva dos dois acusados
4 de agosto
O advogado de Mizael Bispo de Souza, Samir Haddad Junior, entra com pedido de habeas corpus. Mizael não se entrega e é considerado foragido
5 de agosto
A desembargadora Angélica de Almeida, da 12ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça, suspende a prisão preventiva de Mizael
9 de agosto
A 12ª Câmara de Direito Criminal do TJ suspende a prisão preventiva de Evandro
11 de agosto
Polícia faz a reconstituição de parte do dia em que Mércia Nakahima desapareceu. A polícia refez os passos de Mizael das 11h do dia 23 de maio até por volta de 18h40. Mércia teria sido vista pela última vez por volta de 18h30. Segundo o delegado Antônio de Olim, que coordenou a investigação, a vistoria serviu para reforçar as contradições no depoimento de Mizael
31 de agosto
O Instituto de Criminalística entrega à Polícia Civil e ao Ministério Público o laudo sobre a morte de Mércia. A principal evidência apresentada no documento é uma alga encontrada em um sapato de Mizael, que seria compatível com espécie presente na represa de Nazaré Paulista onde o corpo dela foi encontrado
18 a 21 de outubro
Justiça de Guarulhos ouve 21 testemunhas do caso, além dos dois acusados, durante audiência de instrução
7 de dezembro
Juiz decreta a prisão preventiva de Mizael e Evandro e decide levar os dois acusados a júri popular. Os dois não se entregam e são considerados foragidos
17 de dezembro
Os advogados de defesa de Mizael e Evandro entram com recursos contra o decreto da prisão preventiva no Tribunal de Justiça
27 de dezembro
A desembargadora Angélica de Almeida, da 12ª Câmara Criminal do TJ, nega habeas corpus em favor de Mizael e Evandro
10 de janeiro de 2011
O STJ (Superior Tribunal de Justiça) nega pedido de habeas corpus feito pela defesa de Mizael
24 de fevereiro de 2012
Mizael se entrega à Justiça após mais de um ano foragido. Advogado diz que pediu prisão domiciliar para ele
21 de março
A 12ª Câmara de Direito Criminal do TJ mantém decisão de levar Mizael e Evandro a júri popular
15 de maio
A 2ª Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) nega pedido de habeas corpus a Mizael
23 de junho
Evandro é preso no povoado de Candú, zona rural de Carneiros, sertão de Alagoas
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