Sindicalistas fecham 17 terminais de ônibus em São Paulo
Uma chapa de oposição do sindicato dos motoristas e cobradores bloqueia 17 dos 31 terminais de ônibus de São Paulo na manhã desta quarta-feira (10), afetando ao menos 400 linhas.
Segundo a SPtrans, empresa municipal de transporte, estão bloqueados os terminais Santo Amaro, Parque D. Pedro 2º, Capelinha, Campo Limpo, Grajaú, Varginha, João Dias, Lapa, Cachoeirinha, Pirituba, Casa Verde, Vila Prudente, Jabaquara, metrô Santana, Princesa Isabel, Sacomã e Mercado, do Expresso Tiradentes.
Sindicalista comandou greve de nove dias em São Paulo em 1992
Os sindicalistas chegaram aos terminais por volta das 8h e, gradativamente, fecharam as saídas do locais. Passageiros conseguem entrar, mas os ônibus não podem sair.
O grupo de manifestantes é ligado a José Valdevan de Jesus e Edivaldo Santiago, que formaram chapa de oposição para a eleição do sindicato dos motoristas e cobradores, marcada para amanhã. Atualmente, o presidente é Isao Hosogi, conhecido como Jorginho.
Hosogi condenou os bloqueios e disse que uma "minoria dissente pratica terror eleitoral".
Santiago negou que os atos de hoje tenham relação com a eleição. "Os bloqueios não têm nada a ver com a eleição. O trabalhador tem de vir em primeiro lugar", disse. Ainda de acordo com ele, os sindicalistas só saem após manifestação da prefeitura sobre as reivindicações do grupo. Eles querem melhores condições de trabalho e garantia de emprego a cobradores.
A aposentada Benedita Fernandes, 69, é uma das prejudicadas com o bloqueio no terminal Parque D. Pedro 2º. "Os trabalhadores poderiam avisar a população antes de realizar qualquer ato. Agora, ficamos sem a possibilidade de voltar para casa. Não tenho dinheiro para táxi", reclamou.
Em Santana, ônibus formam filas no entorno da estação de metrô, gerando caos e trânsito. Os passageiros estão saindo do terminal para encontrar o ônibus em que devem subir.
A recepcionista Fernanda Moreira, 27, se deparou com o caos. "Sempre reclamei que meu ponto era fora do terminal, hoje estou dando graças a Deus. Tem um monte de ônibus que nunca para aqui estacionando hoje. Problema é as pessoas descobrirem", diz ela, cuja condução sai da rua Doutor Gabriel Piza, pouco antes da estação.
No dia 3, o mesmo grupo bloqueou quatros terminais na cidade por duas horas e meia.
"É um absurdo que uma disputa sindical afete a vida do trabalhador de São Paulo", disse Jilmar Tatto, secretário municipal de Transportes.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
DISPUTA
O principal articulador da chapa de oposição na eleição do sindicato dos motoristas e cobradores de ônibus é Edivaldo Santiago, 65, que liderou a maior greve de ônibus da história de São Paulo.
Ele era presidente do sindicato em 1992, quando os veículos ainda eram da CMTC (empresa municipal) e ficaram nove dias parados.
Candidato a vice-presidente na chapa da oposição, Santiago é criticado por opositores por não ter endurecido na gestão Maluf, quando a CMTC foi extinta.
Após ficar alguns anos afastado, voltou ao sindicato em 2000. Ele e outros 18 integrantes da diretoria foram presos em 2003 sob a acusação de crimes como enriquecimento ilícito e formação de quadrilha --negada por todos.
Entre os presos também estava o atual presidente, Isao Hosogi, o Jorginho, e o diretor financeiro, José Valdevan de Jesus, o Valdevan Noventa.
Libertado, Jorginho assumiu o sindicato no ano seguinte por influência de Santiago, a quem chamava de "padrinho".
Mas disputas internas acabaram com a aliança de décadas. Hoje, um acusa o outro de fazer acordo com empresários e não lutar pelos direitos da categoria.
Livraria da Folha
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade
Acompanhe toda a cobertura dos blocos, festas e desfiles do Carnaval 2018, desde os preparativos
Tire as dúvidas sobre formas de contaminação, principais sintomas e o processo de imunização
Folha usa ferramenta on-line para acompanhar 118 promessas feitas por Doria em campanha