Descrição de chapéu Rio de Janeiro

Testemunha liga vereador e ex-PM ao assassinato de Marielle, diz jornal

Marcello Siciliano e ex-PM suspeito de chefiar milícia teriam planejado crime

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Escadaria da rua Cristiano Viana, em Pinheiros, zona oeste de São Paulo, com homenagem à vereadora Marielle Franco (PSOL)
Escadaria da rua Cristiano Viana, em Pinheiros, zona oeste de São Paulo, com homenagem à vereadora Marielle Franco (PSOL) - Danilo Verpa - 20.mar.18/ Folhapress
Rio de Janeiro

Um vereador do Rio e um ex-policial militar foram apontados por uma testemunha como mandantes da morte da vereadora Marielle Franco (PSOL), conforme publicado pelo jornal O Globo na noite desta terça-feira (8).

O homem, que prestou três depoimentos à polícia em troca de proteção, trabalhou para um grupo paramilitar e passou detalhes de datas, horários e locais de reuniões em que Marcello Siciliano (vereador pelo PHS) e Orlando Oliveira de Araújo (ex-PM hoje preso acusado de chefiar uma milícia) teriam planejado o crime.

Segundo o jornal, a testemunha disse que presenciou quatro conversas entre o vereador e o miliciano (na época em que este estava foragido) e forneceu nomes de quatro homens que teriam sido escolhidos para matar Marielle.

Antes de acusar o suposto esquema para assassinar a vereadora, trabalhou como segurança do ex-policial militar.

O vereador Marcello Siciliano disse em nota que repudia a acusação. “Ela é totalmente falsa.” A Secretaria de Segurança do Rio não comentou a revelação feita pelo jornal.

Além da vereadora, o motorista Anderson Gomes foi morto com ela em 14 de março. O carro foi atingido quando Marielle voltava para casa.

O vereador Siciliano tem como reduto eleitoral o bairro de Vargem Grande, dominado por milícias, que cobram de comerciantes e moradores por serviços. Ele já prestou depoimento no caso na condição de testemunha.

Marielle era conhecida por denunciar abusos de policiais e milicianos no estado. Segundo O Globo, a testemunha contou que o crime começou a ser planejado em junho. 

Pelo menos dois homens teriam sido mortos depois do assassinato de Marielle, como queima de arquivo.
Carlos Alexandre Pereira Maria, 37, o Alexandre Cabeça, e Anderson Claudio da Silva, 48, foram assassinados pelos milicianos, segundo a acusação divulgada pelo jornal.

O corpo de Alexandre Cabeça foi encontrado em 8 de abril, mais de três semanas depois da morte de Marielle, dentro de um carro, por PMs do 18º BPM (Jacarepaguá).

Já o policial reformado Anderson Claudio da Silva foi morto com vários tiros, inclusive de fuzil, ao entrar em seu carro, na Praça Miguel Osório, no Recreio dos Bandeirantes.

Anderson dirigia uma BMW blindada. Ele se aposentou como subtenente em 2015, após ser baleado em operação no Complexo do Chapadão.

Um dos carros envolvidos na ação foi visto circulando antes do crime próximo ao campo de futebol na comunidade da Merk, controlada pelo ex-policial militar.

Também nesta terça, mais cedo, o deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) disse que o cerco contra os assassinos de Marielle estava se fechando.

Ele havia participado de reunião com o chefe da Divisão de Homicídios, Fábio Carsoso, e membros da Comissão Externa da Câmara —que acompanha as investigações.

“O delegado afirmou que já tem informação suficiente para cruzar os dados e chegar aos assassinos”, afirmou. “Não só sobre os executores como também em relação aos mandantes”, acrescentou.

A morte de Marielle ocorreu em meio à intervenção federal na segurança pública do Rio. Na prática, com isso, a investigação está sob a responsabilidade do governo Michel Temer (MDB), que decretou em fevereiro a intervenção e escalou um general do Exército para o comando da inédita medida. Polícia Militar e Polícia Civil respondem diretamente aos interventores.

Desde o início, a principal linha de investigação é a de motivação política. Diferentes vereadores prestaram depoimento como testemunha —entre eles, um indiciado na CPI das Milícias, concluída em 2008, na qual Marielle atuou.

OUTRO LADO

Além de chamar a acusação de falsa, o vereador Siciliano disse que não conhece o ex-PM citado pela testemunha. 

“Acho covardia tentarem me incriminar dessa forma”, disse. “Marielle, além de colega de trabalho, era minha amiga. Tínhamos projetos de lei juntos. Essa acusação causa um sentimento de revolta por não ter qualquer fundamento”.

A defesa do ex-PM, que está preso, não foi localizada.

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