Num circo, um dos artistas mais prestigiados —e caros— é o palhaço. E, em 1955, Carlos Antônio Spindola estava em busca de um palhaço para o seu circo. Não achou nenhum a um preço razoável. Decidiu assumir o papel.
Andava por Ribeirão Preto, no interior de SP, quando viu diversos cartazes estampando a frase, em letras chamativas: "Lá vem o Biriba." Era o anúncio do lançamento de uma história em quadrinhos.
Carlos viu aí a chance de uma propaganda gratuita e resolveu se chamar assim, Biriba. Atuou até os 82 anos (época em que era o palhaço mais velho em atividade no país). Ficou tão conhecido pelo personagem que acrescentou o nome a seu próprio documento de identidade.
Tudo começou lá atrás. Ao 14, Carlos saiu de Santa Bárbara d'Oeste para estudar em São Paulo. Chegando na capital, deu de participar de concursos de rádio. Logo que soube, sua mãe foi buscar o filho e acabar com a aventura de ser artista.
Não adiantou. Anos depois, foi o circo que passou na porta de Carlos, em Santa Bárbara. Se apaixonou pela sobrinha do dono do picadeiro e, com ela, criou sua família.
Pouco tempo depois, decidiu abrir o próprio circo e criou o personagem que ficaria famoso no interior paulista.
Torcedor do Comercial, tradicional time de Ribeirão Preto, Biriba era chamado para comentar as partidas do clube para rádios locais.
Uma lei no início dos anos 2000 proibiu que circos paulistas utilizassem animais como atrações. Para Carlos, aquela foi a derrocada de seu picadeiro.
Como a bilheteria não vendia como antes, começou a usar a lona para receber leilões de gado. A família passou também a lucrar com o aluguel de lonas para eventos.
Carlos morreu aos 91, no dia 27, por complicações de uma pneumonia. Ele deixa a esposa, três filhos e netos.
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