Descrição de chapéu Folhajus Defesa do Cidadão

Saiba o que fazer se cair no golpe da portabilidade do empréstimo consignado

Especialistas afirmam que consumidores devem registrar Boletim de Ocorrência; órgãos de defesa do consumidor podem ajudar caso banco não solucione o problema

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São Paulo

A portabilidade de empréstimos consignados, recurso que pode ajudar o consumidor a conseguir melhores condições de pagamento, tem sido usada como isca para mais um tipo de golpe.

Criminosos entram em contato com consumidores que já possuem empréstimos e os convencem a fazer a portabilidade para outro banco, no qual terá alguma vantagem, como parcelas menores. O problema, é que, ao aceitar a proposta e fazer o processo, a pessoa descobre que na verdade apenas adquiriu um novo empréstimo, no qual os criminosos ficam com o dinheiro e ela, com a dívida.

Especialistas afirmam que pessoas que forem vítimas desse tipo de golpe devem registrar um boletim de ocorrência e procurar o banco envolvido no caso para resolver o problema. Se a situação não for solucionada, é possível reclamar nos órgãos de defesa do consumidor e entrar na Justiça.

A servidora pública Michaela Andréa Bette Câmara, 47, foi vítimas do golpe.

saco de dinheiro em fundo laranja
Especialistas alertam para golpes envolvendo portabilidade de empréstimos consignados; vítimas devem registrar Boletim de Ocorrência e recorrer aos órgãos de defesa do consumidor - Eduardo Knapp - 8.abr.2021/Revista São Paulo

Michaela foi contatada em janeiro de 2022 por um homem que se dizia correspondente do Banco Pan. Com todos os dados financeiros e pessoais da servidora, ele ofereceu a realização da transferência para a instituição de três empréstimos consignados que Michaela já possuía.

Segundo ele, com o novo consignado, os outros empréstimos seriam quitados e ela teria que pagar parcelas mensais R$ 400 mais baratas do que a soma das anteriores. Ela aceitou.

"Eles enviaram até um contrato com a proposta e, depois que eu aceitei, me enviaram link do banco para fechar o contrato. Aí eles me falaram que primeiro seria depositado um valor de R$ 34.410,56 na minha conta e que eu teria que fazer a transferência daquele valor como se estivesse efetuando a quitação dos empréstimos. Com isso a portabilidade estaria feita e eu passaria a ter descontado do meu salário apenas uma parcela", afirma Michaela.

O problema é que, no mês seguinte, a servidora percebeu que todas as parcelas dos empréstimos que teriam sido quitados ainda estavam sendo descontadas de seu salário e que agora aparecia um novo empréstimo em nome do Banco Pan com parcelas no valor de R$ 960.

Michaela tentou entrar em contato com o homem que tinha se apresentado como correspondente do Banco Pan e não conseguiu. Ao falar com o próprio banco, ouviu do atendente que eles não tinham responsabilidade pelo acontecido e que, provavelmente, ela tinha caído em um golpe.

A servidora ainda chegou a fazer uma contestação junto ao Banco Original, instituição para qual foram transferidos os R$ 34 mil, mas não obteve resposta. Ela registrou um boletim de ocorrência.

Procurado pelo Defesa do Cidadão, o Banco Pan afirmou que "analisou as operações" e que "concretizou uma solução definitiva em favor da cliente". Já o Banco Original disse apenas que "está tomando todas as medidas cabíveis sobre o caso em questão".

Em novo contato, Michaela confirma que, após a intervenção do Defesa, o Banco Pan a procurou, cancelou o contrato e devolveu as duas parcelas que já tinham sido descontadas.

O Defesa também questionou a Secretaria de Estado de Segurança Pública de Goiás sobre o andamento das investigações após o registro do boletim de ocorrência feito por Michaela, mas não obteve resposta até o momento da publicação desta reportagem.

Apesar das diversas tentativas, o Defesa não conseguiu entrar em contato com o homem que se apresentou como correspondente do Banco Pan.

O que fazer

Vítimas de golpes como o sofrido por Michaela devem, segundo Murilo Sechieri, advogado especialista em defesa do consumidor, primeiro registrar um boletim de ocorrência e entrar em contato com o banco.

"Fazer o boletim de ocorrência é fundamental porque este é visivelmente um caso de golpe, ela foi vítima de um crime de estelionato. Depois deve entrar em contato com o banco para explicar a situação e verificar o que pode ser feito, falar com a ouvidoria da instituição", diz Sechieri.

Segundo o especialista, o passo seguinte, para os que não conseguirem solucionar o problema junto ao banco, é procurar a ajuda dos órgãos de defesa do consumidor, como o Procon, o Consumidor.gov e até o site Reclame Aqui.

A última opção é a via judicial. O advogado explica que, dependendo de como se deu o crime, o banco pode ser responsabilizado pela negligência ou omissão na verificação dos dados no momento da contratação do serviço.

"O juiz pode entender que o banco não se esforçou para verificar se aquela pessoa que estava pedindo o empréstimo era de fato a dona dos documentos. Mas isso é avaliado caso a caso. É preciso provar que o golpe foi tão bem executado que qualquer pessoa acreditaria que era uma oferta verdadeira daquele banco", afirma Sechieri.

O especialista ainda aconselha que os consumidores que forem abordados com esse tipo de proposta busquem informações em sites de reclamação sobre os nomes das pessoas e das empresas envolvidas para verificar se há algum registro negativo e até verifiquem, pelos canais oficiais do banco, se aquela abordagem corresponde à usada pela instituição.

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