Descrição de chapéu Governo Tarcísio Cracolândia

Tragédia no litoral norte e greve do metrô testaram gestão Tarcísio nos 100 primeiros dias

Enquanto ação conjunta com Lula após deslizamentos foi bem-vista, governo de SP tropeçou em negociação com metroviários

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São Paulo

Em cem dias de gestão a serem completados na segunda (10), o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), assumiu protagonismo diante dos danos causados pelas chuvas do litoral norte, mas patinou na condução na greve dos metroviários e terceirizou o anúncio de medidas após o trágico ataque na escola estadual Thomazia Montoro.

Ao longo desses três meses, Tarcísio ainda tenta acelerar suas principais promessas de campanha, entre elas uma solução para a cracolândia, o pacote de 15 projetos de concessões às empresas privadas no qual inclui a Sabesp, companhia de saneamento, e a transferência da sede administrativa do governo para o centro de São Paulo. Todos eles sem data factíveis.

Tarcísio cumprimenta indígenas
Tarcísio de Freitas visita a Terra Indígena Ribeirão Silveira, em Bertioga, atingida pelas chuvas no litoral norte - Vinicius Freitas - 24.fev.2023/Governo do Estado de SP

Em nota à Folha, a Secretaria de Comunicação destacou ações como a reforma do Cratod (Centro de Referência de Álcool, Tabaco e Outras Drogas), com capacidade para mais de 700 atendimentos clínicos por mês, e disse que tem feito reunião com a Prefeitura de São Paulo para elaboração do plano de ação "visando a avançar nesta nova política pública que inclui não só o tratamento da dependência química como também ampliação da segurança, mais moradias e ações para reurbanização".

No primeiro grande teste do mandato, as chuvas nos dias 18 e 19 de fevereiro que deixaram o litoral norte em estado de calamidade, o governador transferiu o gabinete para São Sebastião, epicentro da tragédia, sob a promessa de dar mais celeridade às ações emergenciais na região.

Também ganhou evidência na ação conjunta entre os governos paulista e federal, aparecendo ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em prol da população afetada pelas enchentes que mataram 65 pessoas.

Apadrinhado por Jair Bolsonaro (PL), Tarcísio chegou ao Palácio dos Bandeirantes contando com o apoio de eleitores com aversão aos partidos de esquerda. Derrotou Fernando Haddad, candidato do PT.

"Foi importante para o Brasil a integração de esforços, de dois governos que tiveram em palanques diferentes na campanha", disse o secretário de Governo e articulador da campanha de Tarcísio, Gilberto Kassab (PSD).

A Comunicação diz que caminha para entregar 704 moradias para os desabrigados em São Sebastião e uma vila de passagem, com 144 unidades, para acolher as famílias que habitavam em área de risco.

Apesar da condução favorável no teste inicial, a gestão bateu cabeça na primeira greve enfrentada pelo político dos Republicanos, a paralisação dos metroviários. Em meio ao desencontro de informações e o caos do transporte em São Paulo, o Metrô recebeu uma multa de R$ 100 mil por conduta antissindical.

Na decisão, a juíza Eliane Aparecida da Silva Pedroso, do Tribunal Regional do Trabalho, entendeu que o mandado de segurança pedido pelo governo do estado para cancelar as catracas livres foi usado para anular a decisão do próprio governo, o que acabou prejudicando a população.

O governo chegou se comprometer com a abertura das catracas (entrada gratuita) nas linhas 1-azul, 2-verde e 3-vermelha, uma condição da categoria dos metroviários para romper com a paralisação enquanto continuasse a reivindicar o pagamento de abono salarial e abertura de concurso público para repor o defasado quadro de funcionários, entre outras queixas.

A Folha apurou que Tarcísio foi favorável à abertura das catracas, mas teria sido orientado pela diretoria do Metrô sobre riscos de superlotação e da falta de funcionários.

"Recebemos 3 milhões de passageiros em dia útil. Quando não tenho esse controle de passageiros [com abertura das catracas], perco a garantia de segurança da operação", disse o diretor de operação do Metrô, Milton Gioia, na ocasião.

Segundo ele, com a divisão dos funcionários em três turnos de trabalhos, haveria um contingente de 700 a 800 profissionais para os serviços de operação e sistema de monitoramento e segurança.

Dois dias depois do final da greve, Tarcísio cumpria agenda na Europa quando um aluno de 13 anos matou a facadas uma professora de 71 e feriu mais cinco pessoas em um colégio na zona oeste paulistana. No mesmo dia, o governador sofreu uma crise renal e teve que fazer cirurgia.

O governador viajou com planos de atrair investimentos e apresentar o pacote de projetos do Programa de Iniciativa Privada. Em São Paulo, os secretários Renato Feder (Educação) e Guilherme Derrite (Segurança Pública) tomaram à frente do caso. Eram eles que mantinham o chefe do Executivo informado sobre a tragédia e concediam entrevistas.

Para a área de educação, o governo destaca como avanço levar tecnologia a favor dos alunos e professores, além de acompanhar o desempenho escolar com a finalidade de reduzir a evasão.

Como a Folha mostrou, a pasta chefiada por Feder bloqueou o uso de redes sociais e canais de streamings no momento em que as disciplinas preveem o uso dessas tecnologias.

Para romper com a falta de professores, vivida nas escolas estaduais no ano passado, a Secretaria de Educação promete a contratação de 15 mil professores.

A gestão anterior, dos tucanos de João Doria e Rodrigo Garcia, acelerou a expansão do ensino integral, o que pressionou a demanda por esses servidores. A rede tem 3,5 milhões de alunos e quase 210 mil professores.

Na saúde, o estado destaca a sanção da lei no qual fornece medicamentos gratuitos derivados do canabidiol.

Na cerimônia, ele contou que tem um sobrinho, diagnosticado com síndrome de Dravet (que provoca convulsão), que ganhou qualidade de vida quando passou a ser tratado com canabidiol.

Questionado por jornalistas se a legislação causaria desconforto com a base conservadora, Tarcísio respondeu que "é uma questão de saúde pública".

Outra medida na saúde que destoa o governador de Bolsonaro foi a defesa das vacinas e combate às fake news.

Em março, o governador anunciou um repasse de R$ 46,6 milhões para incentivar os 645 municípios a imunizar a população, o equivalente a R$ 1 para cada habitante. Nesse dia também lançou um portal Vacina 100 Dúvidas no qual reúne informações sobre a imunização.

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