Lotado de passageiros, um ônibus da frota municipal foi atingido por um disparo de arma de fogo durante um tumulto no entorno da cracolândia, no centro de São Paulo, na noite da última sexta (18).
Os tiros foram dados por um policial civil que reagiu a uma tentativa de assalto a terceiros na avenida Rio Branco, nas proximidades da aglomeração de dependentes químicos que àquela altura estavam na rua dos Gusmões.
Segundo registro da ocorrência, o policial civil estava em seu carro, parado em um semáforo, quando viu o carro de trás sendo abordado por três homens. O agente desceu e deu ordem de prisão para os suspeitos. No entanto, um dos suspeitos estaria armado –depois foi constatado que era uma arma falsa. O policial atirou, e o trio tentou fugir.
Os disparos acertaram ao menos duas pessoas —nenhuma delas estava no ônibus. Foram feridos um suspeito da tentativa de assalto, que acabou preso, e um pedestre que passava pela via e foi atingido na perna.
O motorista do coletivo foi ferido ao ser atingido por uma pedra durante o tumulto, de acordo com o Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviário Urbano de São Paulo. Ele é funcionário da empresa Santa Brígida.
Após os disparos, usuários de drogas que ficam no fluxo da cracolândia iniciaram uma confusão, e houve confronto com a Polícia Militar. Moradores da região relataram o uso de bombas.
Uma farmácia foi saqueada e um ônibus, atacado e teve os vidros quebrados, assim como vidros de pontos de ônibus no canteiro central da via foram vandalizados.
Segundo o sindicato, houve pânico dentro do ônibus, que também foi atacado por pauladas e pedradas que quebraram os vidros do veículo. Vídeos gravados mostram passageiros sentados e deitados no assoalho do veículo.
Após diligências, a PM localizou o suspeito baleado, de 36 anos, e um dos comparsas, de 46, que foram presos em flagrante. O terceiro envolvido conseguiu fugir.
O ataque ao coletivo foi a segunda ocorrência de violência no entorno da cracolândia na mesma semana. Na noite da última terça-feira (15), o porteiro João da Silva Sousa, 54, morreu vítima de latrocínio no largo General Osório. Segundo informações do boletim de ocorrência, Sousa trabalhava como porteiro e morava em um edifício no próprio largo General Osório. Ele teria sido abordado no momento em que seguia para o trabalho. Na tarde que antecedeu a morte, houve confusão entre lojistas e dependentes químicos.
Na semana anterior, comerciantes da rua Santa Ifigênia fecharam as portas em protesto contra a permanência da aglomeração de usuários de drogas na rua dos Gusmões, perpendicular à famosa rua de comércio eletrônico.
Diferente de manifestações anteriores, que juntavam poucas dezenas de moradores e lojistas, o protesto teve participação de centrais sindicais que representam as categorias que trabalham na Santa Ifigênia e encheu a rua de manifestantes. A maioria era funcionários das lojas que usavam apitos e seguravam cartazes pedindo mais segurança no centro da cidade.
No dia seguinte, o fluxo foi levado para a rua dos Protestantes e na mesma noite moradores de prédios no entorno organizaram seu próprio protesto contra a permanência da cracolândia.
Na noite desta terça-feira (22), houve mais um disparo na região central, dessa vez, na alameda Barão de Limeira durante operação da Polícia Civil para prender traficantes na cracolândia. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública (SSP), o tiro atingiu um homem procurado pela Justiça que resistiu à prisão. Ele era procurado pelos crimes de tráfico de entorpecentes, associação criminosa e resistência. O órgão informou que o suspeito foi levado para o hospital.
Em nota, a SPTrans disse que o ônibus, que faz a linha 9501/10 Terminal Cachoeirinha – Largo do Paissandu, teve o vidro traseiro quebrado quando seguia no sentido bairro da avenida Rio Branco.
Policiais militares foram acionados, e a ocorrência foi registrada no 3° DP (Campos Elíseos). Na ocasião, de acordo com a SSP, dois homens foram presos em flagrante por roubo.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.