Descrição de chapéu Censo 2022

Santos é a cidade brasileira com a maior proporção de mulheres

Censo mostra que município do litoral de SP tem 82,89 homens para cada 100 mulheres

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Santos e Rio de Janeiro

Santos, no litoral paulista, é o município com a maior proporção de mulheres país, segundo dados do Censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgados nesta sexta. Dos 418 mil moradores da cidade em 2022 (o ano base da pesquisa), 54,68% eram do sexo feminino, o equivalente a cerca de 229 mil pessoas.

Consequentemente, o município tem a menor proporção de homens do Brasil, 45,32% da população (189 mil pessoas). No total do país, 51,5% da população é de mulheres, enquanto 48,5% é de homens.

por do sol na praia com silhueta de pessoas caminhando na faixa de areia
Movimentação de banhistas na praia do José Menino, na cidade de Santos - Adriano Vizoni-22-jun.20/Folhapress

Os dados mostram ainda que, para cada 100 mulheres que moram em Santos, havia 82,89 homens em 2022, também a maior diferença do país. Na sequência na lista do Censo aparecem aparecem a baiana Salvador (83,81) e a paulista São Caetano do Sul (84,09).

A baixa proporção de homens é sentida nas ruas de Santos. "Sempre percebi isso", diz a diarista Nivalda Rosa Barros, 49. Separada e mãe de três filhos, ela pretende se casar de novo. "Mas não é tão fácil arrumar parceiro por aqui. Minha prima vem de São Paulo para arrumar namorado e não consegue. Nas academias, por exemplo, é nítido que tem mais mulher treinando. É uma realidade."

Casada e mãe de quatro meninas, Gabryelle de Oliveira Santos, 35, diz ver mais mulheres em shopping e uma mistura no mercado. Em praia e festas, empate. Na pizzaria onde trabalha frequentam casais e famílias inteiras, "como é normal em estabelecimentos assim".

"Sabe o que realmente acontece em Santos? Tem muita senhorinha viúva porque mulher se cuida mais do que homem e prolonga a vida, né? Eles partem primeiro e elas vão ficando", opina ela.

"Barzinho é um bom exemplo: tem mais mulher, sim", complementa a ajudante de cozinha Débora Alice Sebastião, 48. Divorciada, mãe de dois meninos, ela se diz disponível, mas com um pé atrás. "Está complicado conseguir um envolvimento hoje em dia".

Em linhas gerais, a população feminina supera a masculina no Brasil em razão da mortalidade menor das mulheres na comparação com os homens, afirmou nesta sexta-feira (27) Izabel Marri, gerente de estudos e análises da dinâmica demográfica do IBGE.

Essa tendência, disse a pesquisadora, pode ser reforçada pelas condições do mercado de trabalho em cada município. Segundo ela, as mulheres se concentram mais em grandes cidades pela disponibilidade maior de oportunidades de emprego. É o caso de Santos, avaliou Marri.

"Isso [população feminina de Santos] reflete um perfil de cidades grandes com mercado de trabalho mais favorável a mulheres", disse.

"As grandes cidades vão ter uma razão de sexo [proporção de homens ante mulheres] mais baixa", completou.

Casado e pai de dois filhos, o frentista Leonardo Silva Alves, 46, conta que já frequentou bailes funk e diz ser um dos lugares onde viu mulheres serem a maioria. No posto onde trabalha, Alves costuma atender mais condutoras. "Mulher não fica em casa como antigamente. Por isso essa proporção maior deve estar mais visível agora".

A vice-prefeita de Santos, Renata Bravo, 52, diz que a prevalência de mulheres acaba por nortear as políticas públicas. "Afinal, mulheres são maioria nas unidades de saúde, nas policlínicas. No nosso projeto Vila Criativa, que oferece cursos em comunidades, representam 80% dos inscritos".

Divorciado, o porteiro Valdeci Paiva Coelho da Silva, 49, conta ter um empate em família, já que são quatro irmãos e quatro irmãs. "A verdade é que, no cotidiano, tem muita variante. Não é tão simples de constatar mais mulher", diz.

Para o empresário Vilmar Bustamante, 35, a presença feminina em Santos está cada vez mais evidente. "Não são só números e, sim, inserção. Basta dizer que mulheres estão em todos os campos de atuação profissional".

"Mesmo sendo uma cidade turística, nos finais de ano e no Carnaval, a gente vê muita mulher", opina a cuidadora de idosos Rosana Maria da Cruz, 60.

Rosana conta que, na década de 1970, quando era mais nova, não percebia a diferença, mas que ela passou a ser mais evidente nos anos 1990. "Comecei a reparar. Todos os lugares em que eu ia havia menos homens a mais mulheres. Até hoje permaneceu assim."

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