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Tarcísio diz que governo falhou em ataque a escola e que sente frustração

Governador afirma que o momento é de reflexão sobre a efetividade das medidas tomadas desde o caso da escola Thomazia Montoro, que deixou uma professora morta

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São Paulo

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), reconheceu que o governo falhou no ataque a tiros que deixou uma estudante de 17 anos morta e outros três alunos feridos na Escola Estadual Sapopemba, na zona leste da capital. Ele disse que seu sentimento diante do caso é de frustração, incapacidade e impotência.

Tarcísio disse que será necessário aumentar os meios de prevenção de ataques armados a escolas, apesar de já ter anunciado providências desde março, quando uma professora morreu com golpes de facada na escola estadual Thomazia Montoro, na zona oeste da cidade.

Ele ressaltou que a unidade em Sapopemba contava com ronda escolar e atendimento com uma psicóloga. O aluno que cometeu o ataque, porém, não era identificado pela direção da escola como um agressor em potencial.

O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) ao lado do secretário da Educação, Renato Feder, em coletiva de imprensa, após o ataque na Escola Estadual Sapopemba - Danilo Verpa/Folhapress

"É um momento de a gente fazer uma profunda reflexão sobre a efetividade daquilo que a gente têm colocado em prática desde a ocorrência em março, no Thomazia [Montoro], lá na Vila Sônia, e infelizmente a gente se depara de novo com essa situação", disse Tarcísio.

Assim como em março, ele recusou medidas de segurança que envolvam detectores de metal e revista nos alunos na entrada das escolas. Ele disse que esse tipo de providência é indesejada por causa do grande número de unidades —são mais de 5.000 escolas em todo o estado— e o impacto negativo na rotina dos alunos.

Tarcísio e o secretário estadual de Educação, Renato Feder, disseram que pretendem contratar mais psicólogos para atendimentos na rede de ensino. Eles não disseram quantos profissionais seriam contratados nem em quanto tempo.

Hoje são 550 psicólogos que atendem alunos na capital paulista. Cada um deles atende, em média, dez escolas diferentes com a opção de ficar um turno ou o dia inteiro em uma escola. Em média, cada profissional atende 6.300 estudantes —a rede estadual paulista tem 3,5 milhões de alunos.

O governador disse nesta segunda que, na unidade em Sapopemba, haviam sido feitos 15 atendimentos nos últimos meses. Ele também disse que 175 tentativas de ataques foram evitadas com sucesso pela polícia desde março.

A contratação de psicólogos foi uma das promessas do governador após o ataque à escola Thomazia Montoro em abril. Tarcísio anunciou que contrataria esses profissionais e vigilantes particulares para atuar nas unidades.

Antes da chegada desses 550 profissionais, a rede estadual não tinha psicólogos que atendiam às escolas de forma presencial.

Mesmo com a mudança de contratação, especialistas e educadores reclamam do baixo número de profissionais que atuam nas escolas e falta de coordenação com os equipamentos de saúde para atender casos identificados como de maior gravidade.

"É impossível para qualquer profissional, por mais qualificado que seja, conseguir fazer um bom trabalho com esse número excessivo de alunos. São muitas demandas, muitas situações dentro da escola para essa quantidade de psicólogos dar conta", diz Valéria Campinas Braunstein, conselheira do Conselho Regional de Psicologia de São Paulo.

No fim de setembro, o governador vetou um projeto aprovado na Assembleia Legislativa que autorizava a contratação de psicólogos e assistentes sociais para as escolas públicas da rede estadual.

Na justificativa do veto, a gestão Tarcísio afirmou já está desenvolvendo o programa "Psicólogos nas Escolas" —exatamente o responsável pela contratação dos 550 profissionais.

As especialistas também lembram que o trabalho do psicólogo na escola não é clínico, ou seja, ele não vai fazer atendimento individualizado aos alunos. "Se há um caso mais grave, o papel desse profissional é encaminhar o aluno para um atendimento especializado na rede de saúde", diz a pesquisadora Cleo Garcia, que estuda ataques no ambiente escolar.

Ataque desta segunda

Uma câmera de segurança registrou o momento em que o atirador entrou em uma sala de aula, cheia de alunos, e efetuou disparos. Houve correria, e alunos deixaram a sala em meio ao tumulto.

A aluna que morreu, Giovanna Bezerra, 17, levou um tiro na cabeça.

As duas feridas foram socorridas e levadas para o pronto-socorro do Hospital Sapopemba –uma delas já recebeu alta. Um terceiro estudante, que se feriu ao fugir, também foi socorrido e já foi liberado.

Dezenas de viaturas da PM, do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) e do Corpo de Bombeiros estiveram na região.

OUTROS CASOS

No último dia 10, um ataque à Escola Profissional Dom Bosco, em Poços de Caldas, no sul de Minas Gerais, deixou um estudante de 14 anos morto e outros três feridos. O ataque foi realizado por um ex-aluno do colégio, que usou uma faca na ação.

O crime aconteceu no horário de saída de alunos. Segundo policiais, o autor do ataque teria afirmado que aproveitou a movimentação de estudantes e pais no local e saiu "esfaqueando aleatoriamente".

Ele disse à Polícia Militar que buscava vingança por ter sofrido bullying enquanto estudava na instituição.

Em 19 de junho, um ataque a tiros no Colégio Estadual Professora Helena Kolody, em Cambé, no norte do Paraná, deixou dois alunos mortos —um casal de adolescentes.

O autor do ataque era um ex-aluno de 21 anos. Ele foi encontrado morto dias depois na prisão.

Na manhã de 5 de abril, um homem de 25 anos invadiu a creche Cantinho Bom Pastor, em Blumenau (SC), e matou quatro crianças. As vítimas são três meninos e uma menina, com idade entre 5 e 7 anos. Uma machadinha e um canivete foram usados na ação, segundo o tenente Márcio Filippi, comandante do 10º BPM (Batalhão da Polícia Militar).

Conforme a apuração, o assassino chegou à escola em uma moto, pulou o muro e escolheu as vítimas aleatoriamente. Ao perceber que as professoras correram para proteger as demais crianças, ele tentou fugir pulando novamente o muro. Em seguida, se entregou.

Em 27 de março, a professora de ciências Elisabeth Tenreiro, 71, foi morta em um ataque na escola estadual Thomazia Montoro, na Vila Sônia, zona oeste de São Paulo. Ela era descrita como apaixonada pelas filhas e pelos netos. Um aluno de 13 anos a atacou com uma faca pelas costas.

O agressor também feriu dois alunos e outras três professoras. O adolescente, que era aluno do 8º ano do ensino fundamental na escola, foi apreendido.

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