Descrição de chapéu Obituário Márcia Regina da Silva Mascarenhas (1980 - 2024)

Mortes: Professora foi referência dos sem-terra do interior baiano

Márcia Mascarenhas alfabetizou muitos adultos em comunidades rurais

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Juazeiro (BA)

A professora Márcia Mascarenhas colaborou durante anos com a formação de assentados do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) no interior da Bahia

Márcia foi uma referência entre a militância no estado, chegando a ser dirigente da Brigada Sertão do São Francisco, na Regional Norte da Bahia. Antes, já tinha contribuído com diversos setores do movimento, como educação, gênero, cultura e comunicação.

Foi um amigo que fez o convite para conhecer o MST e ingressar no movimento pela reforma agrária. Primeiro, foi morar com o marido e o filho mais novo em uma ocupação em Casa Nova, o Assentamento Irani.

Márcia Regina da Silva Mascarenhas (1980 - 2023)
Márcia Regina da Silva Mascarenhas (1980 - 2023) - Reprodução/Facebook

"No começo foi bem difícil. Eles ficaram debaixo de lona, não tinha energia nem água. Ela entrava em contato com a prefeitura para conseguir as coisas", diz o filho João Ghabryel Bruno Mascarenhas, 24, sobre a mãe, que já se mostrava articuladora na comunidade.

As famílias, incluindo a de Márcia, foram despejadas após a reintegração de posse. Depois, acolhidas em um assentamento de Sobradinho (BA).

Fez inúmeras viagens representando o movimento em reuniões para discutir a reforma agrária. "Minha mãe muitas vezes viajou doente por amor ao MST. Ela escolheu viver por essa causa."

Márcia Regina da Silva Mascarenhas nasceu em Juazeiro no dia 22 de fevereiro de 1980. Viu a família sobreviver às investidas da seca que a região enfrentou nas décadas de 1980 e 1990.

Teve o primeiro filho aos 19 anos. Durante a vida, trabalhou para sustentar a família. Foi vendedora independente de cosméticos e trabalhadora rural na colheita da fruticultura irrigada da região, nos períodos de safra.

Foi no serviço de campo que conheceu Ronaldo Luiz da Silva, com quem se casou e se uniu à batalha de vida. Tiveram dois filhos e trabalharam juntos.

Cristã, percebeu sua vocação para comunicação e liderança na igreja. Além de participar dos cultos, era professora na escolinha dominical e coordenou grupos de evangelização de jovens. "Sempre foi muito comunicativa, sempre gostou de estar no meio de causas sociais", diz João Ghabryel.

Márcia já estava no MST quando se formou em pedagogia, em 2018. Foi a realização de um sonho de quem sempre amou ensinar. Começou a dar aulas para educação de jovens e adultos, principalmente nas comunidades rurais.

Há três anos, a educadora enfrentava um câncer de mama. Fazia o acompanhamento em Salvador, onde ficava em uma casa de apoio que recebe pessoas do interior que estão em tratamento. No local, era reconhecida pela energia positiva e pelas graças que fazia. Ajudava os colegas, dando força com palavras e companhia aos que viajam sozinhos.

Márcia morreu no dia 5 de janeiro, aos 43 anos, vítima de um AVC. Deixa o marido Ronaldo, 53, e três filhos, João Ghabryel, 24, Lucas, 22, e Daniel, 15.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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