Descrição de chapéu Obituário Lucas Garib de Lima Dias (2006 - 2024)

Mortes: Deixou uma lição sobre doação de órgãos

Palavras de Lucas Garib de Lima Dias fizeram a Santa Casa de Rondonópolis (MT) realizar seu primeiro processo de doação de órgãos

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São Paulo

"Pessoas morrem diariamente na fila de transplante de órgãos com a sensação de que foram esquecidos pelo mundo, perdem a vida a troco de órgãos que ao invés de salvar vidas viram cinzas ou comida de agentes decompositores. Isso ocorre devido à dificuldade que as pessoas têm de realizar a doação de órgãos, uma vez que, embora se compadeçam, não criam laços de empatia suficientes para tomar a decisão de salvar uma vida. Mesmo aqueles que tomam a decisão de doar por vezes são impedidos, já que, após a morte do indivíduo, a família sofrendo a dor do luto costumeiramente ignora os desejos do falecido e decide por enterrá-lo sem realizar a doação."

As palavras de Lucas mudaram as coisas.

Graças a elas, a Santa Casa de Rondonópolis (MT) realizou seu primeiro processo de doação de órgãos —a entidade, que também abrigou o nascimento de Lucas, tem 53 anos de existência.

Lucas Garib de Lima Dias (2006 - 2024)
Lucas Garib de Lima Dias (2006 - 2024) - Roberto Dias

A redação havia sido produzida como preparação para o Enem. Poderia ter ficado esquecida no meio de muitos ensaios escolares, mas foi recuperada pela namorada, Duda, a quem ele costumava enviar seus textos, muitos deles escritos no próprio celular. As palavras fizeram com que a família decidisse aguardar o processo de captação de órgãos, feito por profissionais de outros estados, antes de realizar o funeral.

Na sexta (28), quando os médicos deixaram o hospital com os órgãos, os amigos de Lucas fizeram uma cerimônia com balões na praça diante da Santa Casa. A redação engajou os pais na doação.

"A gente ficou estarrecido ao saber dos números. Divulguem ao máximo para que as pessoas sejam salvas. Vamos mudar essa situação. Tem gente morrendo que podia estar viva", disse o pai, Claudio, na TV local.

Seu filho era o tipo de pessoa que conhecia todo mundo, de todos os lugares da cidade.

"O Lucas sempre foi um menino alegre, extrovertido, extremamente culto, gostava da vida. Falava que tinha que aproveitar muito a vida, muito carinhoso, prestativo", diz a mãe, Ana Claudia.

Grandão, era praticante de jiu-jítsu e evitava se envolver em brigas por medo de machucar outras crianças. São-paulino desde sempre, em parte graças ao primo que lhe mandou uma camisa do clube do Morumbi.

Lucas se deliciava com estrogonofe de carne, com molho rosé e batatinha palha por cima. Adorava também queijo brie —aliás, colocava queijo em todas as comidas. Gostava ainda de comida japonesa, que sabia preparar.

Tinha especial predileção pela música "João e Maria", de Chico Buarque e Sivuca. Mas não só. Ouvia MPB em geral, funk, sertanejo. Lô Borges aprendeu a ouvir com a mãe, assim como Gonzaguinha.

Lucas morreu aos 17 anos após cair de um quadriciclo na noite de domingo (23) para segunda (24), em Rondonópolis (MT). Foi enterrado no sábado (29).

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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