Descrição de chapéu Obituário Clóvis Pereira Santos (1932 - 2024)

Mortes: Maestro usou raízes nordestinas em composições eruditas

Clóvis Pereira trabalhou em rádios pernambucanas e participou do Movimento Armorial

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Juazeiro (BA)

Quando o Movimento Armorial foi fundado por Ariano Suassuna, nos anos 1970, artistas de várias linguagens foram convidados. A missão era levar o barroco nordestino ao erudito.

Entre os músicos, estava Clóvis Pereira, que foi regente da Orquestra Armorial e deixou um legado com frevos, caboclinhos e maracatus.

O maestro foi compositor das primeiras obras representativas do movimento, entre elas "Três Peças Nordestinas" e "Grande Missa Nordestina". "Ele era muito focado em toda musicalidade de raiz regional, sempre dando o toque da técnica clássica que aprendeu", afirma Clóvis Pereira Filho, 57.

Clovis Pereira Santos nasceu em Caruaru (PE), em 1932. Herdou do pai clarinetista, Luiz Gonzaga Pereira, o dom da música. Aos 10 anos, começou a estudar gaita e depois, piano.

Clóvis Pereira Santos (1932 - 2024)
Clóvis Pereira Santos (1932 - 2024) - Reprodução/Facebook

Quando fez 17, mudou-se para o Recife para concluir o curso científico. Estudou piano no Conservatório Pernambucano de Música e foi aluno da Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Pernambuco. Também foi aprendiz do maestro Guerra Peixe, com quem estudou composição, harmonia e orquestração.

Após ganhar um concurso de calouros, Clóvis trabalhou em rádios pernambucanas como gaitista. Foi durante muitos anos o diretor da orquestra da Rádio Jornal do Commércio. Na época, dirigiu artistas como Sivuca e Jackson do Pandeiro.

Foi na plateia de um programa de auditório da rádio que Clóvis avistou Risomar. O romance, que iniciou com um namoro de três anos na juventude, virou um casamento de sete décadas com quatro filhos.

Seu lado introvertido era contrastado pela personalidade sociável da esposa. Ele se entregava aos eventos que ela organizava para receber amigos. Seu grande amor morreu em fevereiro deste ano.

Em casa, Clóvis escutava muita música, principalmente jazz, e assistia a filmes antigos. "Se trancava muito no estúdio e ficava horas e horas pesquisando e compondo", diz o filho.

Todos os filhos tiveram iniciação musical, mas apenas o que herdou seu nome seguiu seus passos profissionais. Uma filha e alguns netos também tocam, nem que seja de forma amadora.

Suas pesquisas foram compartilhadas ao ser professor de universidades federais do Rio Grande do Norte, da Paraíba e de Pernambuco. Por quatro anos, na década de 1980, dirigiu o Conservatório Pernambucano de Música.

Como regente do Coral Universitário da Paraíba, foi aos Estados Unidos, em 1974, onde formou-se na Berklee College of Music (Boston) em harmonia moderna e orquestração.

O maestro morreu aos 92 anos, no último 4 de junho, em um hospital no qual foi internado uma semana antes após sentir um cansaço. Deixa os filhos Valéria, 68, Ana Elizabeth, 66, Luiz Carlos, 64, e Clóvis Filho, 57, além de sete netos e seus bisnetos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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