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Métrica do emprego

Pesquisas mostram discrepâncias na volta das vagas formais e informais

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Barracos na ocupação do Jardim Julieta, em São Paulo - Lalo de Almeida/Folhapress

Desde que começou a ser superada a recessão causada pela pandemia, o mercado de trabalho apresenta uma dicotomia entre a criação de empregos com carteira, aparentemente mais robusta, e a de postos informais. Pesquisas diferentes também divergem sobre quantos postos formais foram abertos.

Em parte, as diferenças decorrem de pesquisas distintas, mas mesmo assim causam espécie. Enquanto o Caged coleta os dados das empresas referentes as novas vagas celetistas, a pesquisa domiciliar do IBGE (a Pnad Contínua) entrevista uma amostra de famílias, medindo todos os tipos de ocupação.

Segundo o Caged, após perda de 1,15 milhão de empregos formais durante a crise (entre março e junho de 2020), houve recuperação de 2,31 milhões desde então. Ou seja, o estoque de empregos nessa medição está hoje 1,2 milhão (3%) acima do pré-pandemia.

Já a Pnad mostra quadro pior. No auge da recessão teria havido fechamento de 3,85 milhões de vagas formais, 11,6% do total, com recuperação posterior insignificante.

Nas categorias sem carteira a perda foi maior, de 7,2 milhões de vagas, ou 23,8% de todos os empregos nessa categoria, mas a retomada recriou 3 milhões desses empregos, concentrada nos trabalhadores por conta própria.

Na prática, a Pnad mostra estagnação de partes do mercado de trabalho e elevado nível de desalento. O desemprego ainda atinge 14,8 milhões de pessoas, e a pesquisa evidencia a pior situação da mão de obra menos escolarizada.

A verdade provavelmente está no meio das duas leituras. Há uma retomada econômica em curso, que parece ganhar velocidade. O Produto Interno Bruto deve crescer acima de 4% neste ano e impulsionar a criação de empregos.

As diferenças também decorrem do padrão dessa recuperação, mais ancorado nos setores formalizados, como a indústria. Outros setores que tiveram aumento de demanda, como construção civil, também mostram dinamismo.

De outro lado, comércio e serviços ainda patinam, e são esses os segmentos com maior prevalência de empregos menos qualificados.

Não é possível descartar um convívio, ao menos por algum tempo, de atividade em crescimento com letargia no mercado de trabalho, sobretudo para a baixa renda.

Tem-se aí um desafio de política pública, em que é preciso conceber mecanismos de proteção social condizentes com essa realidade.

editoriais@grupofolha.com.br

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