Descrição de chapéu The New York Times

Por que fazer exercícios é desgastante para pessoas com artrite reumatoide

Mesmo atividade física leve pode afetar negativamente o corpo; distúrbio autoimune faz com que articulações fiquem doloridas

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Gretchen Reynolds
The New York Times

O exercício físico pode parecer mais difícil e desgastante do que o normal se você tiver artrite reumatoide, e não apenas por causa das articulações rígidas e doloridas causadas por esse distúrbio autoimune.

Em um experimento envolvendo mulheres idosas e exercícios, os pesquisadores descobriram que mesmo uma sessão suave de elevação das pernas desencadeia uma reação exagerada do sistema nervoso naqueles com artrite reumatoide. Exercícios leves também afetaram negativamente o funcionamento interno de seus músculos e vasos sanguíneos.

Os resultados se baseiam em pesquisas anteriores sobre a artrite reumatoide e o sistema nervoso e levantam questões urgentes sobre as melhores e mais seguras maneiras com que as pessoas com esse distúrbio ou doenças autoimunes semelhantes podem se tornar e permanecer ativas.

Exercícios físicos podem ser doloridos para pessoas com artrite reumatoide - Adobe Stock

Qualquer pessoa que tenha artrite reumatoide ou conviva com alguém que tenha a doença sabe o estrago que ela causa no corpo. As células imunológicas atacam erroneamente o tecido saudável, especialmente nas articulações, causando inchaço, dor e deterioração, além de inflamação e fadiga em todo o corpo. A doença também costuma resultar em doenças cardiovasculares, o que inicialmente intrigou os médicos, uma vez que as células imunológicas equivocadas não atingem diretamente o coração ou as artérias.

Nos últimos anos, porém, pesquisadores descobriram que as pessoas com artrite reumatoide tendem a ter sistemas nervosos simpáticos incomumente reativos. Esse sistema é a parte de nosso organismo interno que ativa a reação de lutar ou fugir, alertando bioquimicamente nosso cérebro, coração, músculos e outros sistemas corporais para nos prepararmos para o perigo iminente. O sistema nervoso parassimpático oposto, nos tranquiliza, enviando sinais que acalmam os distúrbios simpáticos.

Em pacientes com artrite reumatoide, entretanto, pesquisadores descobriram que o sistema simpático parece estar paralisado, mantendo as operações internas das pessoas constantemente no limite. O resultado é um alto risco de hipertensão e frequência cardíaca elevada, mesmo quando as pessoas estão descansando tranquilamente, o que contribui com o tempo para doenças cardiovasculares.

Poucos desses estudos anteriores, no entanto, analisaram o exercício, que também aumenta a pressão sanguínea e a frequência cardíaca e altera as reações do sistema nervoso. Alguns –e evidências anedóticas consideráveis– indicaram que as pessoas com artrite reumatoide sentem mais fadiga durante e após a atividade do que outros praticantes de exercícios. A frequência cardíaca e a pressão arterial também permanecem elevadas por mais tempo após os treinos.

Se você foi diagnosticado com artrite reumatoide, converse com seu médico ou um fisiologista do exercício sobre a melhor forma de se exercitar, indica Hamilton Roschel, um dos autores do estudo e diretor do Laboratório de Avaliação e Condicionamento em Reumatologia da USP (Universidade de São Paulo). E se você quiser iniciar uma nova rotina, comece devagar e talvez mantenha um registro de como se sente durante os treinos.

Claro, o estudo citado no início do texto se concentrou em mulheres idosas com artrite reumatoide e uma única sessão de treinamento de resistência muito leve. Não se sabe se os resultados se aplicam igualmente a mulheres ou homens mais jovens com a doença, ou se outros tipos de exercício, como caminhar, podem produzir uma resposta semelhante.

Tradução Luiz Roberto M. Gonçalves

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