O aspartame, adoçante usado em refrigerantes sem açúcar como da Coca-Cola Zero e Guaraná Antarctica, foi listado como possivelmente cancerígeno pela Iarc (Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer), braço de pesquisa sobre câncer da OMS.
A nova recomendação levantou dúvidas sobre os riscos do produto para a saúde no curto e longo prazo.
Os adoçantes artificiais não nutritivos são alvo da OMS desde maio, quando a agência indicou que eles não devem ser usados para perda e manutenção do peso corporal. A diretriz incluia o aspartame.
Segundo especialistas ouvidos pela Folha na época, não é necessário interromper o uso dos produtos, indicados principalmente para pessoas com diabetes. Médicos pontuaram que este tipo de recomendação é direcionado principalmente para governos, que devem rever o consumo em programas que mirem a saúde pública.
Ponderam, porém, que é importante consultar um profissional da área, como nutricionista, para receber uma orientação personalizada.
Roberto Raduan, endocrinologista da BP (A Beneficência Portuguesa de São Paulo), disse à reportagem que discussões sobre a toxicidade dos adoçantes ocorrem há décadas, mas ainda não há consenso científico sobre os potenciais benefícios ou malefícios desses compostos.
O especialista afirma que os usuários devem consumir as substâncias dentro de limites considerados seguros.
A nova publicação também conta com o parecer da JECFA (Comitê Misto da FAO e OMS de Peritos em Aditivos Alimentares), que concluiu que "não há evidências convincentes de dados experimentais em animais ou humanos de que o aspartame tenha efeitos adversos após a ingestão".
O comitê da JECFA também afirmou que não há razão para alterar a recomendação máxima diária, de 40 mg/kg.
Na recomendação anterior, a OMS indicou que o uso de adoçantes pode estar relacionado ao desenvolvimento de doenças como diabetes tipo 2, problemas cardiovasculares e certos tipos de cânceres em adultos. Contudo, também classificou as evidências científicas relacionadas a esse risco como de "baixas a moderadas".
Em 2016, pesquisadores indianos questionaram se adoçantes artificiais usados como substitutos do açúcar eram mesmo saudáveis, além de avaliar se poderiam ser considerados seguros para diabéticos.
Publicado na Indian Journal Pharmacology, o estudo considerou diversos agentes, entre eles o aspartame.
Os autores concluíram que mulheres grávidas e lactantes, crianças, diabéticos, pacientes com enxaqueca e epilepsia representam "uma população suscetível aos efeitos adversos dos produtos contendo adoçantes não nutritivos e devem usar esses produtos com o máximo cuidado."
Para pessoas sem essas condições, o uso permanecia inconclusivo.
Outro trabalho que relaciona o uso de adoçantes com risco de câncer afirma que os produtos artificiais (especialmente aspartame e acessulfame-K), usados em muitas marcas de alimentos e bebidas em todo o mundo, foram associados a aumentadas chances de desenvolver a doença.
O trabalho foi publicado na publicado na PLoS em 2022 e considerou resultados de 102.865 adultos acompanhados por 7,8 anos.
Uma revisão de estudos anterior, feita em 2021, mostra que trabalhos de melhor qualidade não associam o consumo direto de aspartame à ocorrência de câncer, consideram, na verdade, bebidas dietéticas, que contém outro aditivos, com o desenvolvimento da doença.
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