Pelo menos duas pessoas se intoxicaram com cloroquina em Lagos, na Nigéria, anunciaram autoridades locais na sexta (20). O medicamento e um derivado seu, a hidroxicloroquina, usados no tratamento da malária, passam por testes para verificar eficácia no combate ao novo coronavírus.
Segundo Ore Awokoya, assessora de saúde do governador de Lagos, desde que começaram a circular nas redes sociais mensagens sobre o efeito da cloroquina para tratar a infecção pelo coronavírus, o medicamento ficou esgotado em várias regiões da cidade.
"Depois das declarações de Donald Trump sobre o medicamento, isso tomou uma outra dimensão. As pessoas causam tumulto nas farmácias para comprar cloroquina", disse Awokoya.
Na quinta (19), o presidente americano disse que a FDA, agência americana de regulamentação de alimentos e remédios, havia aprovado o uso de cloroquina e hidroxicloroquina em pacientes do coronavírus.
Estudos realizados em células e com pacientes da Covid-19 mostraram resultados positivos, mas especialistas alertam que as pesquisas ainda são frágeis e preliminares, e o uso do remédio para tratar esses casos não tem eficácia e segurança comprovadas.
As declarações de Trump causaram movimento parecido no Brasil, onde o remédio ficou indisponível em algumas farmácias para pessoas que precisam da substância. Pacientes de lúpus e artrite reumatoide também usam a medicação, por exemplo.
O presidente Jair Bolsonaro anunciou no sábado (21) que o Exército irá intensificar a produção de cloroquina em seus laboratórios.
“Existe a possibilidade sim de que seja eficaz. Devemos nos antecipar porque esses testes levam tempo. Estamos na frente, pensando lá na frente. Na possibilidade de ser eficaz”, afirmou em entrevista à CNN Brasil.
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) disse que vai vetar a exportação de hidroxicloroquina para manter o fornecimento do produto. Também vai passar a exigir retenção de receita para venda em farmácia.
A agência não recomenda o uso do remédio para tratar ou prevenir da infecção pelo coronavírus. "Não há recomendação da Anvisa, no momento, para o uso em pacientes infectados ou mesmo como forma de prevenção à contaminação. Ressaltamos que a automedicação pode representar um grave risco à sua saúde", afirma a Anvisa em nota.
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