Descrição de chapéu Coronavírus

98,9% dos paulistanos tiveram Covid ou foram imunizados, diz estudo

Pesquisa mostra ainda que 8 em 10 moradores de São Paulo possuem anticorpos contra a variante ômicron do coronavírus

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São Paulo

Praticamente toda a população da cidade de São Paulo, ou 98,9%, possui anticorpos no sangue específicos contra o coronavírus Sars-CoV-2, o que indica ou uma infecção prévia pelo vírus ou uma resposta imune gerada após vacinação contra a Covid.

Os números são da oitava e última etapa do mapeamento sorológico da capital paulista realizado pelo laboratório Fleury em parceria com Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria, antigo Ibope), Instituto Semeia e Todos pela Saúde.

Segundo a pesquisa, a parcela da população que provavelmente se infectou com o vírus cresceu em 2022 em comparação ao final do ano passado, passando de aproximadamente 52,8%, em setembro, para 79,1% em abril de 2022.

Já o número de paulistanos que possuem anticorpos gerados após receber pelo menos duas doses das vacinas contra Covid foi de 81,8%, em 2021, para 96,3% no último mês.

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Homem realiza teste contra Covid em Brasília (DF), no esquema drive thru - Pedro Ladeira - 21.abr.20/Folhapress

No mesmo período, 8 em cada 10 paulistanos (83,1%) apresentavam anticorpos específicos contra a variante ômicron do coronavírus, sugerindo que praticamente um terço das novas infecções ocorreu no período da onda da ômicron.

O estudo sorológico nos indivíduos maiores de 18 anos de São Paulo faz uso de dois testes distintos para avaliar a presença no sangue de anticorpos específicos para o coronavírus.

Um deles busca os anticorpos produzidos contra a nucleoproteína (proteína presente no núcleo) do Sars-CoV-2, que pode indicar ou uma infecção prévia ou a imunização com Coronavac.

O outro teste busca os anticorpos neutralizantes, capazes de bloquear a entrada do vírus nas células. Esses anticorpos são gerados após vacinação com os demais imunizantes.

No recorte por renda, a nova fase do projeto corroborou o que já vinha sendo observado nas demais: que os distritos mais pobres da cidade foram mais afetados pela infecção natural do vírus em comparação aos mais ricos. Na metade da cidade que compreende os distritos com a menor renda média, 84,7% dos entrevistados possuíam os anticorpos contra a nucleoproteína, contra 72,9% naqueles que vivem nos distritos de maior renda.

Não houve diferença significativa da prevalência de anticorpos neutralizantes entre as duas regiões mais pobre e mais rica da cidade, indicando que a vacinação possuiu distribuição igual na população.

Para o infectologista e diretor clínico do Grupo Fleury, Celso Granato, mesmo considerando a queda natural de anticorpos que pode ocorrer quatro meses após a vacinação —ou com algumas variantes, como a ômicron—, o estudo estima a parcela da população com algum indicador de anticorpos no sangue.

"Os dados equivalem à soma de pessoas que tiveram a doença pela primeira vez, de pessoas que receberam as vacinas da Covid e pessoas com reinfecção. Por isso, não é possível saber quanto de cada um representa imunidade por vacina ou por infecção, mas a diferença da 7ª para a 8ª fase [de 26,3 pontos percentuais] coincide com o período da ômicron", afirmou.

A pesquisa foi realizada entre os dias 31 de março e 9 de abril de 2022, quando a cidade já havia registrado um total de 1.917.503 casos e mais de 42 mil mortes pela Covid, desde o início da pandemia.

Em São Paulo, a população adulta é de 9.267.688 habitantes. Dessa forma, o levantamento indica que pelo menos 9,16 milhões já se infectaram ou foram vacinadas contra o coronavírus. Assim, os cerca de 1,9 milhões casos confirmados equivalem a cerca de um quinto (22%) da população adulta total.

Segundo o biólogo e professor titular da USP (Universidade de São Paulo) e principal coordenador do estudo, Fernando Reinach, ao olhar somente para os casos confirmados e notificados a impressão que permanece é que a pandemia ainda está começando no município, mas isso não é corroborado pelo inquérito sorológico.

"Se considerarmos o total da população com anticorpos contra a nucleoproteína ou aqueles com anticorpos neutralizantes, já temos quase 100% da população adulta com anticorpos, indicando que a pandemia pode, nos próximos meses, ser reduzida a níveis muito mais baixos, como observado", disse.

"Isso não significa que não teremos mais casos e internações por Covid na cidade de SP, mas chegamos a uma quantidade suficientemente grande de pessoas com anticorpos que garante, contanto que a vacinação seja mantida e não surjam novas variantes mais infecciosas, manter uma certa imunidade coletiva para proteger contra hospitalizações e mortes", afirmou.

Nesta última etapa, a pesquisa SoroEpiMSP dividiu a cidade em 160 setores censitários, nos quais foram sorteadas aleatoriamente oito residências em cada. Os residentes de cada uma das residências sorteadas que fossem maiores de 18 anos foram convidados a participar da pesquisa. No total, foram colhidas 936 amostras de sangue.

A pesquisa também perguntou aos participantes se eles haviam recebido ao menos uma dose dos imunizantes contra Covid. De acordo com o estudo, 98,2% declararam ter recebido pelo menos a primeira dose da vacina contra Covid, enquanto 91% afirmaram ter recebido duas ou três doses do imunizante.

A primeira etapa do projeto, concluída em maio de 2020, comparou os bairros com maior número de casos e óbitos por 100 mil habitantes e apontou que 5% da população já havia entrado em contato com o vírus.

A segunda etapa, concluída em junho de 2020, mostrou uma prevalência em toda a população de 11,4%. Na terceira fase, realizada em julho do mesmo ano, a soroprevalência observada foi de 17,9%.

Em outubro de 2020, a quarta fase indicou que 26,2% da população adulta de São Paulo já possuía anticorpos contra o vírus. A quinta fase, que ocorreu em janeiro de 2021, apontou um terço da população adulta com infecção prévia da doença. Na sexta etapa, realizada entre os dias 22 de abril e 1˚ de maio, esse número já havia saltado para 41,6%.

Por fim, a sétima etapa, realizada em setembro de 2021, indicou que 81,8% da população com mais de 18 anos na cidade possuía anticorpos neutralizantes contra o vírus. À época, 6 em cada 10 paulistanos adultos haviam recebido ao menos uma dose da vacina.

Após a conclusão da oitava e última etapa, os pesquisadores irão submeter os dados do estudo completo para uma publicação em uma revista científica internacional de alto impacto.

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