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Entenda o que é doença de Crohn e quais são os sintomas

Enfermidade acomete mais de 71 mil brasileiros e não tem cura

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São Paulo

A doença de Crohn é uma doença inflamatória, crônica, que em 2020 acometia 71,3 mil pessoas no Brasil.

Ela afeta predominantemente a parte final do intestino delgado (íleo), a parte central do intestino grosso (cólon) e a região perianal, mas pode comprometer qualquer porção do trato gastrointestinal, da boca ao ânus.

Assim como a retocolite ulcerativa, a doença de Crohn é uma DII (doença inflamatória intestinal), mas há algumas diferenças. A retocolite acomete somente o cólon e reto, ao passo que em pacientes com Crohn a inflamação pode atingir qualquer porção do trato digestório.

Criança sentada com as mãos sobre a barriga
Dor abdominal e diarreia estão entre os sintomas da doença de Crohn - Towfiqu Barbhuiya/Adobe Stock

Além disso, a retocolite afeta somente as camadas mais internas, que revestem o intestino, enquanto a doença de Crohn é transmural, provocando inflamação além da parede intestinal.

Veja abaixo perguntas e respostas sobre a doença de Crohn.



O que causa a doença?

Ainda não se sabe exatamente quais são as causas. Fatores genéticos e alterações no sistema imunológico são os aspectos apontados com maior frequência. Fumar, não praticar exercícios físicos e ter uma dieta rica em gorduras também podem ter relação com o surgimento da enfermidade.

Quais são os sintomas da doença de Crohn?

Geralmente, a doença de Crohn provoca diarreia, cólica abdominal, fraqueza, febre, perda de apetite e de peso. Outros sintomas são obstrução intestinal, fezes com sangue e lesões na região anal.

Podem surgir ainda manifestações extraintestinais, incluindo uveíte (inflamação de uma camada do olho), dor nas articulações, hepatite e lesões na pele como eritema nodoso e pioderma gangrenoso.

"Quando o paciente tem cólicas, uma diarreia que persiste após quatro semanas, não respondeu às medidas iniciais –mudanças na dieta e uso de medicamentos para controle da dor e redução do movimento intestinal– e os exames afastaram infecção por vírus ou bactéria, é preciso considerar as doenças inflamatórias intestinais", diz o coloproctologista Carlos Sobrado.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico é feito geralmente por um gastroenterologista a partir do histórico do paciente, exame clínico, exames de imagem e laboratoriais. Os exames de imagem, entre eles endoscopia e colonoscopia, ajudam a identificar o foco da inflamação, e os exames de sangue apontam eventuais deficiências nutricionais em decorrência da doença.

Qual é o tratamento?

A doença de Crohn não tem cura. O objetivo do tratamento é reduzir a inflamação, diminuindo as agudizações e oferecendo qualidade de vida ao paciente.

"Para isso temos medicamentos imunossupressores, que reduzem a resposta inflamatória e imunológica a um patamar mais próximo do normal", diz o gastroenterologista Adérson Omar Mourão Cintra Damião.

Entre esses medicamentos estão os agentes biológicos, utilizados em pacientes que têm a forma mais grave da doença. "São drogas potentes, que bloqueiam a cascata inflamatória e têm alto poder de cicatrização", afirma a gastroenterologista Marta Brenner Machado.

Os médicos também recomendam uma dieta com alimentos naturais, sempre que possível com acompanhamento de nutricionista, e destacam a importância da saúde mental. Fatores como estresse e ansiedade podem contribuir para o agravamento da doença.

Há necessidade de cirurgia?

A cirurgia geralmente é considerada quando há obstruções intestinais que impedem o fluxo do bolo fecal ou fístulas (novos canais de ligação entre as alças intestinais).

Nessas situações, o trânsito intestinal é desviado para a parede abdominal e seu conteúdo vai sendo armazenado em uma bolsa acoplada ao corpo. Quando o desvio é feito no íleo, esse procedimento é chamado de ileostomia e, quando é realizado no cólon, colostomia.

As cirurgias podem ser temporárias (reversíveis), com o objetivo de controlar a inflamação e permitir a cicatrização do intestino, ou definitivas.

Pessoas com doença de Crohn têm maior risco de câncer?

A doença de Crohn é considerada um fator de risco para o desenvolvimento de câncer no trato gastrointestinal, por isso pacientes com oito ou mais anos de início dos sintomas geralmente são orientados a realizar exames que permitem a detecção precoce de tumores. Uma das recomendações, afirma Sobrado, é realizar endoscopia e colonoscopia a cada dois anos.

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