Quais os usos comprovados de cannabis medicinal até agora

Edição da newsletter Cuide-se fala sobre princípios farmacológicos de óleo extraído da planta

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Esta é a edição da newsletter Cuide-se desta terça-feira (17). Quer recebê-la no seu email? Inscreva-se abaixo:

Nesta edição, explico os efeitos conhecidos da cannabis medicinal —ou canabidiol—, suas aplicações e para o que ela pode ser usada no Brasil.

Médico segurando folha de cannabis medicinal
Médico segurando folha e frasco de cannabis medicinal - freepic

Afinal, o que é canabidiol (CBD)?

Primeiro, é importante distinguir a maconha (uso recreativo) do canabidiol. Explico:

  • Maconha é tudo aquilo que foi produzido da planta Cannabis sativa para consumo em sua forma pura (alimentícia), inalação pela queima (como por bongs e cachimbos) ou fumo direto;

  • Canabidiol é uma substância obtida a partir da extração do óleo (a frio) da Cannabis, e ele tem como principal via de ingestão oral.

Os estudos sobre as propriedades do canabidiol são antigos, da década de 1940, quando foi observado que os derivados farmacológicos das moléculas ativam receptores (chamados CB1 e CB2) no cérebro. Essa ativação tem fins terapêuticos, como para tratamento da ansiedade, anticonvulsivantes, depressão e anti-inflamatórios.

Já o composto responsável por proporcionar a sensação de euforia da maconha é o THC (sigla para tetra-hidrocanabinol) —este não está presente na maioria dos produtos medicinais à base de canabidiol.

Estudos randomizados, controlados e duplo-cego (considerados o padrão-ouro da medicina baseada em evidência) encontraram efeitos positivos do canabidiol para diferentes condições, sendo as principais:

  • Esclerose múltipla;

  • Epilepsia (principalmente em crianças);

  • Autismo;

  • Parkinson;

  • Fibromialgia e dor crônica (mais recentes).

Evidências para tratamento de distúrbios do sono, ansiedade, depressão e câncer são mais limitadas. Ainda há alguns usos em estudo, como dermatológicos e para prazer feminino, na forma de lubrificantes, mas estes ainda carecem de comprovação.

Agências regulatórias como Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e FDA (Food and Drugs Administration) aprovaram alguns medicamentos à base de Cannabis, mas não para todas as indicações acima.

No caso da FDA, a única terapia aprovada é o Epidiolex, para tratamento de esclerose múltipla.

A Anvisa tem 25 substâncias à base de canabidiol aprovadas para uso terapêutico, mas somente um registro de medicamento: o Mevatyl, indicado para adultos com espasticidade moderada a grave devido à esclerose múltipla que não responderam adequadamente a tratamentos anteriores.

Cultivar pode?

Sim, desde dezembro, quando a Anvisa aprovou o cultivo da planta no país para extração do óleo com fins de pesquisa.

Especialistas e grupos de pacientes acreditam que isso poderá baixar o custo de produção, democratizar o acesso e ajudar no avanço de pesquisas sobre o tema no país.

O Brasil foi protagonista nos primeiros estudos científicos com a planta, na década de 1960, com o trabalho do médico e professor da Escola Paulista de Medicina Elisaldo Carlini. Mas perdeu a vanguarda com a proibição em 1983 do cultivo inclusive para fins de pesquisa.

Mais recentemente, alguns estudos feitos com apoio da Fapesp mostraram que uma substância análoga à Cannabis pode ajudar no tratamento da dor neuropática, que atinge hoje de 3% a 15% da população.

CIÊNCIA PARA VIVER MELHOR

Novidades e estudos sobre saúde e ciência

  • Estudo pode melhorar resposta de vacinas contra tuberculose. Uma pesquisa publicada na segunda-feira (16) no Journal of Experimental Medicine identifica formas de resposta imune contra a infecção inicial por tuberculose que podem auxiliar no desenvolvimento de vacinas.
  • Gasto com cuidado médico é maior em idosos com demência. Pesquisadores da Universidade de Michigan (EUA) acompanharam 4.000 pacientes com demência por oito anos e constataram que os gastos relacionados à doença e as horas semanais necessárias para cuidado cresceram quase 50% em relação aos que não tinham a condição. O estudo foi publicado nesta segunda (16) na revista Jama Internal Medicine.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.