Saiba se você tomou todas as vacinas recomendadas desde a infância

Carteira de vacinação é documento tão importante quanto RG; se perdeu a sua, pode se dirigir ao posto onde foi imunizado e receber novas doses

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São Paulo

Em meio ao crescimento de doenças infectocontagiosas, como meningite e poliomielite, e devido às baixas coberturas vacinais verificadas no país desde meados de 2015, muitas pessoas se questionam sobre como saber se recebeu todos os imunizantes preconizados no calendário infantil quando pequenas.

Essa é uma dúvida comum; as pessoas, porém, podem ter vergonha de fazer por medo de parecerem relapsas ou esquecidas quanto ao seu cuidado à saúde. Mas, na realidade, o hábito de acompanhar quantas doses de vacina tomamos é mais recente —e teve uma explosão durante a pandemia da Covid.

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Dia D de mobilização da Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite e Sarampo - Marcelo Camargo/Agência Brasil

A primeira coisa a saber é se você nasceu antes ou depois de 2013, explica Brigina Kemp, do COSEMS/SP (Conselho de Secretários Municipais de Saúde de São Paulo). Isso porque, antes de 1990, não tinha sistema informatizado, e o registro era em papel que ficava arquivado na sala de vacinação. De 1990 a 2013, foi criado o sistema SI-API, que registrava apenas as doses aplicadas por município, mas não por pessoa. "Então você ia com sua carteira de vacinação e o funcionário do município escrevia [ou carimbava com os lotes] as doses recebidas, mas não tinha um registro nominal", afirma.

A carteira de vacinação era, portanto, um documento importante —o único registro pessoal comprovando a imunização. "A gente fazia campanhas na imprensa para dizer que a carteira [de vacinação] era tão importante quanto o RG", relata.

A partir de 2013, os registros de vacinação passaram a ser incluídos em um novo programa lançado pelo Ministério da Saúde, o SI-PNI (Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações). "Nós recebemos o apoio do ministério para compra de computadores compatíveis com o software, e a ideia era que todos os 5.570 municípios utilizassem o mesmo sistema. Mas, a implementação demorou um pouco porque alguns municípios tinham sistemas próprios, outros demoraram a fazer as aquisições", diz.

A migração para o sistema nominal, portanto, não ocorreu ao mesmo tempo em todo o país. Além disso, foi lançada alguns anos depois a plataforma de prontuário eletrônico e-SUS APS (Atenção Primária em Saúde), que permite registrar os dados dos atendimentos em UBSs (Unidades Básicas de Saúde) e de vacinação.

Foi mais ou menos nesta época, em 2015, quando os indicadores vacinais começaram a apresentar uma queda no país, atingindo os níveis mais baixos no último ano, de 2022.

Esses dados devem ser olhados com muita cautela, afirma José Cássio Moraes, da USP, justamente pelas dificuldades no registro de doses aplicadas no período. "Sabemos que o Brasil tem problemas de interrupção de sinal de internet, que ele não é igual em todos os lugares, que a velocidade não é a mesma, que os sistemas são sobrecarregados. Então fazer o preenchimento do papel para o sistema pode enfrentar essas barreiras, por isso, algumas informações demoram a serem atualizadas", explica.

Com a Covid, alguns estados também passaram a ter seus sistemas próprios, como é o caso do VaciVida, do Estado de São Paulo.

"Isso acarreta em uma complexidade e dificuldade, porque são várias as possibilidades de entradas e dados de vacinação", afirma Kemp. Mas todas as informações devem ser enviadas para o sistema central do Ministério da Saúde.

No início do ano, o secretário do Departamento do Programa Nacional de Imunizações, Eder Gatti, anunciou o lançamento de um sistema único, a RNDS (Rede Nacional de Dados de Saúde). O objetivo é centralizar todas as informações de saúde a nível nacional nesta plataforma.

Por esse motivo, se uma criança ou adolescente nasceu em um município e tomou as primeiras doses no local mas, em algum momento, se mudou para outro, pode ser que os dados demorem a ser cruzados, principalmente se os municípios tiverem sistemas individuais. "Eu sei que agora o Ministério [da Saúde] está tentando organizar todos os sistemas, unificar", disse Moraes.

O sistema vai incluir também dados de clínicas particulares de vacinação, facilitando a informação.

O QUE FAZER SE PERDI MINHA CARTEIRA

Por fim, Kemp explica que, na prática, qualquer pessoa em atraso pode comparecer ao posto e receber uma dose de vacina, mesmo sem a carteirinha de vacinação, desde que seja indicada para sua faixa etária. "Na dúvida se você tomou ou não, os funcionários da sala de vacina vão te dar uma nova dose, se for reforço, ou iniciar o esquema vacinal", disse.


Vacinas incluídas no calendário:

CALENDÁRIO INFANTIL

  1. BCG (dose única ao nascer)

  2. Hepatite B (dose ao nascer)

  3. Poliomielite 1, 2 e 3 (vacina inativada —três doses aos dois, quatro e seis meses— e dois reforços com oral)

  4. Poliomielite 1 e 3 (vacina oral atenuada - doses de reforço aos 15 meses e 4 anos)

  5. Rotavírus humano (duas doses —dois e quatro meses)

  6. Pentavalente (difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e Haemophilus influenzae b) —três doses com dois reforços da DTP (dois, quatro e seis meses)

  7. Pneumocócica conjugada (duas doses —dois e quatro meses— e um reforço aos doze meses)

  8. Meningocócica (duas doses —três e cinco meses— e um reforço aos doze meses)

  9. Tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) —duas doses aos doze meses

  10. Tetraviral (sarampo, caxumba, rubéola e varicela) —uma dose aos 15 meses

  11. Hepatite A (uma dose aos 15 meses)

  12. DTP (difteria, tétano e pertussis —três doses com dois reforços— aos 15 meses e 4 anos)

  13. dT (difteria e tétano) —três doses (considerar as doses anteriores de penta e DTP) a partir dos 7 anos

  14. HPV quadrivalente (duas dose —9 a 14 anos)

  15. Pneumocócica 23-valente (duas doses a partir dos 5 anos)

  16. Varicela (catapora —uma dose a partir dos 4 anos)

  17. Febre amarela (atenuada —uma dose aos nove meses— e um reforço aos 4 anos)

CALENDÁRIO DO ADOLESCENTE

  1. Hepatite B (iniciar ou completar três doses, de acordo com situação vacinal)

  2. dT (difteria e tétano —a cada dez anos)

  3. Febre amarela (dose única)

  4. Tríplice viral (iniciar ou completar duas doses, de acordo com situação vacinal)

  5. HPV (9 a 14 anos)

  6. Meningocócica ACWY (conjugada —11 a 14 anos)

CALENDÁRIO DA GESTANTE

  1. Hepatite B (iniciar ou completar três doses, de acordo com histórico vacinal)

  2. dT (difteria e tétano —iniciar ou completar três doses, de acordo com histórico vacinal)

  3. dTpa (difteria, tétano e coqueluche —uma dose a cada gestação)

CALENDÁRIO DO IDOSO OU ADULTO

  1. Hepatite B (iniciar ou completar três doses, de acordo com situação vacinal)
  2. dT (difteria e tétano —a cada dez anos)
  3. Febre amarela (dose única)
  4. Tríplice viral (duas doses —20 a 29 anos— uma dose —30 a 59 anos)
  5. Pneumocócica (duas doses —60 anos)
  6. Varicela (uma ou duas doses a depender do fabricante —a partir de 18 anos)
  7. dTpa (difteria, tétano e coqueluche —uma dose a cada dez anos)
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