Cidade de São Paulo identifica o primeiro caso do sorotipo 3 da dengue

Mulher tem 48 anos e já se recuperou; em 2023, foram identificadas 14 amostras do sorotipo no estado; 2024 contabiliza uma, em Votuporanga

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São Paulo

A Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo identificou o primeiro caso do sorotipo 3 da dengue na cidade de São Paulo. A paciente é uma mulher de 48 anos, moradora da Vila Curuçá, na região do Itaim Paulista, na zona leste.

Segundo Luiz Artur Caldeira, responsável pela Covisa (Coordenadoria de Vigilância em Saúde), os sintomas surgiram em 24 de dezembro. No dia seguinte, ela procurou o Pronto Atendimento Dr. Atualpa Girão Rabelo com sintomas leves da doença, fez a sorologia, foi medicada e liberada.

A paciente não tinha histórico de viagem recente, mas relatou ter visitado Suzano (Grande São Paulo) uma semana antes.

Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue, zika e chikungunya
Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue, zika e chikungunya - Shinji Kasai - 10.jan.2023/AFP

"O sorotipo 3 foi descoberto através dos nossos procedimentos de monitoramento do cenário epidemiológico de rotina. Ela passou numa unidade sentinela, que coleta os exames enviados para a sorologia no LABZOO [Laboratório de Diagnóstico de Zoonoses e Doenças Transmitidas por Vetores], que faz a sorotipagem dos tipos de vírus circulantes", explica.

O resultado saiu na primeira semana de janeiro. A Secretaria Municipal da Saúde reforçou as ações de combate à dengue no local.

"Retornamos ao bairro, no distrito de Itaim, onde já tínhamos feito aquele bloqueio convencional, num raio de 160 metros em volta do endereço do paciente. Em posse da nova informação do sorotipo 3, na primeira semana de janeiro, já com a equipe mais reforçada, fizemos o casa a casa [visitas domiciliares onde há casos suspeitos ou confirmados de dengue para orientação e busca de criadouros do Aedes aegypti] e a nebulização no bairro todo, de maneira estendida, para prevenção. No primeiro sábado do mês foi feito um mutirão para o casa a casa e a nebulização na zona leste", relata Caldeira.

Segundo Luiz Artur Caldeira, a secretaria terá uma atenção maior nas próximas semanas e ao longo do ano para identificar possíveis mudanças no cenário epidemiológico, como por exemplo, o aumento da incidência da doença em algumas regiões e o aparecimento de casos com gravidade.

É importante ressaltar que a sazonalidade da doença mudou. Falar sobre a dengue é uma missão para o ano inteiro.

"Você lembra que aquele quadradinho da sazonalidade de março, abril e maio? Em 2023, antecipou para janeiro. O que aparentemente conseguimos observar de diferente em 2024? Essa antecipação da sazonalidade que antes era março, abril, maio, agora muito provavelmente a gente já vai conseguir identificar que já começou em dezembro", diz Caldeira.

"Quando observamos os casos confirmados em 2023, no mês de dezembro tivemos 958. Em 2022, esse número era 191".

"Esse número de casos representa o característico da própria sazonalidade ou ao menos do início dela. A sociedade deve ficar atenta. Se os números mostram que a sazonalidade da transmissão da dengue está a cada ano antecipando, se nós contarmos que começou possivelmente em dezembro, não teremos mais três meses mais agudos e sim seis, o que provavelmente vai acontecer, ou seja, meio ano tendo que se preocupar com a dengue em todo o país", finaliza.

De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, em todo o ano de 2023 foram identificadas 14 amostras do sorotipo 3 da dengue —11 em Votuporanga, 1 em Valentim Gentil, 1 em São José do Rio Preto e 1 em São Paulo. O caso identificado na zona leste da capital paulista entra na conta de 2023, porque a paciente teve início dos sintomas em dezembro do ano passado. Em 2024, até o momento, um caso do sorotipo 3 foi identificado em Votuporanga (a 521 km de São Paulo).

Até o dia 10 de janeiro, a capital paulista já somou 286 casos de dengue. No mesmo período do ano passado houve 236 confirmações da doença —alta de 21,1%.

Em 2024, segundo boletim epidemiológico da Secretaria Municipal da Saúde, Itaquera (zona leste) é o distrito administrativo com mais casos, com 36, seguido de Campo Limpo (zona sul), com 29, e Vila Jaguara (zona oeste), que soma 22.

Atualmente, os quatro sorotipos da dengue estão em circulação no Brasil, ou seja, cada pessoa pode pegar a doença quatro vezes. Quando um indivíduo é infectado por um deles adquire imunidade contra aquele vírus, mas ainda fica suscetível aos demais.

Quem contraiu as linhagens 1 ou 2 da dengue —prevalentes no Brasil— e se infectar pela 3 pode desenvolver um quadro grave da doença.,

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