O dinheiro dos direitos de transmissão ainda é a principal fonte de receita dos clubes mais ricos do futebol brasileiro, mas a venda de jogadores ganhou, em 2018, mais relevância para o orçamento dessas equipes do que nos últimos anos.
É o que mostra o estudo da Sports Value, empresa de marketing esportivo que analisou as demonstrações contábeis referentes à temporada passada dos 20 clubes de maior receita no Brasil.
Segundo o estudo, dos R$ 5,26 bilhões que esses 20 times geraram de receita, R$ 2,01 bilhões provêm dos direitos de TV. Logo na sequência estão as transferências de atletas, com R$ 1,3 bilhão.
Com 24% do total referente às vendas de jogadores, o número mostra a maior dependência desta fonte desde 2008, quando 27% da receita dos clubes era proveniente do mercado da bola.
A temporada passada foi a segunda consecutiva com crescimento da porcentagem de participação do êxodo de atletas no total das receitas. Em 2016, o número foi de 14%. Em 2017, aumentou para 19%, e aumentou novamente no ano passado.
Líder no ranking de receitas em 2018 (R$ 653,9 milhões) de acordo com a Sports Value, o Palmeiras lucrou mais com a venda de jogadores do que com os direitos de transmissão de suas competições. O clube alviverde faturou R$ 170 milhões com atletas, enquanto recebeu R$ 137 milhões da televisão.
A participação das transferências na receita palmeirense foi de 26%, um aumento em comparação com 2017, quando era de apenas 7%.
Em 2018, só com as vendas do zagueiro Yerry Mina, para o Barcelona (ESP), e do atacante Keno, para o Pyramids (EGI), a diretoria arrecadou 20,4 milhões de euros (cerca de R$ 83,3 milhões).
Mesmo assim, o clube alviverde não fica entre os que mais dependem dessa fonte de renda para sobreviver. O Fluminense lidera a lista com 40% da sua receita proveniente da venda de jogadores —R$ 119 milhões de um total de R$ 297,4 milhões. Nesse ranking, o Palmeiras aparece apenas na sétima posição.
O segundo lugar é do São Paulo, que no ano passado arrecadou R$ 155 milhões com transferências, o que representa 36% do seu faturamento total (R$ 424,5 milhões).
Só nas negociações de Lucas Pratto, Christian Cueva e Éder Militão, o São Paulo levantou 23,5 milhões de euros (cerca de R$ 95,5 milhões).
Para se ter ideia da importância de vender jogadores na receita do clube do Morumbi: sem contar essa receita, o São Paulo foi o sexto clube brasileiro de maior arrecadação; com as transferências, quarto.
Apesar disso, em comparação com 2017, houve uma redução na participação da venda de atletas. Naquele ano, 39% das receitas do clube vieram de negociações.
No top 10 das agremiações que mais faturaram em 2018 segundo o estudo, Flamengo e Internacional foram os únicos em que o êxodo de jogadores não representou a primeira ou a segunda principal fonte de receita.
No caso do time rubro-negro, segundo colocado no ranking de arrecadação total (R$ 542,8 milhões), atrás apenas do Palmeiras, a maior fatia provém da TV (R$ 222 milhões) e depois dos patrocínios (R$ 90 milhões).
No Internacional, os direitos de transmissão representam a principal fonte de receita, com R$ 102 milhões recebidos no ano passado. A segunda maior parte da renda é oriunda do programa de sócios do clube, que injetou R$ 64 milhões nos cofres colorados em 2018.
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