Descrição de chapéu Pan-2019

Peruanos ignoram derrotas esmagadoras e festejam atletas no Pan

Sede do evento, país tem direito a vaga em todas as modalidades

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Lima (Peru)

Algum espectador desavisado que acompanhou a competição por equipes da ginástica artística no Pan de Lima, neste domingo (28), pode ter pensado que os atletas peruanos disputavam as primeiras posições, tamanha a empolgação do público e da mestre de cerimônias com as suas performances.

Mas eles estavam bem longe disso. Apesar das muitas palmas, gritos e músicas que vinham das arquibancadas para incentivá-los, terminaram na última posição entre os nove países que que participaram da disputa.

Após a última apresentação da noite, enquanto americanos e brasileiros esperavam apreensivos uma definição de nota para saber quem ficaria com a medalha de ouro, os ginastas do país da casa se reuniram no centro do tablado de solo, uniram as mãos e gritaram “Peru!”, para delírio dos presentes no ginásio.

Os peruanos Christian Pacheco (esq) e Gladys Tejeda, após ambos conquistarem o redorde pan-americano da maratona e o ouro na prova
Os peruanos Christian Pacheco (esq) e Gladys Tejeda, após ambos conquistarem o redorde pan-americano da maratona e o ouro na prova - Ivan Alvarado - 27.jul.2019/REUTERS

País com pouca tradição esportiva, a sede dos Jogos Pan-Americanos teve um bom começo de evento. Até esta segunda (29), seus atletas conquistaram oito medalhas em três dias, quatro a menos do que obtiveram em todo o Pan de 2015. Também já igualaram o desempenho da última edição em número de ouros, com três.

Por ser o anfitrião do evento, o Peru tem o direito de participar de todas as modalidades —não está no basquete por conta de problemas com a sua federação. Em algumas delas, já sofreu derrotas esmagadoras. Sua seleção feminina de handebol, por exemplo, marcou 34 gols e sofreu 127 na primeira fase. Apesar de duros, esses resultados não têm desanimado os torcedores locais.

"Lamentavelmente, o handebol é um esporte pouco difundido no Peru e não tem muito apoio. Mas o Pan é um ponto de partida para que se dê mais importância a partir de agora não apenas para o futebol, mas para esportes menos conhecidos”, disse Giovanni Camacho, que acompanhou na arquibancada ao lado dos pais os primeiros dias do torneio feminino da modalidade.

Um torcedor ergue uma faixa do Peru no Estádio San Marcos, em Lima
Um torcedor ergue uma faixa do Peru no Estádio San Marcos, em Lima - Henry Romero - 28.jul.2019/REUTERS

Na manhã de domingo (28), os dois representantes peruanos na prova masculina do ciclismo mountain bike ficaram longe de completar o percurso. Para o torcedor local Luis Heredia Matienzo, 60, que carregava a bandeira do país no circuito do Morro Solar, restou acompanhar a disputa entre o brasileiro Henrique Avancini, 30, e o mexicano José Ulloa, 23, pelo ouro.

“O problema é que nós, como país, não damos muito valor ao esporte”, ele afirmou. “Os Jogos Pan-Americanos estão sendo uma imersão esportiva. Custou muito fazê-los, então que agora eles nos sirvam de benefício”.

Os próprios atletas da casa têm lidado bem com a ideia de que o Pan é uma oportunidade de aprender e ganhar experiência. No sábado (27), o canoísta Beldin Gaona, 19, competiu nas eliminatórias da prova de 1.000 m ao lado de Isaquias Queiroz, três vezes medalhista olímpico na Rio-2016.

O brasileiro completou o percurso na lagoa de Huacho (a 180 km de Lima) em 4 minutos, e o peruano chegou 49 segundos depois.

Gaona pratica canoagem desde 2012, mas divide o tempo no esporte com a faculdade de medicina e teve que interromper os treinamentos diversas vezes pela falta de estrutura para a modalidade no país.

Ele ganhou uma seletiva local para representar o Peru no Pan e diz ter passado um mês treinando para valer antes do evento. “Fiquei muito contente porque sei que dei o meu melhor”, afirmou após terminar na última posição nas eliminatórias da prova.

Depois da linha de chegada, quando retornava com a embarcação, o jovem pôde ouvir alguns conselhos de Isaquias. “Ele me disse que eu ainda terei muitos anos na canoagem, que não desanime e siga treinando. E que se eu tivesse alguma dúvida poderia perguntar, porque ele me ajudaria”, contou Gaona.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.