Descrição de chapéu Mundial de Clubes 2019

'Fica, Gabigol' vira mantra de flamenguistas em Mundial no Qatar

Atacante deve ter futuro definido apenas após o torneio

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Doha

Ao parar a cada dez passos para tirar fotos com torcedores no mercado Souq Waqif, o presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, vestido com uma camisa de jogo do clube que, em vez do patrocinador master tinha a frase “obrigado, nação”, escutava as mesmas perguntas:

“Vamos ser campeões?”

“Vamos ganhar do Liverpool?”

Gabigol vai ficar?

Gabriel Barbosa comemora seu segundo gol na final da Libertadores contra o River Plate (ARG)
Gabriel Barbosa comemora seu segundo gol na final da Libertadores contra o River Plate (ARG) - Pilar Olivares - 23.nov.2019/REUTERS

Ele mostrava confiança ao responder as três, mesmo ao elogiar os ingleses (“eles jogam com uma intensidade incrível o tempo todo”) e ao afirmar que vai conversar com o atacante, artilheiro do time em 2019, apenas após a disputa do Mundial. Um torneio que pode fazer a permanência do camisa 9 ficar ainda mais difícil.

Nesta terça (17), a equipe brasileira faz a semifinal da competição em Doha, no Qatar, contra o Al-Hilal, da Arábia Saudita, às 14h30 (de Brasília). Se vencer, enfrenta na decisão o vencedor do confronto entre Liverpool (ING) e Monterrey (MEX), que se enfrentam na quarta (18).

Se tem 43 gols em 57 partidas pelo Flamengo em 2019, Gabriel anotou 2 em 15 jogos disputados por Internazionale (ITA) e Benfica (POR), em passagens para esquecer pelo futebol europeu. Agora pode ter chegado o momento de mostrar para os clubes europeus o que ele não conseguiu entre 2016 e 2017.

“São outras situações. Agora estou no Flamengo e sou um jogador diferente daquele que jogou na Internazionale. Devo isso ao Jorge Jesus”, disse o centroavante, autor dos gols que deram ao clube carioca o título da Libertadores sobre o River Plate (ARG) e tornaram sua permanência no Rio uma prioridade ainda maior.

Ao se desvencilhar da ideia de acertar a renovação com o Flamengo antes do final do ano, Gabriel joga com a possibilidade do interesse de um grande europeu e de uma nova chance de se destacar nas ligas nacionais mais importantes do mundo. Sabe que, para isso, o confronto contra o Liverpool e o zagueiro holandês Virgil van Dijk, melhor do mundo na posição, serão fundamentais.

“Antes do Liverpool temos o Al-Hilal”, desconversou Jorge Jesus sobre o assunto, lembrando que o Flamengo precisa de uma vitória antes de pensar nos ingleses. E ele disse isso antes mesmo de o clube árabe derrotar o Espérance (TUN) nas quartas de final.

Nos últimos seis anos, três vezes o representante sul-americano na competição caiu na semifinal: Atlético-MG (2013), Atlético Nacional-COL (2016) e River Plate-ARG (2018).

A camisa de Gabigol é a mais vista entre os flamenguistas em Doha, embora a bandeira levada pela organizada Urubuzada para o centro da cidade nesta segunda (16) e exibida pelos torcedores tenha a imagem de Bruno Henrique, eleito o melhor da Libertadores.

Quando o ônibus com os jogadores despontou na entrada do hotel Gran Hyatt, com vista para a West Bay, após o desembarque no Qatar no sábado (14) os cerca de 50 torcedores presentes começaram a gritar “Fica, Gabigol”. O atacante fez de conta que não ouviu. Mas do presidente Landim escutou um dos argumentos para permanecer na Gávea: pode fazer parte de algo muito especial na história do futebol brasileiro. O projeto do clube é dominar o cenário nacional e vencer mais Libertadores, com alto nível de investimento em reforços.

O centroavante considera isso. Tanto que após a vitória sobre o River Plate afirmou que a equipe poderia “iniciar uma era” no país. Mas repetiu para o cartola que era melhor esperar o término da temporada.

Isso significa aguardar que acabe o Mundial de Clubes.

A passagem dos jogadores entre o ônibus e a entrada do hotel foi o único “contato” com a torcida em Doha. Os treinos realizados até a final foram e serão fechados e o acesso ao local onde o elenco está hospedado é restrito.

Sem poder ver treinos ou mesmo os atletas, os torcedores do Flamengo (que o governo do Qatar estima que serão 15 mil até o final do torneio) adotaram combinação que fez a festa dos comerciantes de tecidos nos últimos dias: camisa rubro-negra, número 9 às costas e ghutra na cabeça.

“Eu costumo vender 5 ou 6 por dia. Hoje é meio-dia e já vendi 40”, disse à Folha com inglês arrastado o comerciante de loja em uma das vielas escuras do Souq Waqif, que concentra boa parte da torcida brasileira, Era tanta procura que os vendedores de um local famoso pelas pechichas, deixaram de dar descontos e até aumentaram o preço, que variava entre 30 e 45 rials (entre R$ 33 e R$ 49,50).

Durante o dia, foram centenas de flamenguistas passando pelo local usando o aro negro prendendo tecido em vermelho e branco (“poderia ser vermelho e preto”, reclamou um brasileiro).

Mas as cores têm significado, embora este tenha diferentes versões. Uma delas diz que a combinação em vermelho e branco significa patriotismo, já que remete à bandeira do Qatar. Outra é que o pano vermelho e branco é mais grosso e por isso, propício para temperaturas mais amenas, como a que faz em Doha neste mês. No verão, seria usado apenas o branco, mais leve.

“Está faltando só o cartaz que hoje tem gol do Gabigol. Mas vou levar só no dia do jogo. E escrito em árabe”, comentou o publicitário Marcos Fernando, 29, sentado em um café no centro de Doha com a camisa rubro-negra do artilheiro e Ghutra na cabeça.

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