Descrição de chapéu Seleção Brasileira

Tivemos pouco tempo para curtir o 7 a 1, diz alemão Miroslav Klose

Recordista masculino de gols em Copas voltou ao Brasil 5 anos após título mundial

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São Paulo

Miroslav Klose, 41, é um homem de poucos sorrisos. Nem mesmo seu 16º gol em Copas do Mundo, marcado diante do Brasil na semifinal do Mundial de 2014, um recorde histórico, foi capaz de alterar o semblante do alemão, que abraçou Philipp Lahm, Sami Khedira, Benedikt Höwedes e Thomas Müller, sem sequer sorrir, antes de retornar ao jogo para o massacre que viria a seguir, terminando em 7 a 1.

Pela primeira vez desde o título da Alemanha há cinco anos, Klose retornou ao país como membro do elenco de veteranos do Bayern de Munique (ALE) que participou da Legends Cup, torneio que reuniu figuras históricas de São Paulo, Barcelona (ESP) e Borussia Dortmund (ALE), realizado no Morumbi.

O ex-atacante Miroslav Klose, no estádio do Morumbi, em entrevista à Folha
O ex-atacante Miroslav Klose, no estádio do Morumbi, em entrevista à Folha - Jadiel Carvalho/Folhapress

Ao falar sobre a goleada e o que viveu naquele 8 de julho de 2014 dentro do vestiário do Mineirão, em Belo Horizonte, o ex-atacante, já aposentado do futebol profissional, reforça com as palavras a seriedade com a qual os alemães encararam e ainda encaram a semifinal, que no intervalo já marcava 5 a 0 no placar.

"Sabíamos que o Brasil tinha uma equipe forte com vários jogadores excelentes, mas nós os analisamos detalhadamente e sabíamos quais eram seus pontos fracos, de forma que pudemos nos aproveitar disso para fazer o nosso jogo. [Fizemos] tão bem que nem mesmo nós imaginávamos que seríamos tão eficientes. No intervalo, depois do 5 a 0, dissemos que tínhamos que continuar jogando futebol e não tentar fazer algo especial", diz o alemão à Folha, horas depois de interromper –aparentemente incomodado– uma entrevista para um canal brasileiro no YouTube que mistura humor e futebol.

"[Depois da semifinal], já era o preparativo para a final, ou seja, nós pudemos curtir apenas por um curto tempo, pois sabíamos que tínhamos feito um jogo histórico, mas depois já era a final. Ficamos muitas vezes em segundo lugar [a Alemanha foi vice-campeã mundial em 2002 e vice-campeã da Eurocopa em 2008] e por isso queríamos de qualquer forma vencer."

Presente em quatro Copas do Mundo, foi na edição de 2014 que Miroslav Klose estabeleceu o recorde de gols em Mundiais: os dois marcados no Brasil se juntaram aos cinco anotados em 2002, na Coreia do Sul e Japão, outros cinco em 2006, na Alemanha, e mais quatro em 2010, na África do Sul.

Autor do segundo gol alemão na goleada sobre a seleção de Felipão, o centroavante ultrapassou Ronaldo, que fez 15 gols em Copas e estava presente aquele dia no Mineirão, trabalhando na transmissão da TV Globo ao lado de Galvão Bueno.

Galvão, depois de narrar o gol de Klose, diz: "E aí, Ronaldo? Os Mundiais têm um novo artilheiro", e prossegue comentando até o apito que reinicia o jogo, sem nenhum comentário do ex-camisa 9 brasileiro.

"Eu o encontrei em Moscou [na Copa do Mundo] e nós conversamos bastante sobre o jogo e sobre as nossas carreiras", afirma o ex-jogador que passou por Homburg, Kaiserslautern, Werder Bremen, Bayern de Munique, na Alemanha, e pela Lazio, na Itália.

"Nunca tivemos que dar satisfação um ao outro. Ele se alegra por mim e se fosse ao contrário, eu me alegraria por ele da mesma forma", afirma.

O alemão Miroslav Klose no Morumbi, com o time de veteranos do Bayern de Munique, na Legends Cup
O alemão Miroslav Klose no Morumbi, com o time de veteranos do Bayern de Munique, na Legends Cup - Jardiel Carvalho/Folhapress

Na Copa do Mundo feminina de 2019, com o gol marcado diante da Itália na fase de grupos, Marta chegou a 17 gols em Mundiais, superando o número de Klose no torneio masculino. Na ocasião, a camisa 10 da seleção brasileira ainda brincou com o fato, questionando se ele voltaria atrás na aposentadoria (anunciada em 2016) para tentar ultrapassá-la.

Para a Fifa, porém, não há um ranking unificado de artilheiros das Copas, conforme a entidade disse à Folha em junho deste ano. No entendimento do órgão máximo do futebol, a dupla disputa competições distintas. Marta, portanto, é a goleadora de sua modalidade, assim como Klose entre os homens.

Uma discussão na qual o campeão do mundo com a Alemanha há cinco anos prefere não entrar.

"Isso é naturalmente difícil para mim. Eu tenho grande respeito pelo que ela alcançou, porém se outros decidem que sou com 16 gols o número um, então não cabe a mim [decidir]... Mas de qualquer forma, tem que se ter respeito por uma mulher que conseguiu alcançar tal performance", finalizou o alemão.

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