A ministra da Olimpíada de Tóquio-2020, Seiko Hashimoto, afirmou ao parlamento japonês que existe a possibilidade de que os Jogos sejam adiados para o fim do ano em razão do surto de coronavírus.
De acordo com Hashimoto, o contrato dos organizadores com o Comitê Olímpico Internacional (COI) possibilita o adiamento caso ele seja necessário.
"O COI tem o direito de cancelar os Jogos somente se eles não ocorrerem dentro de 2020. Isso pode ser interpretado como a possibilidade dos Jogos serem adiados, contanto que sejam realizados durante este ano", disse a ministra.
"Estamos fazendo tudo o que podemos para assegurar que os Jogos sigam como planejado", completou. Por enquanto, o adiamento não está sendo discutido, ao menos não de forma oficial, pelas partes envolvidas na organização.
A dúvida sobre a realização ou não dos Jogos Olímpicos paira há semanas e será o principal ponto de uma reunião do COI nesta terça (3) e na quarta-feira (4) em Lausanne, na Suíça.
O presidente da entidade, Thomas Bach, voltou a demonstrar otimismo nesta terça, dizendo que o COI está completamente determinado a celebrar com sucesso os Jogos de Tóquio a partir de 24 de julho e até 9 de agosto, além de manter permanente contato com a Organização Mundial da Saúde (OMS) para avaliar a situação.
Atletas e federações nacionais e internacionais estão preocupados. Várias provas classificatórias para os Jogos programadas para ocorrerem na China, onde surgiu a epidemia, foram adiadas ou realocadas, assim como na Coreia do Sul.
Outros eventos deveriam ser realizados no Japão antes dos Jogos e já estão ameaçados, como os eventos-teste de natação, polo aquático e saltos ornamentais, organizados pela Federação Internacional de Natação (Fina).
As provas de ginástica artística e rítmica, organizadas em conjunto com a Federação Internacional de Ginástica (FIG), estão agendadas de 4 a 6 de abril e podem ser realizadas com portões fechados.
Muitas federações estão confusas, disse o chefe de uma federação internacional que prefere permanecer anônimo. Segundo ele, foram recebidas informações do COI em relação à saúde, mas não sobre o aspecto esportivo, no momento em que vários torneios pré-olímpicos ainda precisam ser disputados.
Um porta-voz do COI disse à AFP que os comitês nacionais olímpicos e as federações internacionais foram informados sobre o posicionamento da entidade.
Diante das crescentes preocupações, cada declaração de Bach será amplamente analisada nos próximos dias.
O coronavírus também será o tema central da videoconferência de quarta-feira realizada pelo comitê organizador dos Jogos de Tóquio e pelo presidente da comissão de coordenação, o australiano John Coates.
Até o momento, nem boicotes (em Moscou-1980 e Los Angeles-1984) nem os vírus causadores da Sars (2003) e da zika (antes dos Jogos do Rio-2016) levaram à suspensão ou ao adiamento dos Jogos Olímpicos.
Somente as Guerras Mundiais provocaram o cancelamento dos Jogos. Primeiro os que estavam planejados para Berlim, em 1916. Em 1940, foram suspensos os de Sapporo (inverno) e de Tóquio (verão), e em 1944, os de Cortina d'Ampezzo (inverno) e de Londres (verão).
Os Jogos de Paris de 2024 também serão discutidos na reunião do COI. Nesta terça-feira, Tony Estanguet, presidente do comitê organizador, fará uma apresentação das instalações, antes da validação formal de Taiti como sede das provas de surfe.
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