Descrição de chapéu Campeonato Brasileiro

Brasileiro tem início com pelotão de elite na mão de técnicos estrangeiros

Cinco primeiros colocados do último Nacional são dirigidos por treinadores de fora

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São Paulo

Começa neste sábado (9) um Campeonato Brasileiro de múltiplos sotaques estrangeiros. Nunca a competição teve início com tantos treinadores de fora, responsáveis por 9 das 20 equipes em ação na primeira divisão.

Apontados como principais favoritos pelo investimento e pelos resultados recentes, Atlético Mineiro, Flamengo e Palmeiras são respectivamente dirigidos por um argentino (Antonio Mohamed), um português (Paulo Sousa) e outro português (Abel Ferreira).

Esses times foram os três primeiros colocados da edição 2021. Na sequência, apareceram na tabela o Fortaleza, que é comandado pelo argentino Juan Pablo Vojvoda, e o Corinthians, que trocou recentemente o brasileiro Sylvinho pelo português Vítor Pereira.

Hoje, também têm comandantes estrangeiros o Santos (Fabián Bustos, argentino), o Internacional (Alexander Medina, uruguaio), o Botafogo (Luís Castro, português) e o Coritiba (Gustavo Morínigo, paraguaio). Há, assim, um recorde.

O argentino Antonio Mohamed é o responsável por conduzir o Atlético Mineiro na defesa do título do Campeonato Brasileiro - Daniel Muñoz - 6.abr.22/AFP

Jamais houve simultaneamente mais de sete técnicos de fora. No ano passado, consideradas todas as rodadas, foram oito (não simultâneos). Portanto, de cara, o Brasileiro de 2022 já se estabelece como aquele com mais treinadores não brasileiros.

O retrato da rodada inicial, comparado com os registros dos últimos dez anos, mostra que os clubes passaram mais e mais a buscar soluções não caseiras. Até 2019, o que se via era a competição ter início com um profissional estrangeiro, no máximo dois.

O estrondoso sucesso do português Jorge Jesus naquele ano no Flamengo fez outras equipes repetirem o modelo. O também português Abel Ferreira em seguida enfileirou títulos no Palmeiras e contribuiu para a multiplicação.

Não à toa, os portugueses são maioria, uma lista de quatro nomes puxada pelo próprio Abel. Há três argentinos, um uruguaio e um paraguaio, técnicos que de fato tentam estabelecer conceitos distintos dos habitualmente vistos no Brasil.

A situação é diferente da observada até o início do século, com treinadores que haviam nascido em outros países, mas estavam estabelecidos em território brasileiro. O Corinthians, por exemplo, teve nomes como o uruguaio Darío Pereyra, ídolo do São Paulo no tempo de jogador.

"O Vítor Pereira é basicamente o primeiro técnico estrangeiro no sentido de o Corinthians buscar conhecimento de fora mesmo", afirma o historiador Celso Unzelte, especialista na trajetória do clube alvinegro.

"O Fleitas Solich [paraguaio que dirigiu a equipe entre 1962 e 1963], quando chegou, já era o Feiticeiro do Flamengo. O Renganeschi [Armando, argentino, 1978] tinha levado o Londrina à semifinal do Brasileiro. Então, não tinha nada a ver com importação de técnico."

Agora, a ideia parece mesmo ser importar ideias. Foi o caminho seguido pelo Atlético Mineiro após a saída de Cuca, que liderou o time na conquista do Brasileiro do ano passado. A diretoria chegou a negociar com Jesus e fechou com Mohamed, sem se empolgar com os nomes locais à disposição.

O Flamengo, insatisfeito com o trabalho de Renato Gaúcho, foi buscar outro português, Paulo Sousa, tentando reviver o sucesso alcançado com Jesus. O começo tem sido complicado, com conflitos com o elenco e a perda dos títulos disputados até aqui.

No Palmeiras, não houve motivo para mudanças. Com o moral de quem conquistou as duas últimas edições da Copa Libertadores, Abel segue à frente do time alviverde, que em 2022 já conquistou a Recopa Sul-Americana e o Campeonato Paulista.

O português Vítor Pereira tenta ajeitar o Corinthians - Felipe Szpak - 2.mar.22/Ag. Corinthians

A quantidade de estrangeiros não é vista com bons olhos por Rogério Ceni, que conquistou o Brasileiro com o Flamengo em 2020 e pouco depois foi demitido. Agora no São Paulo, ele luta para surpreender os favoritos e deixar o título nas mãos de um técnico brasileiro.

"Eu lamento. Acho que há ótimos treinadores no Brasil", disse o paranaense. "A gente tem amigos, ótimos, que poderiam exercer essa função em grandes clubes. Vai ser necessária essa onda de treinadores de fora até que o fracasso exista também e se volte a pensar em treinadores daqui."

O Brasileiro tem início com quatro jogos no sábado. Às 16h30, no Maracanã, duelarão Fluminense e Santos, com transmissão do Premiere, que também exibirá Atlético-GO x Flamengo, às 19h. Na sequência, às 21h, o Palmeiras receberá o Ceará, com SporTV e Premiere.

Técnicos estrangeiros que começaram a Série A do Campeonato Brasileiro nos últimos 10 anos*

2014
Miguel Ángel Portugal (ESP): Athletico

2015
Diego Aguirre (URU): Internacional

2016
Edgardo Bauza (ARG): São Paulo
Diego Aguirre (URU): Atlético Mineiro

2018
Diego Aguirre (URU): São Paulo

2019
Jorge Sampaoli (ARG): Santos

2020
Domènec Torrent (ESP): Flamengo
Eduardo Coudet (ARG): Internacional
Jorge Sampaoli (ARG): Atlético-MG

2021
Abel Ferreira (POR): Palmeiras
Hernán Crespo (ARG): São Paulo
Juan Pablo Vojvoda (ARG): Fortaleza
Miguel Ángel Ramírez (ESP): Internacional

2022
Abel Ferreira (POR): Palmeiras
Alexander Medina (URU): Internacinal
Antonio Mohamed (ARG): Atlético Mineiro
Fabián Bustos (ARG): Santos
Gustavo Morínigo (PAR): Coritiba
Juan Pablo Vojvoda (ARG): Fortaleza
Luís Castro (POR): Botafogo
Paulo Sousa (POR): Flamengo
Vítor Pereira (POR): Corinthians

*As edições de 2012, 2013 e 2017 não tiveram estrangeiros na 1ª rodada

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