Fifa ameaça dar cartão amarelo, e seleções desistem de braçadeira contra homofobia

Inglaterra, País de Gales, Holanda, Bélgica, Suíça, Alemanha e Dinamarca afirmam que não utilizarão o acessório por conta da punição

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Doha (Qatar) | AFP

As sete seleções europeias que planejaram usar uma pulseira colorida "One Love" (um amor), em favor da inclusão e contra a discriminação desistiram de fazê-lo diante da ameaça de "sanções esportivas" durante a Copa do Mundo do Qatar, anunciaram nesta segunda-feira (21), horas antes do jogo entre Inglaterra e Irã.

"A Fifa tem sido muito clara: vai impor sanções esportivas se nossos capitães usarem as braçadeiras em campo. Como federações, não podemos pedir aos nossos jogadores que arrisquem sanções esportivas, incluindo cartões amarelos", escreveram.

Inglaterra, País de Gales, Bélgica, Dinamarca, Alemanha, Holanda e Suíça, portanto, desistiram do uso da braçadeira e afirmaram sentir frustração com a inflexibilidade da Fifa.

Harry Kane, da Inglaterra, seria um dos capitães a utilizar a braçadeira - Marco Bertorello - 24.set.22/AFP

Inicialmente parte da iniciativa, a França havia anunciado, por meio de seu capitão Hugo Lloris, que não usaria a braçadeira.

"Estávamos prontos para assumir as multas aplicáveis em caso de incumprimento das regras do kit e estávamos muito empenhados em usar a braçadeira, mas não podemos colocar nossos jogadores em uma situação em que eles possam receber um cartão amarelo e até mesmo ter que sair do jogo" (no caso de um segundo cartão amarelo), justificam as federações.

O regulamento prevê que os capitães usem "as braçadeiras fornecidas pela Fifa" durante a competição. No caso contrário, o árbitro pode pedir ao jogador que abandone o campo para "corrigir a vestimenta", e em caso de incumprimento desta instrução, o jogador pode ser repreendido, a critério do árbitro.

Como reconheceu o treinador dinamarquês Kasper Hjulmand, nesta segunda-feira, "entrar em campo e receber um cartão amarelo não é possível", afirmou. "Não podemos pedir aos jogadores que assumam isso", continuou.

Desde sua indicação para sediar o evento em 2010, o Qatar tem sido alvo de fortes críticas, intensificadas ainda mais pela proximidade do torneio, especialmente em termos de direitos humanos, particularmente pessoas LGBTQIA+ e trabalhadores migrantes, incluindo os que trabalharam nas obras da Copa.

Para demonstrar o seu compromisso com estas causas, várias federações europeias anunciaram em setembro a iniciativa "One Love".

Por muito tempo em silêncio, a Fifa, que considerou uma crítica mascarada ao país-sede, reagiu no sábado (19) ao oferecer as suas próprias braçadeiras de capitão, com mensagens muito mais consensuais, como "Salvar o planeta", "Educação para todos" ou "Não à discriminação".

Nesta segunda-feira, o órgão máximo do futebol mundial anunciou que suas pulseiras oficiais com a mensagem "Não à discriminação" poderão ser usadas pelos capitães a partir de agora, quando originalmente deveriam utilizá-los a partir das quartas de final.

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