Descrição de chapéu Olimpíadas 2024 tênis

Paris vai ser mais tenso, projeta Luisa Stefani, bronze no tênis em Tóquio

Depois de medalha surpreendente com Laura Pigossi, ela formará dupla com Bia Haddad na França

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Depois de conquistar no Japão uma das medalhas mais inesperadas da participação brasileira em Olimpíadas, a tenista Luisa Stefani chega a Paris certa de uma coisa. "A única certeza que eu tenho é de que vai ser diferente de Tóquio em todos os sentidos", ela afirma à Folha.

A segunda participação olímpica da paulista de 26 anos contará com presença de público, diferentemente do que aconteceu no Japão, e terá como palco o saibro de Roland Garros. Mas essas não são as únicas diferenças em relação a 2021.

Stefani chega com credenciais que não tinha há três anos. Além de medalhista olímpica, a tenista possui um título de Grand Slam, em duplas mistas, ao lado de Rafael Matos no Australian Open de 2023. Também se tornou um nome consolidado no circuito, atualmente na 18ª posição do ranking de duplas da WTA.

Tenista sorri em quadra com as mãos levadas ao peito
Luisa Stefani (de frente) e Laura Pigossi comemoram a medalha de bronze em Tóquio - Vincenzo Pinto - 31.jul.21/AFP

O bronze no Japão veio em parceria com Laura Pigossi. Em Paris, a duplista jogará ao lado de Beatriz Haddad Maia, que também ascendeu nos últimos anos. Esse salto de qualidade faz com que a formação Stefani-Haddad entre nos Jogos carregando expectativas mais altas do que a dupla Stefani-Pigossi despertava antes da campanha em Tóquio.

"Se tem expectativa e pressão é porque a gente pode conseguir medalha, pode trazer esse ouro. O importante é não esconder que vai ser mais tenso. Eu não tenho a menor expectativa de que vai ser parecido ou igual a Tóquio", diz Stefani.

Os contornos surpreendentes da trajetória no Japão começaram dois meses antes, quando uma apendicite impediu que Stefani participasse de Roland Garros e tivesse uma última chance de garantir a participação dela e de Pigossi nas Olimpíadas. A confirmação da vaga das brasileiras só veio no limite das inscrições, graças a uma série de desistências.

Elas chegaram de última hora e foram até o fim da competição, conquistando a medalha de bronze depois de uma virada heroica diante das russas Elena Vesnina e Veronika Kudermetova. Foram quatro match points salvos pelas brasileiras e seis pontos seguidos para triunfar por 11 a 9 no tie-break de desempate.

"Toda vez que eu toco no assunto Olimpíadas arrepia", diz Stefani. "Eu ia lá para sugar a experiência por completo independentemente do resultado, e acabamos trazendo a primeira medalha do tênis brasileiro para casa."

O feito inédito num país que tem entre os seus maiores quadros Maria Esther Bueno (na época dela o esporte não estava no programa olímpico) e Gustavo Kuerten levou a jovem a um novo patamar.

"Realmente mudou a minha vida", ela define. Além de ganhar seguidores famosos na época, como Pelé e Ronaldo Fenômeno, a tenista se viu assumindo um lugar de referência. "O mais tocante foi ver criancinhas usando o meu uniforme ou mandando pulseirinhas para mim. São detalhes básicos, que eu acho muito fofos. Inspirar principalmente as crianças que já foram como eu é o que mais impacta."

O ano de 2021 chegou ao ápice com a medalha, mas em setembro Stefani sofreu um dos golpes mais duros da carreira. Na semifinal de duplas do US Open, a atleta desabou em quadra após uma ruptura de ligamento do joelho direito e precisou deixar a quadra em cadeira de rodas. Só voltou a jogar um ano depois.

"Quando eu penso na história, realmente é um baque grande. Mas o momento tão bom em que eu estava me ajudou muito a continuar positiva. O desafio maior foi ao longo da recuperação e na volta ao circuito, como lidar com toda essa mudança, tanto física quanto psicológica, pós-lesão", afirma.

Nesse processo, Stefani destaca o trabalho com a psicóloga Carla Di Pierro e exercícios de respiração que a ajudaram a lidar com a ansiedade, além de leituras para entender mais a relação do atleta com a dor. "Acho que é aceitar um pouco mais que nem sempre você vai estar se sentindo ótima. Na verdade, poucas vezes vai estar se sentindo perfeitamente."

A tenista voltou às quadras em grande estilo. Além do título na Austrália no começo de 2023, também retornou ao top 10 no ano passado. Depois teve uma queda de rendimento e neste ano os resultados ao lado da parceira holandesa Demi Schuurs estão inconstantes. Em Wimbledon, neste mês, elas caíram na estreia.

Tenistas beijam o troféu ao mesmo tempo
Luisa Stefani e Rafael Matos comemoram o título do Australian Open nas duplas mistas - Paul Crock - 27.jan.23/AFP

A parceira olímpica Bia Haddad também não chega a Paris no seu melhor momento. Na 22ª segunda posição do ranking de simples, ela luta para recuperar a confiança após atingir o top 10 no ano passado.

Agora, para ambas, é hora de deixar o circuito de lado com a expectativa de escrever um novo capítulo olímpico memorável para o tênis brasileiro.

"Eu quero chegar com a mesma ‘vibe’ que cheguei a Tóquio, sugar o máximo possível da experiência. Na hora a gente vai deixar tudo em quadra, e o resultado vai ser consequência do que foi criado naquela semana", diz Stefani.

Tênis brasileiro em Paris

O Brasil tem cinco tenistas classificados para os Jogos de Paris. Nas chaves femininas, Bia Haddad e Laura Pigossi disputam simples, e Bia e Luisa Stefani jogam nas duplas. Nas chaves masculinas, o país conta com Thiago Wild e Thiago Monteiro tanto nas simples quanto nas duplas.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.