O fim do ano é uma ótima oportunidade para fazer um balanço sobre o cuidado com a nossa saúde. A importância dessa reflexão é cada vez maior, pois a expectativa de vida tem aumentado ano após ano –exceto o último, devido à pandemia.

Mas será que teremos qualidade, autonomia e independência nesse tempo de vida que estamos ganhando?

Pensemos um pouco: se você continuar com o seu comportamento atual, como estará sua saúde daqui a 20 anos? Você será um idoso saudável ou um idoso cheio de dificuldades?

Estamos cada vez mais sedentários, pois a mesma ciência que nos faz viver por mais tempo, oferece, a muitos de nós, múltiplos confortos.

Há alguns anos, chamadas de vídeo, televisão com programação personalizada e conexão com o mundo na palma da mão seriam considerados ficção científica. Essas novas tecnologias podem reduzir nosso esforço físico e nos tornar sedentários —fato agravado com a pandemia que atravessamos.

Possuo um canal no YouTube com dicas sobre saúde, que tem mais de 1 milhão de inscritos. Nos últimos dois anos, a audiência dos vídeos relacionados a problemas nas costas, quadril e joelho mais do que dobrou, o que sugere que uma legião de pessoas a mais estão sentindo dores por terem deixado de se movimentar.

Outro fator agravado pelo sedentarismo na pandemia foi a concentração de gordura corporal por grande parte da população. Com a volta ao trabalho presencial, muitos de meus alunos relatam que as roupas de dois anos atrás já não servem mais.

Além de questões estéticas, devo lembrar que a elevação do peso gera alterações metabólicas importantes e aumenta o risco de doenças cardiovasculares, osteomusculares e até mesmo alguns tipos de câncer. Tudo isso compromete a qualidade de vida ao longo do envelhecimento.

A grande vantagem é que a natureza tem o remédio que previne e trata a maior parte desses males causados pelo sedentarismo. Chama-se atividade física, cujos benefícios vão muito além do controle do peso e da prevenção de dores. Melhora a disposição, o humor e o sono, e controla a ansiedade e o estresse, ampliando até seu círculo de amizades.

Minha sugestão é começar hoje mesmo com o mais simples, seguro e eficiente dos exercícios: a caminhada. Aproveite este fim de ano para decidir fazer algo pela sua saúde!

Use a tecnologia a seu favor e instale um aplicativo de contador de passos no celular. Monitore quantos você dá por pelo menos três dias e avalie. Se você estiver caminhando menos de 3.000 passos diários, você está muito sedentário. Tente aumentar para pelo menos 5.000.

Com essa pequena diferença, você já perceberá o resultado em poucas semanas. Em seguida, procure consultar um profissional de educação física para planejar uma sequência de exercícios e manter a força, a postura e a flexibilidade com vistas não só a 2022, mas aos muitos anos mais de vida que você tem pela frente.

É fato, vamos viver mais. Se você pretende manter a independência e a autonomia nesse tempo, levante do sofá e comece a se movimentar. Afinal, o que você quer ser quando envelhecer?

SÉRIE DISCUTE QUESTÕES DA LONGEVIDADE

A seção Como Chegar Bem aos 100 é dedicada à longevidade e integra os projetos ligados ao centenário da Folha, celebrado neste ano de 2021. A curadoria da série é do médico gerontólogo Alexandre Kalache, ex-diretor do Programa Global de Envelhecimento e Saúde da OMS (Organização Mundial da Saúde).​