Descrição de chapéu Fórum Econômico Mundial

Empreendedores sociais compartilham em SP aprendizados em Davos

Evento reúne brasileiros que participaram da última edição do Fórum Econômico Mundial na Suíça em maio; assista Download Davos

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São Paulo

Três empreendedores sociais que representaram o Brasil em Davos, na Suíça, em maio, e uma integrante do Global Shaper, uma das comunidades do Fórum Econômico Mundial, estiveram reunidos nesta terça-feira (5) no evento ‘Download Davos 2022’, em São Paulo.

O grupo compartilhou experiências e aprendizados que trouxeram após a participação no tradicional fórum global no panorama ESG —sigla em inglês para práticas ambientais, sociais e de governança.

O encontro, organizado por Boomera Ambipar e SAS Brasil, contou com nomes importantes tanto nacionais como internacionais, entre eles François Bonnici, head de inovação social do Fórum Econômico Mundial, que participou com uma mensagem gravada em vídeo.

Bonnici ressaltou os impactos da crise econômica mundial pós-Covid, a fome e a guerra na Ucrânia, ao trazer reflexões para promover ações para tornar o mundo mais sustentável e inclusivo.

"Neste ano, tivemos a maior delegação de empreendedores sociais, inclusive do Brasil, que puderam estar ao lado de CEOs de grandes empresas, líderes governamentais e de outros setores para pensar em conjunto estratégias nas área da saúde, educação, criação de empregos", afirmou para uma plateia que compareceu ao Learning Village, em São Paulo.

O Download Davos também foi transmitido pelo YouTube.

O evento foi dividido em três blocos, contemplando os três pilares do ESG. O primeiro foi dedicado à questão ambiental e foi conduzido por Guilherme Brammer, fundador da Boomera Ambipar, que foi a Davos como vencedor do Prêmio Empreendedor Social de 2019, a convite da Fundação Schwab, parceira da Folha na realização do concurso no Brasil.

Para Brammer, o prêmio e Davos foram importantes marcos na sua trajetória de empreendedor social à frente de uma startup que inova na reciclagem para resíduos difíceis, como o plástico.

"Essa troca precisa sempre existir para a humanidade melhorar", afirmou, sobre a importância de compartilhar o que vivenciou em Davos, quando teve a oportunidade de conhecer o trabalho de outros 50 inovadores sociais de todo o mundo.

"Como empreendedores que acreditam em desenvolvimento sustentável, que usam soluções inovadoras e estratégicas para a melhorar a qualidade de vida das pessoas, é nosso dever trazer esses conhecimentos para nosso país", diz Brammer.

Ele convidou o colega egípcio Helmy Abouleish, CEO da Sekem, também reconhecido em Davos como Inovador Social do Ano, para participar do encontro remotamente.

Helmy relatou o case de transformação do deserto por meio de uma agricultura biodinâmica, que possibilitou criar oportunidades, empregos, escola e hospital em uma área que até então não era habitada. O egípcio virá ao Brasil este ano para avançar em uma parceria com a Boomera.

Brammer ressaltou ainda dados apresentados em Davos, como a estimativa de que a implementação de políticas que preservem o meio ambiente podem injetar US$ 10 trilhões na economia e gerar 395 milhões de empregos até 2030.

"Existe dinheiro, faltam projetos", concluiu ele, sobre as oportunidades de escalar negócios de impacto social neste contexto.

A comitiva de empreendedores sociais brasileiros contou com Adriana Mallet, cofundadora da SAS Brasil e vencedora do Prêmio Empreendedor Social em 2021. "Davos, eu brinco, dá voz", disse Adriana, ao fazer um jogo de palavras com o nome da cidade que abriga o encontro anual do Fórum Econômico Mundial.

"Estar lá é ter reconhecimento aqui e lá fora e dá credibilidade a tantos projetos", completa Sabine Zink, cofundadora da SAS Brasil, que participou dos eventos paralelos em Davos.

Para elas, negócios e impacto devem andar juntos. "Todo negócio deve ser de impacto e em breve, ao falarmos assim, vamos estar sendo redundantes como 'subir para cima'", diz Adriana.

Sabine disse que a primeira lição que teve no evento foi a possibilidade de imaginar como a SAS Brasil tem potencial para crescer.

"O maior aprendizado foi que se quer resolver problema social, precisa pensar de forma sistêmica. Um problema de saúde não é só de saúde, mas ambiental, de renda, de acesso. Se quer construir algo transformador, precisa pensar de forma sistêmica, com soluções integradas", ressalta.

O terceiro e último bloco foi dedicado ao tema da governança. Medido por Eliane Trindade, editora do Prêmio Empreendedor Social e da plataforma Folha Social+, contou com a participação de Celso Athayde, fundador da Cufa e da Holding Favela, e de Kamila Camilo, da Impact Beyond.

Celso integrou a comitiva brasileira em Davos a convite da Schwab como vencedor do prêmio em 2020. "Estamos abrindo portas para que outros pretos, outros favelados, outras mulheres mostrem a qualidade que têm", disse ele, que participou por videoconferência.

Athayde ressaltou a importância da governança para sustentar o crescimento de ONGs e negócios de impacto na favela, de modo que se beneficiem de um fundo de R$ 50 milhões recém-criado para fortalecer esse ecossistema em comunidades de todo o Brasil.

Ele anunciou que após Davos decidiu se transferir para Nova York, onde a partir de agora vai se dedicar a levar a Cufa a mais de cem países. E também fortalecer o que chama de "quarto setor", a favela como potência e geradora de emprego e renda.

A diretora de operações da Impact Beyond, Kamila Camilo, relatou sua rica experiência como jovem liderança em Davos, que ela resumiu como "poder, pessoas e política". Um dos grandes aprendizados foi seguir a máxima de Klaus Schwab, criador do Fórum Econômico Mundial.

"Seja interessado, não interesseiro", disse ele para os jovens integrantes do Global Shapers, que tiveram a oportunidade de interagir com chefes de Estados, CEOs das maiores empresas do mundo, intelectuais e líderes sociais de todo o mundo.

"Assim você consegue fazer melhores negócios e uma sociedade melhor", disse a jovem, que graças ao networking em Davos foi contemplada com uma bolsa integral em uma das melhores universidades do mundo.

De volta ao Brasil, trouxe na bagagem a certeza de que para termos negócios melhores e uma sociedade melhor, "precisamos colocar as pessoas mais afetadas no centro das decisões".

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