Árvores da mata atlântica 'migram' morro acima fugindo do calor, diz estudo

Mudanças climáticas 'expulsam' espécies de altitude, acostumadas a climas mais frios

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São Paulo

As mudanças climáticas estão "empurrando" árvores da mata atlântica morro acima, mostra uma pesquisa publicada nesta terça-feira (23) na revista científica Journal of Vegetation Science.

Segundo o estudo, feito em parceria por pesquisadores da Universidade de Birmingham, na Inglaterra, e da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), espécies localizadas em florestas montanhosas, que geralmente são adaptadas a temperaturas mais frias, estão migrando para áreas de maior altitude para escapar do aumento do calor.

Floresta de araucárias em Santa Catarina
Floresta de araucárias em Santa Catarina - Anderson Coelho - 15.jul.22/Folhapress

Os cientistas estudaram 627 espécies de árvores em 96 locais diferentes da mata atlântica brasileira e calcularam um índice que mede o quanto a temperatura ideal para cada floresta tem se alterado com as mudanças climáticas.

Os autores explicam que árvores típicas de altitudes mais elevadas, que geralmente precisam de frio para prosperar, tendem a ser excluídas dos locais mais quentes na competição com espécies que não são tão sensíveis ao calor. Isso sugere também que elas correm maior risco de extinção com o aquecimento do planeta.

Segundo a pesquisa, 27% das espécies estudadas mostraram tendência a migrar para altitudes mais elevadas —a maioria delas, situadas em florestas montanhosas—, em busca de condições climáticas mais favoráveis. O aumento médio de temperatura na região estudada foi de 0,25°C por década nos últimos 50 anos.

Outros 15% das espécies, que estavam situadas em florestas de baixa altitude, fizeram o movimento contrário, de migrar para altitudes mais baixas. A hipótese dos autores é que essa migração esteja sendo causada por mudanças na competição entre espécies, e não por questões climáticas. Os demais 58% não mostraram tendências migratórias.

Segundo o artigo, as descobertas fornecem a primeira evidência de mudanças na composição de espécies de árvores induzidas pelas mudanças climáticas na mata atlântica brasileira, um dos biomas mais diversos do mundo.

A causa "Mata Atlântica: Regenerar e Preservar" tem o apoio da Fundação SOS Mata Atlântica

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