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Cenas cinematográficas envergonham o Brasil

Cristina Veiga
Equipe GD

Nem Spillberg faria melhor. Primeiro o bandido que, além de usar um helicóptero para resgatar seus colegas da prisão, faz piadinhas quando é preso. Depois, um coronel maluco determina um esquema de segurança digno de cinema para a seleção brasileira de futebol. Os dois casos extrapolaram a linha da razão. O pior é a imprensa ainda dar risada das gracinhas feitas pelo - como ele mesmo se denominou - "criminoso". Será que todo mundo perdeu o senso do ridículo?

Para acalmar os apressados jornalistas, o tal bandido pediu paciência argumentando que ele teria tempo, já que fora condenado a 26 anos de prisão. A gargalhada foi geral. Os jornais chegaram a transcrever a entrevista, só esqueceram de colocar as risadas dos jornalistas. O "criminoso" ainda arrancou gargalhadas dos repórteres ao dizer que não responderia quanto custou a fuga porque ninguém o reembolsaria. É o fim!

De São Paulo para Goiânia. A pedido da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), a polícia goiana montou uma megaoperação para "proteger" a seleção de Luiz Felipe Scolari. O esquema montado era digno de uma final de Copa do Mundo. Tinha até helicóptero e um sujeito quase caindo do veículo com uma metralhadora na mão. Tá certo que Goiânia não é tão pacata assim, mas não se compara a uma São Paulo ou a um Rio de Janeiro. As duas cenas cinematográficas são de dar vergonha em qualquer cidadão.

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Detido diz que se inspirou na fuga de Escadinha

"Swat" goiana teme até bandeira do PT

 

 
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Detido diz que se inspirou na fuga de Escadinha

Irônico e cômico. Esse foi o tom da entrevista que o preso Ailton Alves Feitosa deu ontem, ao ser apresentado à imprensa. Antes de falar, chegou a pedir ao delegado que orientasse os repórteres a não chamá-lo de "marginal". "Sou criminoso, doutor".

A entrevista foi feita em duas partes, pois foi interrompida pelo advogado Nazareno José dos Santos, que assumiu o caso ali mesmo, na frente dos jornalistas.

"A entrevista vai ser prestada", disse o preso, quando ouviu de um cinegrafista: "Então fala logo." "Não é assim, companheiro, tenho 26 anos pra cumprir. Tenho tempo", disse Feitosa. Leia a seguir trechos da entrevista:

Pergunta - Como o resgate foi planejado? Na cadeia?

Feitosa - Foi.

Pergunta - E como surgiu a idéia do helicóptero?

Feitosa - A segurança da unidade é que faz com que o preso determine de que forma vai ser feito. Por baixo não dá para ir porque existem muitos cachorros na linha de tiro. Isso me deu a idéia de ir voando. Não foi fantástico?

Pergunta - Existiu alguma falha do presídio?

Feitosa - Falha existe em todo lugar. Na minha casa, na sua, no sistema, na polícia. Facilitação, não sei, porque eu sou bandido: sou eu de um lado e a polícia do outro.

Pergunta - E vocês tiveram ajuda de funcionários?

Feitosa - A ajuda veio de fora.

Pergunta - Quanto custou a fuga?

Feitosa - Não vou responder porque ninguém vai me reembolsar, né?

Pergunta - Você se inspirou em Escadinha?

Feitosa - O escadinha serviu de inspiração, sem dúvida. Só que eu, graças a Deus, tive mais êxito do que ele.

Pergunta - Pretende fugir novamente?

Feitosa - Se a Justiça não me der o que é por direito, eu vou fazer com as minhas próprias mãos.

Pergunta - E o que é seu por direito?
Feitosa - Quando eu estava cumprindo minha pena [36 anos por homicídio, assalto e atentado violento ao pudor], uma juíza de Guarulhos me negou progressão de regime semi-aberto.

(Folha de S. Paulo)

 

 
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"Swat" goiana teme até bandeira do PT

Alheios às evidências de que Brasil x Bolívia é um amistoso menor, de que não há nenhuma grande estrela na equipe convocada e de que terroristas goianos jamais acompanharam treinos do time "canarinho", muito menos na pacata Goiânia, os organizadores da partida resolveram brincar de Swat com a seleção.

O pedido do chefe de segurança da CBF, coronel Castelo Branco, soou como um alarme, e a PM goiana armou uma verdadeira operação de guerra para acompanhar a preparação do time de Luiz Felipe Scolari para a insossa partida de amanhã.

Os treinos no Serra Dourada tiveram a presença de um helicóptero do Batalhão de Choque da PM, que sobrevoou o estádio com um policial pendurado na janela armado de metralhadora.

Enquanto os atletas treinam, policiais com cachorros ocupam as laterais do gramado, onde só fica o staff da seleção - por recomendação de Castelo Branco, muitas vezes é proibido o acesso até de jornalistas.

"Queremos dar o máximo de segurança à seleção e evitar qualquer atentado. É melhor pecar por excesso e nos anteciparmos aos fatos", afirmou o coronel Odair Ângelo de Menezes, comandante da operação.

Sobre o helicóptero e os cães, ele disse que "cada unidade tem sua doutrina" e que os sobrevôos são uma rotina da PM local.

"Nos treinos estamos utilizando pouca gente, só 80 homens, mas no dia do jogo serão 600 só dentro do estádio", informou.

Embora a CBF, para se livrar de cobranças e fiscalização, costume se proclamar uma "entidade privada", todo esse contingente policial é pago pelo contribuinte. O coronel Castelo Branco disse que não solicitou à PM nem helicópteros nem cães, mas considerou "light" em tudo o esquema de segurança.

Segundo o seu colega Menezes, entretanto, o chefe de segurança da CBF afirmou que "ele reivindicou os detalhes necessários à proteção da seleção".

A paranóia dos organizadores do amistoso é tanta que alguns chegam a ver militantes de partidos políticos como uma ameaça ao time nacional.

"Hoje (ontem) mesmo havia um sujeito exibindo ostensivamente uma bandeira do PT na arquibancada. Não se sabe o que ele pode fazer", declarou Adalberto Greco, funcionário da Federação Goiana de Futebol que se definiu como "atachê" do time de Scolari na cidade.

O "artefato" do torcedor era um pedaço de pano vermelho, de aproximadamente 30 centímetros quadrados. O prefeito de Goiânia, Pedro Wilson, é do PT.

Responsável por transformar a seleção em caso de segurança nacional, o coronel Castelo Branco assumiu o atual cargo em 2000, apesar de estar ligado desde 96 à CBF - é o organizador do Torneio de Favelas realizado pela entidade. Acostumado a solicitar megaoperações de segurança onde quer que a seleção vá, o coronel Castelo Branco, sobrinho-neto do ex-presidente-general homônimo, tem como marca de sua gestão isolar a seleção do público, fazendo sempre o time sair pelos fundos em aeroportos e entrar da mesma forma em hotéis.

(Folha de S. Paulo)

 

 
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