Home
 Tempo Real
 Coluna GD
 Só Nosso
 Asneiras e Equívocos 
 Imprescindível
 Urbanidade
 Palavr@ do Leitor
 Aprendiz
 
 Quem Somos
 Expediente
  

Dia 29.05.02

Oficina do tempo

Júlio Barros nasceu em Ouro Preto e tornou-se andarilho por causa do patrimônio histórico. Formado em restauração na Alemanha, viaja pelas cidades brasileiras para recuperar prédios, fachadas e esculturas -envolveu-se, por exemplo, na reforma do Pelourinho, em Salvador. E agora está desembarcando na avenida São João.

Contratado para salvar a fachada do Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, ponto de encontro de intelectuais e de músicos no começo no século 20, na então elegante avenida São João, Júlio Barros vai tentar recuperar também o tempo perdido. Havia um tempo em que a arte do restauro, manejada pelos imigrantes italianos, passava de geração a geração. Mas o elo foi rompido; os mestres desapareceram e não deixaram herdeiros.

Numa parceria do Senai-MG, onde há curso para restaurador, com a Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo, Júlio quer treinar jovens em restauro de prédios históricos -e, a partir desse núcleo, formar permanentemente mão-de-obra especializada para novas encomendas.

Ele quer repetir a experiência que iniciou no Pelourinho. "Nós colocávamos meninos de rua e filhos de prostitutas para trabalhar com obras de arte", conta. Trabalhava-se, ao mesmo tempo, com a história do país e da cidade e com a história individual -numa mistura de possibilidades profissionais e educação com a recuperação da auto-estima.

É um mercado promissor -até porque há incentivo fiscal para quem investir na recuperação de prédios tombados e falta mão-de-obra. Ali mesmo, nas imediações da São João, articula-se um projeto com recursos federais, estaduais e municipais, além de financiamento externo, para dar vida aos antigos cinemas, hoje abandonados ou servindo para exibir pornografia. A idéia é fazer dali uma área para musicais, articulada com os espaços culturais das redondezas (Correios, Masp da praça Patriarca e Centro Cultural Banco do Brasil, além do novo Sesc, no antigo prédio da Mesbla). Com projeto de Paulo Mendes da Rocha, autor da reforma da Pinacoteca do Estado, o prédio do Cine Olido vai receber várias secretarias municipais, entre elas a da Cultura e a do Meio Ambiente.

Alguns jovens matriculados na oficina de restauro já estão mostrando do que são capazes: fizeram murais, expostos na Casa Cor, inaugurada na segunda passada, onde dividem a atenção com os mais requisitados arquitetos e decoradores do país.

 

 
                                               Subir    
   ANTERIORES
c
  Trilha de Esmeralda
  Grafiteiros entram na USP
  Calçada democrática
  Criança Cor
  Sonhos de vidro
  Cidade de cão
  Policiais de bicicleta
  Sombra e água fresca
  Dona Flor e seus sete canteiros
  Prostitutas viram modelo de civilidade
  Rua com grife
  Uma linda pedra no meio do caminho
  Professor de brinquedo
  Design da periferia
  "Patrícia, meu amor, te adoro"
  Milagre dos peixes no rio Pinheiros?
  Grafite em homenagem a Celso Daniel
  Metro mais caro do mundo é aqui
  Até a arte ficou blindada
  A psicóloga Marta e o ipê-amarelo