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Dia 13.06.02

E o rap virou escola

Surge, em São Paulo, uma nova versão da escola de lata. Desta vez, vem equipada com uma mesa de som de 16 canais, dez caixas de som, três microfones sem fio, um telão de 41 polegadas, iluminação e palco. Montada sobre rodas, é ambulante e percorre a periferia da cidade.

Começou nesta semana a funcionar, naquela unidade móvel, a "Escola de Rap", com shows e oficinas de música. Seu professor, Antônio Luiz Júnior, de 29 anos, cresceu nas redondezas da favela de Heliópolis. Depois de trabalhar como office-boy e como ajudante de pedreiro, conseguiu entrar numa faculdade privada, mas teve de abandoná-la por falta de dinheiro. Boa parte de seus amigos hoje estão presos no Carandiru -ele preferiu o caminho da educação musical alternativa, fazendo de um caminhão uma sala de aula.

Destaque da atual geração de rappers, virou estrela do mundo hip hop paulistano e ganhou o apelido de "Rappin Hood", numa alusão a Robin Hood. "Só não caí nas drogas e no crime por causa do rap", conta.

Com o apoio da gravadora Trama e da Secretaria Municipal da Cultura, ele, acompanhado de DJs e rappers, deu a aula inaugural de seu curso no domingo passado, no Capão Redondo, um dos bairros mais violentos do Brasil. Diante de uma platéia de 200 crianças e adolescentes, ensinou a batida rapper, comentou as letras das músicas, mostrou os recursos tecnológicos e, ao mesmo tempo, levantou questionamentos políticos e sociais. Grupos locais são, então, convidados a fazer suas apresentações.

Rappin Hood sabe que, na paisagem da periferia, quase não há horizonte para os jovens, e a música torna-se um elemento na construção da auto-estima. Ele próprio passou muito tempo sem acreditar em seu talento. Uma de suas alavancas foi Mano Brown, vocalista do grupo Racionais MC's, que, ao perceber a sua indecisão, lhe disse: "Você não pode sumir, mano. Você é um dos nossos".

Para muitos, na periferia, a música é uma das poucas chances de sonhar com dinheiro. "É lógico que nem todo mundo que sabe fazer rap consegue ganhar dinheiro. Conheci muita gente boa que não teve oportunidade. Mas pelo menos fazemos da música um jeito de sonhar -o que, na periferia, já é muita coisa."

 

 
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