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Marcelo Coelho
  21 de abril
  Pacto Fisiológico
 
   
ACM pode ter estrilado bastante com as acusações de Nicéa Pitta, tendo falado em ``prostíbulo’’ e coisas do gênero. Mas meu palpite é que ele acaba se beneficiando com a implosão do malufismo.
Para que o PFL venha a bancar uma candidatura própria à Presidência --ou, pensando de forma mais ampla, para que seja um partido hegemônico nacionalmente-- é preciso fincar raízes em São Paulo. O PFL quase não existe por aqui. O campo conservador estava ocupado por Maluf. Se é de esperar uma migração dos votos malufistas para algum lugar, a hora é boa para o PFL.
Não convence a possibilidade de um segundo turno entre Marta Suplicy e Erundina. Se foi esta quem, aparentemente, colheu nas pesquisas os benefícios do escândalo Nicéa, não creio que a situação perdure. Foge ao razoável esperar que a direita não tenha seu candidato. Romeu Tuma, pelo PFL, pode não ter o maior charme pessoal do mundo, mas até hoje não descobri os encantos de Erundina tampouco.
Tuma pode aparecer como ``homem da lei’’ e ao mesmo tempo absorver os órfãos do malufismo. Seria um bom produto para uma campanha milionária. O eleitorado paulistano é de direita, e a direita está sem candidato. Geraldo Alckmin, pelo PSDB, talvez não incomode ninguém, está delicadamente à direita de Marta e Erundina, mas, apesar de simpático, parece uma Marta desprovida de falo.

* * *

O interessante é saber por que o PFL nunca se implantou em São Paulo. Repete-se um padrão histórico. No Estado mais rico da Federação, houve a tendência para se criarem partidos à margem dos partidos nacionais. O trabalhismo do PTB getulista não funcionou no Estado que tinha maior contingente de operários. Havia o ademarismo. O PSD, partido governista por excelência no período de 1945-1964, também foi fraco em São Paulo. E o PMDB só sobrevive, atualmente, fora do Estado.
Arrisco uma hipótese. Partidos como o PSD ou, agora, o PFL, foram menos agremiações de caráter nacional do que coligações de interesses regionais. Formaram uma espécie de ``frente fisiológica’’ para contrarrestar a influência paulista na economia federal. Os políticos paulistas, com seus ``ismos’’ --ademarismo, quercismo, malufismo-- defendiam a fisiologia paulista contra todas as outras fisiologias estaduais reunidas.
Implantar-se em São Paulo não depende, portanto, apenas de o PFL ocupar uma vaga junto ao eleitorado conservador. Depende de um novo pacto fisiológico, onde a Bahia que lutou pela instalação da Ford se alie aos setores decadentes do empresariado paulista, necessitados de uma ajudazinha federal depois do vendaval da globalização. E --isto aliás já acontece-- de uma aliança com os correspondentes setores do operariado que também sofrem com o processo; ACM e Medeiros defendendo o aumento do salário mínimo é um exemplo transparente do que acontece.
Para essa estratégia, o escândalo Pitta veio muito a calhar.



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