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  15 de julho
  O público e o privado
  A cada dia, surgem novas evidências da ação do ex-secretário-geral da Presidência da República, Eduardo Jorge, em prol de interesses privados e nós, jornalistas, mergulhamos na tensa corrida para desvendar as supostas ligações espúrias do ex-homem forte do Planalto.
Os jornalistas contam com armas de pequeno alcance para apurar os fatos. Enquanto o Congresso pode recorrer às CPIs _uma verdadeira bomba atômica, que derruba sigilos fiscal, bancário e telefônico_, a imprensa dispõe de poucos instrumentos de investigação: contratos em juntas comerciais, documentos firmados em cartórios, ofícios do governo, depoimentos individuais e, naturalmente, o faro jornalístico e a disposição das fontes para ajudar.
Com nossos poucos recursos conseguimos, ainda assim, avançar muito neste caso. Descobriu-se que Eduardo Jorge intercedeu em favor do frigorífico Chapecó durante a campanha para a reeleição do presidente FHC, que se tornou sócio de duas empresas do ramo de seguros e que assessora uma grande empresa de navegação, a Transroll.
Eduardo Jorge é, certamente, o único ex-homem-forte do governo a criar um site na internet para justificar seus gastos pessoais, como a compra do luxuoso apartamento em São Conrado, zona sul do Rio.
Mas nem a exibição de suas declarações de Imposto de Renda restauram sua credibilidade neste momento. As investigações contra ele estão apenas começando e muitas coisas mais virão à tona.
Esta nova crise do governo nos remete para a velha discussão sobre a migração de ex-funcionários públicos para o mercado privado. Chega a ser constrangedora a revoada de executivos do governo para as empresas que costumavam fiscalizar.
A grande maioria só é cooptada pelo setor privado por causas das relações que possui nos órgãos públicos. Basta ver a origem dos diretores institucionais das grandes corporações. São, sobretudo, ex-diretores de autarquias, de estatais e da administração pública direta.
Na semana passada, ouvi de um ex-executivo do Ministério dos Transportes o relato do constrangimento de funcionários daquele ministério ao participarem de reuniões com empresários de navegação. O atual representante do sindicato dos armadores junto ao governo é o ex-ministro dos Transportes Odacir Klein que ocupou o cargo de janeiro de 95 a agosto de 96.
Constrangidos, os técnicos do ministério o tratam de ‘‘ministro’’ nestas reuniões em que ele fala em nome do setor privado. Eduardo Jorge também representou uma empresa de navegação _a Transroll_ nestas reuniões, aumentando o constrangimento dos funcionários público.
É hora de transformar este assunto em uma discussão pública.


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